Pov Richard
22 de março ás 20:03 hrs.
Depois de conhecer a locação da sede do projeto, muito trabalho tinha que ser feito. Além de toda a parte burocrática, tínhamos que arranjar financiadores, professores voluntários e a coisa que mais estava consumindo meu tempo era a reforma e a decoração. Por mais que Ashley tivesse dito que tomaria conta disso pra mim, eu não pude aceitar, já que queria garantir que o local teria a identidade da NYD, e acima de tudo fosse uma lugar que inspirasse quem pisasse os pés lá.
Contratei o mesmo arquiteto que trabalhou na minha academia, e a designer de interiores era uma das mais reconhecidas do mercado nova iorquino.
Ambos foram rápidos em me enviar suas ideias e eu logo pedi que mandassem uma cópia para a Alice. E o que recebi foi a seguinte mensagem: Não. Quero sugerir ideias também.
Fiquei sentado com o celular na mão por algum tempo raciocinando o que ela queria dizer com "Quero sugerir ideias", isso não a envolvia. Mas percebi que discutir seria inútil.
Então respondi dizendo para ela ir na minha casa resolver as divergências, ela mandou um joinha como resposta.
Foi então que ouvi a campainha tocar e abri a porta. Era Alice. Ela usava um sobretudo bege com calças pretas e conturnos. O cabelo ruivo estava amarrado em um coque. Ela estava linda.
Alice: Vai me deixar plantada aqui?
Richard: Não. É claro que não.
Deixo Alice passar. Ela entra um pouco acanhada e coloca a bolsa em cima do sofá e fica observando a casa devagar.
Alice: Essa casa não tem nada a haver com você. O Richard do passado não se contentaria com isso. Ele iria querer a cobertura. O apê com muitos vidros e móveis bem caros.
Richard: Pensei no Richard do futuro quando comprei.
Alice: E o do presente? O que ele acha disso?
Richard: Ele gosta. Se não já teria fugido para uma cobertura luxuosa como você mesmo citou.
Alice: Eu gosto do Richard do presente.
Ficamos se encarando por um tempo, mas logo Isa apareceu e correu para abraçar Alice.
Isa: Alice? O que faz aqui? Não que não seja um prazer te receber na nossa casa.
Alice: Vim a trabalho. — explicou Alice sorrindo.
Isa: Ah sim! Claro.
Alice: Cadê o Erick?
Isa: Ele vive na rua. Está procurando por um emprego decente e pela nossa casa.
Richard: Pensei que minha casa fosse nossa.
Isa: E é. Mas você, apesar de ser o padrinho do bebe, não vai aguentar dois dias quando ele chorar durante a madrugada toda.
Alice: Vai ser o padrinho? Que lindo.
Richard: Ao que parece, sim. Mas talvez Isa me troque por alguém mais rico.
Isa: Deveria mesmo. — brincou. — Mas não vou, porque te amo.
Richard: Também te amo.
Isa: A casa é sua Lice. Fique à vontade. Estou no quarto caso precisarem de algo.
Alice: Muito obrigada Isa.
Isa sorri e volta para o quarto.
Alice: Ela me parece muito feliz.
Richard: Ela está. — digo. — Vou pegar as plantas e um caderno para anotar as alterações que decidirmos.
Alice: Certo.
Alice se senta no sofá e eu vou até o meu quarto pegas as plantas. Ao retornar ela tinha tirado o sobretudo e colocado no braço do sofá.
Richard: Está com calor? Posso diminuir a temperatura, se quiser.
Alice: Não. Está ótimo.
Me sento ao lado dela e abro a primeira planta em cima da mesa de centro e começamos a debater ideias.
~~~~~~
22 de março ás 22:57 hrs.
As horas se passaram e eu e Alice já estávamos no chão, rindo e contando histórias sobre os 10 anos longe.
Isa se juntou um pouco a nós e até nos trouxe cerveja e pediu para bebêssemos com gosto, já que não podia. Mas logo voltou para o quarto, disse que estava sentindo uma cólica horrível e que iria descansar.
Alice me contava sobre uma loucura que ela e as primas haviam feito em um resort na praia, quando o celular dela apitou e ela viu as horas.
Alice: Meu Deus! Já está tão tarde, eu preciso ir.
Richard: Não terminamos de beber nossas cervejas.
Alice: Sabe que não sou a pessoa mais recomendada para o álcool Camacho,
Richard: Eu sei.
Ficamos em silêncio. Um olhando para o outro. Pedindo que alguém criasse coragem de dizer algo, ou simplesmente implorando para que as coisas finalmente se esclarecessem.
Mas tudo o que ouvimos foi a cacofonia de algo se quebrando. E foi então que percebi que chovia, que chovia muito. Os trovões estremeciam a casa e os relâmpagos iluminavam a sala. Em seguida um grito ensurdecedor.
Isa: Rich! RICHARD! ME AJUDA!
Sai correndo até o quarto e ao abrir a porta vi Isa caída no chão, com lágrimas escorrendo e a mão manchada de sangue.
Isa: AAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHH — ela gritou agora olhando pra mão. — MEU BEBÊ NÃO! NÃO, MEU BEBÊ NÃO!
Tremendo e totalmente perdido me aproximo dela a erguendo e a colocando na cama, vi Alice adentrar o quarto desesperada, os olhos marejados, ela tentava se controlar para não chorar. Entendia assim como eu que precisamos dar apoio e força para Isa.
Isa: NÃOOOOOOOOOOOOO... EU NÃO SEI O QUE FIZ, EU SÓ ACORDEI E ...
Abracei minha irmã fortemente, senti minha camiseta sendo molhada por lágrimas de desespero. Ela tremia e a respiração estava ofegante. Isa se agarrava a mim com tanto desespero que os nós de seus dedos estavam brancos.
Richard: Precisamos leva-la ao médico.
Isa: Eu não quero...
Richard: Você precisa.
Alice se aproximou e pegou na mão dela.
Alice: Seu irmão está certo Isa. Precisa ir.
Ela concordou com a cabeça lentamente.
Minutos depois, deixamos Isa com os médicos. Durante o trajeto até o hospital Alice mandou mensagem para o Erick avisando que Isa não estava bem, mas sem dar nenhum detalhe.
Eu e Alice estávamos sentados nos bancos da recepção quando vimos Erick chegar correndo, todo molhado por causa da chuva. Ele parou e não precisou perguntar nada, ele já sabia a resposta. Lágrimas escorreram sobre seu rosto e ele deixou-se cair sobre o chão.
Erick: AI! MEU DEUS! MEU FILHO, NÃO!
Fomos até a ele e o abraçamos. Ficamos os três ali, compartilhando de certa forma da mesma dor.
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Meu Vício-CNCO
FanfictionO Colégio Interno Delacroix, famoso por toda a Europa, chega a Londres. Muito reconhecido pelos alunos exemplares, a cidade inteira logo se agitou com a notícia. É pouco o número de vagas para bolsas, comparado a quantidade de alunos interessados, m...