A Quarta Fase Da Lua (Concluída)

Capítulo XXVIII

Andamos pela cidade, Liam me mostrou o centro de Paris e caminhamos em silêncio na maior parte do tempo as ruas eram estreitas e lotadas, a concentração de sangue e calor que vinha dos ambientes me fez pular para os telhados, a melhor decisão que tomei pois a vista do alto de Paris possuía uma iluminação diferente, amarelada... Era romântico.

Duas da manhã chegamos aos pés da Torre Eiffel, escalamos e a cada metro acima a sensação de poder me consumia, tudo era possível e Liam havia me dado a chance de saber, ele ria toda vez que percebia que estava estudando cada movimento dele, no topo ele abriu sem dificuldade a pequena janela dos 200 metros quadrados da morada de Gustave Eiffel.

- Uau, nunca imaginei que estaria no topo da Torre Eiffel. - Murmurei, ele abriu uma pequena porta e ficamos em uma sacada minúscula olhando o horizonte.
- A nossa existência é puro luxo, não acha?
- Claro que sim. - Um ser celestial permitiria nossa existência? Pensei.
- Adellie, qual o real motivo de ter ido atrás dele? - Não queria contar, mas Liam era meu único amigo agora e precisava dele... Só ele havia me restado.
- Precisava vê-lo, descobrir se ainda o amo ou só estou remoendo algo do meu passado.
- E o que descobriu?
- Eu o amo e isso nunca vai mudar e ele não vai voltar... Não por agora.
- Você tem muito tempo. - Riu.
- Queria que fosse diferente... mas sinto que vou viver em vão, por mais que essa vida seja confortável e carregada de luxo.
- O que quer dizer?
- Liam, temos poderes, somos imortais, o tempo não consegue nos deter, somos perfeitos, capazes de escalar a Torre Eiffel em quarenta segundos e mesmo assim... Não podemos ficar juntos?
- E se fossem humanos, você com câncer e pobre... O que mudaria?
- Ele não iria me deixar, creio, teríamos um fim e poderíamos ser imperfeitos, juntos... O que estamos fazendo agora é só... Não sei o que estamos fazendo. - Respirei fundo um pouco. - Tudo o que soube quando os olhos dele pararam em mim em Volterra era que ele estava apavorado, mesmo por trás daquela máscara impassível, Harry sempre me viu como um anjo imaculado, pedindo para ser tocado e ele como um demônio sádico e experiente, deixando a razão de lado e dando espaço para a emoção, Harry pensa que me tirou do paraíso e que me carregou para a terra, cortou minhas asas e depois caiu na real de que não era tudo o que ele achou que eu merecia, ele nunca parou para me ouvir de verdade.
- E o que ele devia ter escutado?
- Que eu perdi tudo e só me sobrou meu pai, tão triste e vazio quanto eu e que tudo estava cinza e quando eu o vi foi brilho, contraste no máximo, sentir o cheiro que a pele dele emanava foi a pior droga que provei e por mais que ele fosse gelado o abraço dele era o mais acolhedor que senti a anos e com ele do meu lado voltei a respirar, ele me tirou o chão quando confiou tanto em mim que revelou seu segredo mórbido... não sei exatamente quando foi que ele decidiu que não tinha como lutar... Por nós... Talvez ele apenas arrumou um pretexto para ir embora.
- Você está enganada. - Liam murmurou.
- Por quê? Ele estava tão distante, ele me olhava mas não me via... Não parecia feliz em me ver, fui uma tola vindo até aqui.
- Ele não desistiu, Adellie, ele está diferente pois você não deve esquecer que contra os Volturi é impossível lutar, ainda mais sozinho, tiraram a identidade dele, fizeram pensar que aquele lugar é o melhor para ele no momento.
- É, achei que seria mais prático fugir, me colocar nas costas e me esconder. - Rimos.
- Vai ver que o tempo passa de forma diferente e que ele só queria te dar uma vida tranquila.
- E olha só onde estou, recém criada de coração partido e desabafando na Torre Eiffel. - Rimos.
- Adellie, eu sei que quer seguir como humana, mas não vai ser fácil, porque a sua mudança física é completamente notável e vai existir perguntas que só vão sumir quando o dinheiro surgir ou quando você desaparecer, vai precisar manter uma distância segura de quem ama... para sempre.
Sua volta vai te dar muita dor de cabeça e a sua escolha de continuar viva para os humanos é dolorosa, você vai precisar se mudar da casa do seu pai, trocar de curso na faculdade, se limitar na presença dos humanos... A luz do sol, a força, a velocidade e a sua beleza são tudo de melhor que você tem como vampira e também é a sua maldição na frente dos humanos, vai precisar passar mais tempo com pessoas da sua espécie para ir aprimorando com o tempo e isso vai magoar seus amigos e seu pai, quando ver vai ter se passado décadas, você vai sentir raiva por ter perdido tanto tempo tentando voltar a ser humana e logo depois todos que você conhece vão estar mortos e mas precisar ir embora muito antes disso, não vai poder dar um último abraço, não vai poder chorar no enterro, pois você não vai envelhecer e até la todos vão saber que você não é mais humana. É solitário no topo, bom, mas você tem a mim.