Capítulo XXXIII

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Totalmente exaustivo, porem informativo, a aula foi cansativa para o meu mental, não havia outra forma de encarar, todos estavam me encarando o tempo todo e eu finalmente sabia o que os Styles passaram.

Era uma mistura de adoração e medo, eles murmuravam o tempo inteiro sobre a minha aparência e estava claro que agora eu estava totalmente intimidadora, os humanos se sentiam na necessidade de falar sobre mim, de sentir medo, porém queriam ainda permanecer próximos de mim.

Todos queriam que eu os notasse também, inclusive os homens, impossíveis de se controlarem, assédios e tentativas de aproximação foram comuns nas minhas oito  horas de aula e por mais que tudo isso me distraísse das minhas aulas, conseguia falar claramente tudo o que passou pelos meus ouvidos nessas últimas horas, cada sílaba dita pelos professores estavam gravados em minha mente.

Foi ainda mais impossível quando Liam me esperava na porta da RU, ele parecia uma obra de Michaelangelo, pálido como mármore, imóvel e imaculado, quando me aproximei dele, ficamos por poucos minutos conversando na porta, a espera de que o RU diminuísse o movimento, me assustou o incrível número de bissexuais e panssexuais naquele refeitório, ao nos ver adentrando a sala, ouvi ao longe murmurios de excitação, vários batimentos se aceleravam apenas com a nossa presença e isso me estranhou.

- Estavam maldosos e agora excitados? - Murmurei com Liam.
- Sim, porque você está com fome... A presa se sente atraída. - Liam me contou, automaticamente a brasa na minha garganta que antes estava mais fácil de ignorar começou a fazer sua ruína.
- Droga, Liam, preciso sair daqui. - Avisei a ele.
- Desculpe! - Ele disse, porém já havia largado a bandeja e seguido para fora do refeitório, queria chegar o mais rápido possível a mata mais próxima, porém algo me parou.
- Como aceitou ela de volta? - Era a voz de Wayne.
- Por que não aceitaria, filha!? - Do outro lado da linha, a voz masculina exclamou, parecia exausto.
- Porque o fato do acidente falso ser suficiente para manchar o nome da sua universidade!
- Olha, sendo mentira ou não a história, não tenho nada haver com isso, Wayne! - Ele se exaltou.
- Pois, tenho algo haver com o seu interesse, quero fazer uma denuncia de racismo cometido por ela, mais tarde conversamos os detalhes, papai? - Ela desligou o celular e ouvi como se batesse em algo, Wayne estava a alguns metros de longe de mim.

A sede poderia me tornar uma pessoa diferente, eu sabia, a sede poderia me tirar o restante de sanidade que eu tinha, eu sabia, mas pensei que talvez fosse melhor que meus próprios instintos.

- Qual o seu problema? - Em um breve piscar de olhos, Wayne estava sendo encarada olho a olho por mim, ela ainda não teria tempo nem de dar seu primeiro passo ou guardar seu celular.
- O que? - Ela gritou, porém seus corpo todo indicava que ela estava com muito medo.
- Qual. O. Seu. Problema. Comigo? - Disse pausadamente.
- Está maluca? Me perseguindo agora? - Ela se afastou por instinto, porém mantivemos o contato visual. - Pelo visto está, parece completamente selvagem agora! Deveria se olhar no espelho.
- Não perguntei nada a você, além de uma explicação do por que me odeia!
- Isso importa?
- De qualquer forma não, só estou curiosa, talvez seja inveja, é a única explicação.
- Inveja? De você? - O sangue fervia por debaixo da pele de Wayne, minha boca salivou, aos olhos humanos aquilo seria quase impossível de analisar, o coração molhado e forte de Wayne estava batendo e ela se alterou de vez e tentou me empurrar, sem nenhum movimento meu seus olhos se arregalam ainda mais, Wayne era ainda mais magra que eu, porém em um humano algo teria o ocorrido. - Nunca, em toda a minha vida me senti desconfortável na presença de alguém, nunca precisei me humilhar, nunca precisei desputar nada, até você chegar.
- Éramos amigas, Wayne, nunca houve nenhuma espécie de richa entre nós!
- É o que você acha! Com essa pele de porcelana, com seus olhos coloridos, você me roubou alguém que eu amo a tantos anos só por ser você! Até mesmo meu pai está apaixonado por você! Todos só falam de você desde do momento em que você chegou e você é tão comum, tão vazia, tão superficial que o cara mais rico da cidade estava comendo na sua mão! Apenas por você ser... Branca!
- Você me odeia por ser branca?
- Eu te odeio pois entre mim e você, você sempre irá ganhar, não importa o meio.
- Você está com tanta raiva de mim, quando deveria estar com raiva do seu pai por ser um pedófilo, com raiva do Niall por não valorizar seus sentimentos e parar de achar que Harry só me amou por conta da minha cor.
- Por qual outro motivo ele teria inclinado os olhos para você?
- Eu entendo que você talvez nunca tenha sofrido racismo antes, mas a chegada de amigos brancos na sua vida e as escolhas amorosas das pessoas em sua volta, não torna você vítima de racismo! Você é apenas mimada!
- Mimada? Você foi pedida em casamento e mesmo assim, Niall não podia corresponder o que EU sentia.
- E onde entra que isso é culpa minha, Wayne?
- Quando você em todos os momentos seduzia ele, até o ponto dele te agarrar bêbado, se declarar para você, sabe como isso foi humilhante! - Ela estava chorando a esse momento.
- Imagino que tenha sido humilhante sim, mas você está tão cega que não imagina o quão humilhante foi para mim ser assediada e violentada por um bêbado. Mas em qual momento isso me tornou racista? Em qual momento eu disputei Niall com você? Você só está procurando motivos idiotas para me odiar e isso não é mais pauta para mim, Wayne, não depois que quase morri por ciúmes.
- Ei! O que está havendo? - Niall separou e Liam me puxou pelos braços.
- Nada! - Wayne puxou seu braço das mãos de Niall.
- Você precisa ser claro com a Wayne de uma vez por todas, Niall, considero todos meus amigos. - Olhei para a pequena roda de pessoas a minha volta. - Não é justo com ela, não é justo comigo, você ser indeciso e prejudicar a saúde mental de alguém assim!
- Adellie! - Liam sussurrou em meus ouvidos.
- Não! Ele precisa saber! Wayne, não sou ninguém para te informar sobre o que é ou não racismo, jamais julgaria e nem julguei você pela sua cor de pele, muito menos faria com que você se sentisse impotente pela nossa diferença de etnia, só que precisa reconhecer que você é uma pessoa de merda ao ponto de me acusar de ser racista só porque está de coração partido!
- Wayne? - Vanessa murmurou em choque.
- Isso é gravíssimo, Wayne! - Miranda disse em seguida.
- Eu sei, eu sei. - Wayne de pôs a chorar.

Comecei a andar em direção ao meu carro, aquilo havia sido demais para mim, precisava sair daquele lugar, tudo me lembrava Harry, tudo me causava dor.

- Adell? - Ouvi Liam me chamar.
- Me deixe sozinha! - Exclamei. - Preciso caçar!
- Eu vou com você, vamos para um lugar longe daqui!
- Para onde?
- Londres!

A Quarta Fase Da Lua (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora