- Que belíssima surpresa, minha filha! - Meu pai correu ao meu encontro, ainda nem havia se quer fechado a porta do carro.
- Pai! - Exclamei no mesmo tom de alegria, havia se passado quatro dias sem vê-lo, parecia uma eternidade.Conforme íamos nos aproximando, podia ver novas linhas de expressões, novos fios brancos e as famosas manchinhas de velhice nos braços, meu pai me apertou forte, seu cheiro não me deixava mais desconcertada, podia novamente me sentir bem ao lado dele, com meu salto alto ele ficou um pouco baixo e ainda notei que pela reação do seu corpo, ele ainda não estava totalmente acostumado com a minha mudança física.
- Uau, minha filha, está se vestindo como uma Topper Model. - Gargalhei e passei os braços pelos seus ombros gordinhos.
- Obrigada, papai e o senhor não está nada mal hein, não é atoa que a vizinha da frente está regando a mesma planta desde da hora que estacionei! - Cochichei em seu ouvido, ele riu, logo depois ficou pensativo.
- E não é que é verdade! - Ele acenou para ela, disfarçando nosso assunto com um sorriso amarelo, do outro lado da rua a vizinha acenou e seu coração já acelerado ficou ainda mais veloz.
- Ela gosta do senhor! - Acusei, também comecei a acenar para ela.
- Minha menina! - Ele informou ela, como se devesse explicações.
- Linda! - Ela exclamou do outro lado.
- O que é isso? Se explicando a vizinhas? - Provoquei meu pai, ele riu e rapidamente ficou com as bochechas vermelhas.
- Vamos entrar, os vizinhos podem achar que você é algo além da minha filha! - Ele disse para mim, estranhei por um momento pois cresci no bairro, como poderiam pensar isso?Andando de volta para a casa, vi meu reflexo nas janelas da sala, meu cabelo loiro quase platinado, minha pele translúcida, meus novos olhos brilhantes e meu corpo que havia se reformado com a transformação, havia uma vaga lembrança do que fui um dia, meu coração morto sentiu uma pontada fantasma, ele tinha razão, pessoas poderiam estranhar aquela moça tão bela, vestida tão bem com seu scarpan, sua calça cós alta, cropped sem alça e o sobretudo nas panturrilhas, nunca jamais alguém teria me visto assim, se fosse humana.
O cabelo penteado todo para trás, os novos anéis nos dedos e os brincos de brilhantes, aquela era uma Adellie completamente diferente, em Bournemouth você poderia esbarrar com uma mulher assim, uma vez a cada ano, mulheres assim eram mais comuns em Londres ou NY.
Entramos para dentro e retirei meu sobretudo e meus saltos altos, tocaria em um assunto delicado e queria que ele visse em meus olhos a velha Adellie, não a nova tão cheia de ambições e luxúria.
- Quer um café? - Ele perguntou a mim, as únicas bebidas que me agradavam eram aquelas que causavam uma forte ardência na garganta e que também se misturavam com o sangue que tomava a cada dois dias.
- Não papai, obrigada! - Me sentei no sofá e conferi as horas no celular, daqui a uma hora Vanessa e Miranda chegariam da universidade, precisaria ser rápida, me olhei no reflexo da televisão e vi minha postura totalmente ereta, me encostei nas costas do sofá e coloquei minhas pernas encima do sofá, como costumava fazer.
- Bom, você sempre amou meu café, vou pegar um pouco e já volto! - Ele sorriu e saiu para a cozinha, olhei em cada centímetro da casa, meus novos olhos jamais esqueceriam nenhum detalhe, do outro lado da rua a vizinha ainda tentava encarar aqui dentro, ri sozinha. - Qual a graça, menina? - Meu pai veio com o café nas mãos, os dedos frios tentando se aquecer na caneca de porcelana.
- Então é ela? - Perguntei.
- Ela quem? A vizinha? - Ele ficou vermelho, era ela.
- A mulher que você teve dois ou três encontros esse mês! - Acusei tentando manter a postura de uma conversa descontraída.
- As meninas são fofoqueiras, né? - Ele acusou Miranda e Vanessa.
- Elas comentaram que o senhor estava tomando longos chás na varanda e foi até em um restaurante semana passada, com uma mulher ruiva de vermelho. - Ele riu abafado pela caneca.
- Queria esperar ser algo mais sério para te contar, não queria que ficasse triste comigo... - Seus olhos ficaram tristes de repente.
- Tudo bem, seguir em frente... é necessário. - Sorri amigavelmente, ele sorriu da mesma forma.
- Seguir em frente, ela também é viúva, o nome dela é Valentina, tem apenas um caçula que está em Holanda fazendo faculdade. - Ele colocou sua caneca na mesa de centro.
- Isso é bom, ela também está aposentada?
- Ela vai, daqui a dois anos, advogada como eu!
- O assunto entre vocês deve render, hein? - Brinquei. Ele gargalhou.
- Achei ela uma ótima mulher, porém quero ir com calma... Achei ela um pouco ciumenta. - Ele fofocou.
- Pai, acho bom que tenha encontrado alguém para passar o tempo, é importante saber que está seguindo em frente.
- Bom, vi você seguindo, conseguindo amar, estudar e trabalhar e sua experiência quase morte foi horrível, me vi sozinho... Sem um ombro amigo, isso mudou minha perspectiva, você entende?
- Claro que sim, entendo e apoio... Vim pois quero falar sobre algo que não é assim tão fácil de falar.
- Ah não! Notícias ruins? - Seus ombros ficaram tensos.
- Não são ruins, depende do seu ponto de vista... - Deixei vago, ele respirou fundo e o acompanhei também, aproveitei para mexer as pernas um pouco, já estava imóvel a algum tempo.
- Pode falar... - Ele pediu.
- Pai, quero que saiba que primeiramente isso não é algo necessariamente terrível, ok? - Ele acenou com a cabeça. - Estou com uma proposta incrível para ir a Londres, terminar os estudos e trabalhar... Crescer realmente na vida.
- Londres, Adell? - Ele se levantou ofegante.
- Sim, pai, duas horas de distância apenas... - Tentei o acalmar.
- Você me prometeu que não iria embora...
- Não estou indo, só estou me mudando para Londres...
- Olhando assim, parece já ter tomado a decisão. - Ele colocou as mãos na cintura, magoado.
- Sim, já está tomada, só queria que soubesse. - Abaixei os olhos com a vergonha.
- Achei que gostasse daqui, dos amigos que tem aqui...
- Eu gosto, mas tudo mudou radicalmente para mim desde de que aconteceu o acidente e Bournemouth não é mais o meu ideal, não estou diferente apenas na minha aparência, me sinto completamente outra pessoa e essa nova eu precisa de um lugar onde não seja o centro das atenções, não seja julgada apenas por ter amigos milionários, a nova eu precisa de um lugar onde possa viver em paz, se camuflar ou só apenas tentar se esconder de olhos tão críticos.
- Você me disse que jamais me deixaria, estou velho, Adell, envés de ficar comigo irá me deixar só? - Ele estava segurando o choro, me levantei e o abracei, do outro lado da rua a vizinha entrava para a sua casa.
- Não vai estar sozinho, está na hora de casar novamente, achar uma companheira... E sei que Valentina é uma ótima mulher e esposa. - Sussurrei no meio do abraço.
- Não é a mesma coisa, você é minha menininha, está agora realmente se desligando de mim...
- Pai, eu prometo, eu juro por toda a minha existência, nunca passarei mais de uma semana sem vê-lo, pode ir a Londres me visitar a qualquer momento e sempre que eu puder virei passar alguns dias aqui... - Peguei em sua mão quente, minha mão gelada lhe causou um leve sobressalto. - Apenas imagine que fui fazer faculdade em Londres.
- Quer que eu ignore tudo o que passou nesses últimos anos? - Ele estava choramingando.
- Não! Só não quero que se culpe por algo que é o melhor para mim no momento. - Disse a ele.
- Tudo bem, você já tomou sua decisão... E creio eu que os Styles tem algo a ver com isso... - Ele se sentou na poltrona novamente, me agachei ao seu lado.
- Sim, papai, Liam me prometeu um serviço fixo que pode me render duzentos mil euros por ano. - Seus olhos se arregalaram.
- Ele não está fazendo isso por que acha que você daria uma chance a ele, não é? Não poderia deixar que fosse por causa da um cara tentando te comprar com falsas promessas. - Ele ficou sério.
- Não pai, os Styles são como eu, eles passaram por muitas dificuldades e querem me livrar das situações que trouxeram dores desnecessárias a eles.
- Ah menina, Harry ainda não saiu do seu coração... Achei que permaneceria eternamente aqui... aguardando a volta desse rapaz... - Automaticamente fechei meus olhos, a visão de cada traço perfeito de Harry passou pela minha mente, abrir os olhos foi uma batalha dolorida, quando abri meus olhos ardiam indicando que se fosse humana, naquele momento lágrimas estariam escorrendo.
- Acho que Harry jamais vai sair de mim, foram poucos meses de convivência, porém... - Suspirei - Ele literalmente significa para mim o sentido de viver eternamente apaixonada. - Meus olhos estava longe, encarando sem foco as árvores balançarem com o vento do lado de fora da casa.
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A Quarta Fase Da Lua (Concluída)
FantasySaindo de Forks, indo em rumo a Inglaterra, você irá descobrir uma história que também merece ser contada, outro vampiro se apaixonou por uma humana. Adellie vai começar a faculdade na cidade de Bournemouth, ela não se sente significante o suficien...