Capítulo XVII

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Harry foi para Volterra dois dias depois, nossa despedida faltava calor e isso ficou na minha mente pelos dias que se seguiram.

Quarta...
- Você não tem uma ideia do que se trata? - Perguntei enquanto assistia Harry arrumar uma pequena mala de mão para a viagem.
- Não, mas estarei de volta logo. - Harry fechou a mala e sentou-se na beira da cama, onde eu estava, abraçada a um travesseiro.
- Quando voltar vamos acertar as coisa pendentes? Sabe que me machuca suas mentiras. - Pedi.
- Me perdoa, sempre acho que você é frágil demais para o meu mundo, pretendo mudar, eu juro! - Harry acariciou meus cabelos. - Eu te amo. - Harry disse tristonho, mas me deu um pequeno sorriso.
- Eu te amo! - Beijei a mão de Harry e ele beijou minha testa.

Quinta...
Harry não me prometeu contato durante esses dias fora, na quinta segui minha rotina normalmente, pela manhã tomei meu café, tomei meu banho e segui em rumo ao meu estágio, foi um longo dia, e mesmo sabendo que Harry não iria aparecer, passei o dia olhando meu celular.
Pela tarde me encontrei com meus amigos, e voltei para o apartamento sozinha, foi difícil pegar no sono sem Harry por perto.

Sexta...
Nesta dia eu teria aula, o dia passou mais rápido ao lado dos meus amigos, e pela tarde esperei em casa que Harry retornasse, naquele dia fiz uma ligação, mas aparentemente o celular de Harry estava desligado. Pela noite fui para casa, era melhor passar os dias com meu pai até que ele retornasse, deixei um bilhete no apartamento indicando minha localização.

Pela manhã fizemos o melhor programa pai e filha, comer besteira e assistir algo irrelevante, enquanto meu pai assistia, eu colocava em dia meus trabalhos da escola e analisava um documento do estágio.
Dormi mais cedo esse dia após o chá de camomila do meu pai.

Pela manhã tomei café da manhã e estava me sentindo disposta para correr alguns quilômetros, na volta fui com meu pai ao mercado para algumas compras, depois do almoço sentamos na varanda para tomar um pouco de ar, meu pai lia o jornal e eu retomei uma leitura inacabada.
Antes de anoitecer ajudei meu pai a limpar a casa, deitada na cama, Harry me surpreendeu, adentrou a janela e rapidamente fechou a porta, em passos humanos voltou para a janela.

- Oi! - Me levantei da cama e o abracei, o abraço estava mais frio que o normal.
- Oi, tudo bem? - Ele perguntou.
- Tudo, e com você? Como foi a viagem? - Me sentei na cama novamente.
- Tudo, eu preciso resolver alguns assuntos urgentes, então, peço que você fique no seu pai até segunda, não quero que fique sozinha no apartamento. - Ele olhava as árvores.
- Tudo bem! - Senti um bolo na garganta. - Vai sair agora mesmo?
- Sim, nos vemos segunda.
- Segunda? Não vai dormir... Comigo? - Questionei Harry.
- Não posso, como eu disse, vou precisar resolver algumas coisas e isso incluí ficar fora durante a noite.
- Sua família está aqui? - De repente isso veio a minha mente.
- Não. - Harry não havia dado nenhum sorriso, não havia me beijado e iria embora sem me abraçar?
- Tudo bem, até segunda. - Disse a ele.

Harry me olhou por alguns segundos e saltou da janela do quarto, antes mesmo que eu pudesse chegar a janela ele já não estava mais a vista.

Dormi pouco aquela noite, a ansiedade mexendo com meu estômago. 
No domingo fiquei na sala feita uma zumbi, algo não estava certo e algo me dizia que a volta de Harry significava uma mudança.

Novamente dormi muito pouco, Harry não compareceu as aulas de Segunda e pela tarde voltei ao apartamento, quando a porta do elevador se abriu, somente os braços de Harry impediram que as portas se fechassem novamente, todos os móveis cobertos com panos brancos, e não havia mais o piano na sala, Harry entrou comigo no elevador e pressionou o botão T.

- Vamos dar uma volta na praia. - Ele disse.

Meu pés o seguiram com dificuldade naquele poucos metros até a praia, entramos na areia, me recordo perfeitamente da roupa que Harry estava, assim como da vez em que ele havia saído do país, sua roupa era social e seu semblante ainda mais fechado que antes.
Ele caminhou até um lugar afastado, havia pouca visão da rua e o sol não tocou sua pele quando saiu de trás das nuvens, mesmo que fraco.
Harry se virou para mim com o cenho franzido, os lábios em linha reta.

- Por favor, Harry... Fale logo. - Murmurei.
- Adellie, pela sua segurança, pela minha e da minha família, eu preciso dar adeus a você. - Arfei, senti que minha alma foi puxada do meu corpo, meus olhos arderam instantaneamente.
- Você mentiu para mim, sempre soube que não daria certo... Por que mentiu para mim?
- Não menti, me enganei, sinto muito, verdadeiramente achei que iríamos dar certo, mas não somos compatíveis... - Ele não terminou a frase.
- Não...
- Não quero me alongar muito, só quero que saiba que jamais irei te magoar outra vez, pode ter certeza que irá seguir sua vida como se eu tivesse sido apenas um delírio.
- Por favor, não! - Meus olhos marejaram, não conseguia olhar para ele.
- Precisa retirar suas coisas do apartamento, vá morar com seu pai, ele precisa de você.
- Mas você disse a alguns dias que me amava, se cansou de mim?
- Adellie, eu não a amo o suficiente para insistir na relação, você tem suas prioridades e eu tenho as minhas e elas se desencontram, lamento.
- Então suma! - Gritei, ele não se moveu um centímetro.
- Por favor, Adellie, viva por nós dois, construa sua história... Seja feliz. - Ele se aproximou e pegou minhas mãos, as beijou e colocou sobre a sua bochecha fria, Harry alisou meu rosto e beijou meus lábios pela última vez, fechei meus olhos, me deliciando com os últimos segundos.

Quando abri os olhos não podia dizer para que sentido ele havia ido, para o mar? Para a floresta densa? Por instinto corri para as águas que batiam no meu joelho, o bolo na minha garganta se transformou em uma dor que somente as lágrimas podiam aliviar, fiquei olhando mar até que o sol estivesse terminando seu turno, o céu tão belo, rosa e laranjada, a água tão com milhares de cores, tão calma que quase era suicídio continuar olhando.

Me levantei da areia molhada, segui em passos lentos até o apartamento, o síndico me olhou com pena quando entrei no elevador, peguei todos os meus pertences e desci para o estacionamento, coloquei tudo no porta malas e dirigi em alta velocidade para casa, meu pai estranhou quando um carro estacionou enfrente a garagem, quando me recebeu na porta, me derramei em lágrimas, ele me levou até o sofá e me deitou nas suas pernas, chorei tanto que adormeci.

Acordei pela madrugada no meu quarto, minha cabeça doía e ainda sentia areia nas juntas, fui para o banheiro em busca de um banho quente, automaticamente fui retirar o anel de compromisso e ele não estava no meu dedo anelar, o choro veio instantaneamente, me agachei no chão do banheiro misturando as lágrimas com a água quente, os gemidos com o som da água caindo, mas nada aliviava a dor no peito, sai do banheiro pois a água estava queimando minha pele, ainda sim sentia um frio abominável.

Deitei na cama sem me secar e me mantive imóvel por tanto tempo que o céu clareou e só assim o sono voltou, acordei novamente, o sol estava tentando se esconder pelo lado direito da minha janela, meu estômago roncou e a primeira lembrança que me veio foi de Harry, fazendo um ato simples como me fazer companhia enquanto comia, o choro voltou novamente, como ele podia ser tão idiota em dizer que seria como se fosse um delírio?

Fevereiro...

Foi um longo mês, emagreci três quilos e minhas notas baixaram e eu não dormia mais do que cinco horas por dia, comecei a beber com mais frequência, whisky, martini e licor puro, não deixando é claro de ir a faculdade e fazer meu estágio, Harry havia deixado outra pessoa como CEO, um desconhecido.
Todos viam as claras mudanças, mas ninguém era capaz de se aproximar de mim, afinal, todos sabia que o chute na bunda que Harry havia me dado fez até minha alma sair do corpo, voltei ao luto, todos os dias chorava, por Harry, por minha mãe e minha irmã, quando havia tirado a dor com sua mão e quando me deixou tatuou a dor dilacerante em todo meu corpo.

Todos os dias o buraco no meu peito ficava mais fundo e a cada vez que eu aceitava que ele não iria mais voltar, as noites eram mais longas e os dias tristes.

Março...

Meu pai havia aceitado minha atual condição, voltando a ficar em silêncio pela casa já que durante todo esse tempo eu nem se quer ouvia suas perguntas, um eterno transe catatônico, no trabalho passava todo o tempo sozinha e para me ocupar comecei a me afundar nos estudos e no trabalho, eu planejaria meu futuro, mas fiz uma solene promessa de que jamais outro homem iria me iludir, e que se fosse preciso choraria por Harry para sempre.

Abril...

O então tão misterioso CEO da empresa finalmente resolveu dar as caras, e novamente Harry havia mentindo, não havia como fingir ser um delírio, já que Zayn Styles era o meu novo chefe.

A Quarta Fase Da Lua (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora