Melanie 20

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 - Mamãe, Mamãe. Acorda, Acorda.- Grita meu pequeno menino enquanto pula na cama.

Levemente atordoada, me sento sobre o colchão, estava super dolorida já que deixei Pedro dormir comigo. O pequeno se mexeu a noite toda, não parou um minuto, me fazendo dormir em varias posições desagradáveis.

Encaro seus pequenos olhos brilhantes, as meninas se encarregaram de contar a ele que eu ficaria fora por um bom tempo, e que ele vai para Gradara, mandarei meu filho e Barbara para minha casa lá, Levy ira logo após que voltar da missão de infiltração, os dois serão responsáveis pela vida de meu filho.

Hoje minha agenda foi totalmente limpa, minha atenção é inteiramente de Pedro, sei que ele gostou disso, já nem lembro a ultima vez que passamos uma tarde toda juntos. A primeira atividade vou escovar os dentes, ele fez questão de transformar em uma festa, colocou uma musica alta e começou a dançar e cantar, a escova era o microfone e eu a voz segundaria, o vi sorri e cuspir espuma diversas vezes, também não me contive e dancei sem pensar duas vezes.

De dentes limpos descemos para o café da manhã, pedi que todos inclusive Charles sentassem juntos, Todas as mesas do refeitório foram unidas em um grande circulo, Pedro adorou tanto que começou a correr para cumprimentar a todos. Após a baderna causada pelo menor nos servimos, Charles senta a minha direta e pedro a esquerda seguido de John que decidiu ser seu carrapato.

- Foi uma ótima ideia essa de unir todas as mesas.-Comento enquanto misturo uma tigela do mingau preferido de minha copia.- Quem foi o autor?

Charles e John se entre olham.- Por incrível que pareça foi o príncipe.- John cometa com uma leve careta.- Não achei que você fosse gostar tanto, nem você pirralho.- Ele passa a mão bagunçando os cabelos recém cortados de Pedro que resmunga.

- Eu gostei bastante, podia ser assim tooodos os dias.- Ele sorri.

- Lamento mas isso não vai acontecer, então aproveite hoje, será assim no almoço e jantar, a partir de amanhã tudo volta ao normal.- Tento ser gentil.

Os meninos riem da cara de Pedro, e de suas tentativas desesperadas de argumentar comigo, dizendo o quão melhor fica assim. Deixo-o tentar por um tempo, ele para assim que digo que não estou aberta a negociações. Comemos o café na companhia de todos, depois saímos para brincar em seu quarto de brinquedos, Charles e John nos seguem feito sombras.

Meu menino e meu melhor amigo estão sentados no chão fazendo um teatro para Charles e eu, a pequena peça consiste em uma mulher guerreira que tem a missão de salvar o príncipe de um feroz dragão, obviamente que a ideia foi de Pedro, que atua com a Guerreira, com uma espada de madeira na mão ela perfura o "enorme" e "perigoso" Dragão, enfim salvando o acuado príncipe. Junto do príncipe ao meu lado aplaudimos o esplendido show, elogio sua criatividade e a bela ideia do principal ser uma mulher, ele conta que pessoa em mim, e Charles. Com ma falsa ofensa estampada no rosto, o herdeiro do trono puxa o pequeno para o colo, os dois giram pelo quarto, pedro grita e gargalha de alegria, já um John enciumado olha tudo quieto, levemente emburrado por perder a atenção do menino.

- O que foi? Não sabe lidar com mais alguém deixando ele feliz?- Provoco.

- Sei lidar, tanto é que toda a nossa equipe da atenção a ele, mas agora tem mais um, e um príncipe ainda por cima.- Murmura.- Me deixa!- Diz assim que nota que estou me esforçando para não rir.

- Vem cá.- O abraço, seus braços envolvem minha cintura.

- Eu tenho ciumes de vocês, gatinha.- Ele ri enquanto acaricia meu cabelo.- Eu to com muito medo de você não voltar.

- Eu também estou.- Sussurro em resposta.

Charles e Pedro param na nossa frente, ambos com as mãos na cintura.

- Não tem que se preocupar.- Diz o menor.- A mamãe vai voltar. Não vai me deixar aqui para sempre né?

Nesse momento perdi o chão, não sabia mais como falar, John me aperta um pouco mais e logo em seguida me solta, ele se ajoelha na frente de Pedro e começa a falar. Charles caminha e senta do meu lado, me oferecendo a mão caso precise, finjo não notar e presto atenção nos dois a minha frente.

- Quantos anos você tem?- Pergunta meu guarda-costas, instantaneamente Pedro responde que tem 6.- Sabe quantos anos você tinha quando te conheci?- Ele não responde.- 2.

- Isso é há muito tempo atrás!- Exclama.

- Muito tempo certo? Então o que isso significa?- Meu filho fica confuso.- Não sou seu pai ou tio de verdade, sou?

- Não...

- o que eu sou?

- Meu tio, mesmo não sendo de sangue.- Pedro sente uma necessidade súbita de explicar a John.

- E está tudo bem, né?- O pequeno responde um sonoro sim.- Quero que você saiba que não importa o que aconteça, mesmo que você não tenha meu sangue o da sua mãe nesse coraçãozinho lindo, Você sempre vai significar o mundo para mim.- Os olhos de todos se enchem de lagrimas.- E eu sempre, sempre mesmo, vou te proteger, ok? Não importa o que aconteça, nada... Nada vai acontecer com você enquanto eu viver, Não importa o que acontecer com a mamãe, eu vou estar sempre aqui. Você sempre o meu garotinho, Ta bom? Eu te amo muito.- Pedro começa chorar e se joga no colo de John.- Oh... Não chora...

Os dois se abraçam e choram, Meu melhor amigo acolhe meu filho, os dois homens da minha vida me dão a honra de presenciar um momento tão intimo e tão precioso, que perco o controle e começo a chorar também, seguro a Mão de Charles que não tirou de perto nem por um segundo, quando segura meu rosto noto que até mesmo ele se emocionou, o príncipe e herdeiro de Sagaca derrama lagrimas pelo meu filho na minha frente, sinto uma vontade imensa de abraçá-lo e pela primeira vez não a ignoro. Surpreso com minha demostração de carinho repentina, ele demora alguns segundos para retribuir, mas o faz, e me aperta com força, como se eu fosse sumir a qualquer minuto.

E nós sabemos que é possível que isso ocorra se eu sair daqui.

- Minha vez, eu também quero um abraço de vocês dois.- Me solto aos poucos de Charles, ele possui um sorrisinho bobo nos lábios por minha breve demonstração de confiança.

- Vem Mamãe.- John e Pedro abrem os braços para me receber.

Me aconchego com eles.- Eu amo vocês.

- Nós também te amamos, Gatinha.

Procuro os olhos de Charles que respeita nosso espaço e se mantêm longe e quieto. Lanço lhe uma piscadela, e um fino sorriso. Digo um obrigada tão baixo que só é possível capitar o que disse com leitura labial.

Você é minha luz, ou inevitável escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora