Você é minha luz, ou inevitável escuridão

Melanie 4

Então Melanie, onde fico? - O moreno de olhos verdes me encara.

- Aí onde está já está ótimo.- Me recomponho. - É senhorita Griffith para você, Charles.

Ele solta uma risadinha irônica e se senta de costas para mim, me aproximo apoiando a caixa de primeiros socorros na escrivaninha.

- Isso irá arder.

- Já estou acostumado, quer dizer eu senti uma ardência hoje um tempo depois da punição, acho que a minha alma gêmea cuidou dos cortes. - Ele suspira. - Vou me manter na linha, não quero que ela sofra por meus atos, eu nunca tinha me machucado assim antes, espero que ela já esteja bem.

- Já sabe quem é ela? - pergunto com indiferença, enquanto precioso um pequeno pano contra suas costas, ele recua um pouco.- você tem que ficar parado, Encantado. - Finalizo com ironia.

- Não sei quem ela é, mas sei que descobrirei em breve. - ele vira o rosto para mim, me fitando com seus lindo olhos verdes. - Encantado?

- Sim, achei que combina com vossa alteza.

- Então, a senhorita Melanie a lidar de uma organização, nacionalmente conhecida perdeu seus preciosos minutos pensando em um apelido que combinasse comigo, um mero prisioneiro?!- Seu sorriso tem um "Q" de malícia.

- Exatamente, gastei preciosos dois segundos, enquanto limpava seus ferimentos, para elaborar este complexo apelido.- Passo com um pouco de força o pano na ferida e ele faz uma careta.- ops, perdoe -me, Encantado.

- Gosto de como você escapa rápido de situações. - Ele se vira para frente.- você é muito inteligente, gracinha.

- Andou me observando então?- Coloco o pano sobre a escrivaninha e pego os curativos. - Você é tão criativo quanto eu.- Reviro os olhos, belo apelido esse que recebi.

- Uma beldade como você não tem como passar despercebida aos olhos atentos de um príncipe charmoso como eu. - Ele ri, faço um grande esforço para permanecer com o semblante indiferente, termino o primeiro curativo. - Você sabe quem é a sua alma gêmea?

Travo, eu devo responder? Será que falo a verdade? Me viro para procurar a Lilya e ela lê meus pensamentos, me oferecendo um sorriso, arregalo os olhos, a loira gesticula com as mãos, para que eu prossiga e o conte a verdade.

- Sim, eu sei quem é...- Volto a minha tarefa.- Ele ainda não sabe de mim... - Preparo me para a pergunta que sei que vem a seguir.

- Ele deve ser um cara de sorte.- Diz com ironia.

- Esta abusado da sort-

A porta é aberta bruscamente, assustando todos ali presentes.

- Não acredito que vieram sem mim. - A loira mais alta entra com os braços cruzados, visivelmente emburrada.

- Que susto menina.- Lilya a empurra, as suas riem, me volto para frente e o príncipe parece curioso.

- Ah, Charles, deixe-me apresentar minhas queridas acompanhantes, a loira mais alta é a Bárbara, minha enfermeira particular, e a loira com cara de deboche, e a Lilya, minha conselheira. - As duas assentem satisfeitas.

- É um prazer conhecê-lo, alteza.- Bárbara vem até nós.- Quer que eu termine? - Por incrível que pareça ela se dirige a ele não a mim, perplexa vou responder mas sou interrompida.

- Obrigado, mas pode deixar, a Senhorita Melanie está fazendo o trabalho com perfeição.

É cada um que me aparece, noto a surpresa no rosto de Bárbara, que em seguida troca olhares com Lilya, e esboça um sorriso malicioso, quero nem entender essas duas. Termino o último curativo em silêncio, acho que ele percebe que é hora de ficar calado, pois não emite um único som.

- Está feito, espero que melhore.- Digo enquanto me afasto.

- Espera é? Brincadeira. - Ele ri de minhas feições.- Gostaria de conhecer mas das senhoritas.- Ele levanta e faz uma referência desajeitada devido a pontada que sente nas costas, me obrigo a não esboçar uma reação a dor.

- Bem, como a Mel já disse sou a Bárbara, mas prefiro que me chamem de Barb. -A loira diz, noto certa urgência em seus olhos.

- Certo, tenho que dizer que nunca conversei com tantas damas, estou um pouco nervoso. - Ele ri.

- Então o príncipe está com medo de três garotas?- Rio.

- Bem você já me deu motivos para lhe temer, mas é que meu círculo sempre foi muito fechado, normalmente meu pai e homens do concelho, meu vago contato com mulheres, eram as aias, e minha mãe. - Ele ri de algo.- Não conto como contato as cartas e presentes que recebo de algumas das cidadãs.- Envergonhado ele juntas as mãos atras de costas, como se fosse mudar alguma coisa.

- Tadinho, tem muitas admiradoras Encantado? Deve ser difícil ser você. - Reviro os olhos.

- Não estou dizendo que é difícil, apenas que não estou acostumado. - Charles parece profundamente ofendido, surpreendentemente isso me incomoda um pouco.

- De qualquer forma, já terminei por aqui, irei me retirar. - dou lhe as costas

- Vou contigo. - Lilya vem ao meu encontro e me oferece o braço, rimos juntas e vamos em direção a porta.

- Você poderia ficar Barb? Queria conversar mais com você, se não for incômodo. - Charles pergunta olhando para mim.

- Bem por mim tudo bem, né Mel? - Ela me olha.

- Ah, claro. Só não demore para voltar aos seus afazeres e cuidado com o que fala. - Abro a porta.- até mais, Encantado. - Saio com a loira enganchada no meu braço antes de ouvir a resposta.

Estou visivelmente incomodada com a situação, não gosto da ideia daqueles dois sozinhos, sei que Barbara é muito ingenua e pode cair nas armadilhas do príncipe, receio que fale mais do que deveria.