Charles 12

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Saio rapidamente do cômodo, junto às mãos atrás das costas para me deixar mais robusto, e com a aparência invulnerável.
Ando pelo corredor do sexto andar me deparando com uma das salas de reunião aberta.
Aproximo-me calmamente parando na entrada, vejo duas figuras dentro da sala, uma mulher, em pé na frente de um garoto sentando atrás de uma mesinha - Carla e o pequeno Pedro - A garota repara em mim.

- Olá, Charles.- Me cumprimenta com um sorriso.

- Olá, Carla.- Coloco um pé para dentro da sala.- Posso?

Ela assenti, ando calmamente até ele, o pequeno Pedro me fita, me olha em silêncio. Ele enfim quebra o silêncio.

- Terminei senhorita Carla.- Diz Pedro, sem tirar os olhos de mim.

- Está tudo certo, sua letra ficou muito bonita, sua cursiva me impressiona.- Elogia Carla sorridente.- Bom, está dispensado rapazinho.

- Ebaaa.- Exclama a criança.- Muito obrigada pela aula, senhorita Clara.- Ele  despeja um beijo na bochecha e corre até mim.- Venha senhor Charles.- Segurando minha mão Pedro me leva para fora.

Dou um sorriso tímido a Carla, que cai na gargalhada, pelo jeito era normal este entusiasmo do garoto.
Sendo puxado pela mão caminho apressadamente atrás do garoto, que para na frente de uma porta, uma das que havia visto antes, me soltando ele abre a porta.

- Essa é sala de brinquedos, venha entre.- Ele entra correndo, o garoto puxa uma cadeira de uma mesa redonda.

Faço o que pede, sento em uma cadeira ao lado da sua, estava ainda atônito, porém o garoto pareceu não se importar, ele balançava os pés abaixo da mesa.

- Olha, eu sei que sou pequeno, e a mamãe não é de me contar tudo.- Ele faz uma pausa, e semicerra os olhos na minha direção.-Mas eu sei que não estão me contando muita coisa.- O garoto bufa.

- Ei, pequeno, não sou eu quem deve te contar.- Fico na defensiva.

- Nem precisa.- Ele ri, parece se divertir com a situação.- Sei que você é Charles Sagaca, o príncipe.- O pirralho pronúncia meu sobrenome de maneira meio embaralhada.- Eu fiz algumas perguntas a Clara, ela acabou deixando escapar.- Com um sorriso orgulhoso a mini copia de Melanie continua- E o quartel está bem movimentado a três semanas, tanto que a mamãe não me deixa sair deste andar a uma semana, ligando essas coisa, tudo indica que a causa é você.

Fico parado, em choque com a inteligência do menino. Um garotinho de 6 anos conseguiu ligar toda a história e conseguir as informações que queria. Estava recobrando meus sentidos quando ouço palmas vindas da porta, viro lentamente meu rosto na direção do som.

- Esse é o meu garoto.- Diz entre as palmas.

- Mamãe!!- Exclama Pedro ainda mais atônito que eu.

- Ah, Melanie.- Me embaralho um pouco.- Eu não deveria estar aqui eu sei, mas é que-

- Que bom que está ciente disto, porém sei que está é uma artimanha de meu esperto filho.- Declara a morena.- Dessa vez não consigo ficar brava, estou muito orgulhosa do sei raciocino complexo, e capacidade de percepção. Você estudou o ambiente e as pessoas nele por três semanas.- Ela suspira extasiada.- Uma criança da sua idade não teria tal foco.

- Aprendi com você mamãe, lembro de como você analisava as pessoas na reunião dos soldados, nós conversamos depois, e você disse que era muito importante analisar o lugar como um todo.- Ele fala com o se fosse um texto lido, não duvido que tenha sido estas as exatas palavras de Melanie.

Com um aceno de cabeça Melanie se abaixa e abre  os braços, o garoto corre estusiamado e a abraça, a mulher não tirou os olhos de mim, me senti ameaçado, novamente ela deixando claro que não aceitaria qualquer ato contra seu menino. Levanto os braços em sinal de rendição, uma brincadeira com uma seria finalidade, isso parece reconfortar-la, que revira os olhos e esconde um sorriso no ombro do filho.

- Venham vamos comer.- Eles se separam e começam a andar para fora da sala, como fui convidado em levanto para segui-los.

Todos entramos no elevador, A mulher pressiona o botão que da no quarto andar, sentimos um solavanco fraco e a porta se abre, revelando um grande refeitório lotado. Todos viram para nós, Pedro segura timidamente a mão da mãe que caminha a passos largos em direção a uma mesa vazia. Me sinto em uma daquelas entrevista à que ti já que dar todo sábado, inúmeras pessoas olhando fixamente para mim. Mas dessa vez não sou o foco, muitos sequer notam a minha presença, estão ocupados demais admirando sua líder e o pequeno garoto prodígio, alguns batem palmas, outros gritam elogios.
Ela decide dar um fim à desordem, levantando uma mão ela tem o silêncio, todos estão quietos, e todos a encaram.

- Eu me sinto muito honrada em receber está recepção tão calorosa ao refeitório.- Ela sorri, mais palmas.- Prometo me Juntar a vocês mais vezes aqui, tenho ficado muito no escritório e não dado a atenção que merecem, agora quero agradecer a todos os soldados que tem cumprido com seus deveres, quero agradecer a toda a equipe médica por sua excelente conduta, quero agradecer o suporte técnico, cozinheiros, conselheiros e ajudantes por todo o esforço que vem fazendo, não seria nada sem vocês, então por favor um salva de palmas a todos.- O território vai a loucura, batem palmas, gritam, assobiam e batem nas mesas, eu nunca vi um lugar tão enérgico e feliz.- Desejo um ótimo almoço a todos, obrigada pela atenção.

Ela levanta a mão, novamente o lugar cai no silêncio, não diz nada Apenas se senta em seu lugar na mesa vazia, e ajuda Pedro a fazer o mesmo, noto que essa é minha deixa para me juntar a eles. O silêncio é quebrado por conversas calmas e casuais no ambiente, todos sabem o que quer dizer os sinais da líder, me sinto cada vez mais fascinado pela ordem que ela impõe, do que mais é capaz?

Você é minha luz, ou inevitável escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora