Você é minha luz, ou inevitável escuridão

Melanie 21

A porta é aberta bruscamente, uma mulher totalmente fardada entra ofegante, Kelly, ela caminha até mim.

- Por favor, permita me acompanhar-te na missão.- Diz com urgência.

- Por que este tom de desespero Kelly?- Pergunto.

- Eu encontrei um espião...- Todos a encaramos com espanto.- Ele está amarrado no subsolo.

- Pedro, meu menino...

- Tudo bem mamãe, você tem que ir.- Ele parecia bem decepcionado, suas feições tristes faziam meu peito doer.

- Volto assim que acabar.- Olho para John.- Código vermelho B.

Ele assenti surpreso, já fazia tempo que não usava um de nossos códigos secretos, ele pega Pedro no colo e sai do quarto. Irá levá-lo até meu escritório.

❖

Na mesma sala onde me trouxeram Charles pela primeira vez, estava uma mulher acorrentada a uma cadeira de metal. Ela murmurava frases, como, "Não se render", "tudo pelo rei", "minha vida não passa de uma missão". Ela repete e repete tais idiotices, se negando a me responder ou se quer me encarar. Estava me irritando.

Puxo uma cadeira e me sento em sua frente, os braços apoiados em meus joelhos davam suporte a minha cabeça, deixo meu rosto a centímetros do dela, peço que olhe para mim, ela muito relutante levanta a cabeça. Me surpreendo com sua aparência, uma mulher linda, cabelos negros e olhos azuis feito diamantes, um rosto fino com traços delicados. Em outro momento a elogiaria por sua beleza exuberante, mas mesmo sendo extremamente bela não deixo de sentir repulsa por suas palavras. "Vida longa ao rei" diz sem parar, meus ouvidos quase sangram com tamanha estupidez, sinto um desejo cabal de calá-la.

- Acho melhor parar com está poluição sonora, antes que minha paciência se exaure.- Meu semblante austero foi o suficiente para calar a moça.- Vamos lá, você é nova aqui, chegou por volta dessa semana, correto?- Ela não responde.- Melhor me responder, ou eu te deixarei agonizando de dor Até morrer, e jogarei seu corpo na mesa de seu amado rei.

- Correto, eu cheguei a três dias.- Responde gaguejando.

- Posso ver que é seu primeiro trabalho, já que foi pega tão rápido, você não  manteve tempo de contatar o rei sobre nossa localização, teve?- Pergunto, já sabia resposta.

- Não... Não tive, o sinal dos meus equipamentos não pegam aqui, e não encontrei ninguém disposto a me ajudar.- A morena estava decepcionada.

- Sei disso, foi ideia minha, qualquer tecnologia precisa de um chip nosso para funcionar aqui, graças ao transmissor, ele desliga o que vem fora. - Tiro uma mecha do rosto da garota, colocando à atrás de sua orelha.- Inteligente não é? Há mais espiões aqui?

- Não direi.

- Então tem mais... merda.

Me levanto e caminho até Kelly que carrega uma maleta preta, sempre gostei de guardar minhas coisas assim, meus itens mais preciosos se encontram em maletas. abro-a e retiro uma belíssima adaga, incrustado em seu cabo havia um ruby, e um desenho de uma fênix em chamas em sua lâmina.

- Este aqui é um item de colecionador, está adaga está na minha família a gerações, ela acompanhava meu tataravô quando fundou a revolução.- Aliso a lâmina.- Nós a usamos para proteger os nossos, e agora eu vou usá-la para conseguir informações.

A garota dos olhos azuis estremece, seu pé fica inquieto, ela bate e bate no chão, uma tentativa desesperada de se manter calma. Mas eu vejo o desespero estampado em seu rosto.

- Você pode me ajudar, se falar tudo o que eu quero, aí eu te ajudo não te machucando com isso aqui.- Balanço a adaga.- Vamos lá.- Volto a me sentar em sua frente.- A quantos de vocês aqui?

- Não sei.- Ela fecha os olhos, está mentindo descaradamente.

- Ah, poxa. Esperava mais de você.- Levanto seu rosto.- Você é muito bonita sabia, muito mesmo, com lindos olhos da cor do oceano, pena que está contra mim.

O primeiro corte é feito, um simples e limpo em sua bochecha, ela solta um resmungo. Refaço as mesma pergunta três vezes, ela só cede na terceira vez, depois de quase cravar a adaga em sei braço. São quatro contando com ela, quatro pessoas que sabem demais.- Tenho que tirar o Pedro daqui o mais rápido possível.- Pergunto a ela qual era o plano, ela diz que descobri os meus planos e contar ao rei, ela sempre da um jeito de dizer que sua vida é pelo rei, que nós deveríamos tentar entende-lo, como se ele fosse um pobre injustiçado.
Aquela conversa já me tirava do sério, sentia náusea com cada declaração ao monarca, a admiração que havia por ele era doentia, julgava a jovem apaixonada pelo pai de Charles, e esse pensamento só piorou a situação. Não me contive e revirei os olhos de nojo quando a Mulher que se chamava Ketely, me contou que era amante do rei, a garota não tinha mais de 23 anos, ela conta também que a rainha sabe de seu caso com o rei Bertold. Ela admite só ter aceitado vir até aqui como prova de amor.Decido acabar com aquilo, ela estava se humilhando demais, já havia recolhido todas as informações da garota, além de deixá-la bem mutilada, seria cruel demais deixa-la mais tempo sofrendo.

- Bom, você tem duas opções.- Digo novamente em pé.- Ou você aceita passar por uma reabilitação, para tirar essas sua ideias malucas da cabeça. Ou morre.- Sou simples e direta, tiro da maleta uma Pistola qualquer, não dei muita atenção ao modelo.

- E-eu, serei eternamente leal ao que acredito.- Queria parecer decidida, mas suas pernas tremem, escorria sangue de seus lábios, creio eu que ela os tenha mordido.

- Audaz, admiro sua coragem e respeito sua decisão.- Me ponho a sua frente com a arma carregada.- Mas sua existência é um perigo para meu filho, entende?

- Entendo, não faria diferente. vida longa ao rei.- Diz com um sorriso provocativo, ela segura o pingente de um colar que só agora havia notado que usava.

- É uma bela joia.- Penso ter sido um presente do rei, aquele colar me faz ter uma ideia, uma na qual me puxa fortemente para a realidade.- Te darei mais uma chance, quais suas ultimas palavras?- Coloco o dedo sobre o gatilho.

- Você é a mulher mais bonita que já conheci.- Sua alma deixa o corpo, e me sou pega temendo aquelas orbes fascinantemente azuis, as quais me atormentarão pelo resto de minha vida.