Melanie 22

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Fecho lentamente suas pálpebras, para que enfim possa descansar em paz. Pedi a Kelly que leva-se o corpo, ele seria cremado e suas cinzas guardadas.

- Eu quero, o colar inteiro e um dos.- Aponto para um de meus olhos.- Entendido?

Kelly assente assutada, mas não argumenta. Saio rapidamente da sala, tinha que ver meu filho, afinal partiria logo. Entro no elevador com uma sensação ruim, sabia que algo ruim aconteceria e por mais imprudente que fosse, torcia que fosse comigo.

Antes mesmo de abrir a porta de meu escritório ouvia uma cantoria, e algumas risadas, assim que entro me deparo com um príncipe de tutu rosa, e meu soldado mais forte com uma rosa na boca, os dois dançavam valsa juntos, pedro cantava, e Lilya ria sem parar, não consegui fazer nada, além de me juntar a ela. Todos me encaram assustados, Charles exibiam um crescente rubor as bochechas. Meu filho corre e se joga em meus braços, pego-o no colo e peço que me explique o que está acontecendo, o pequeno sorri entusiasmado e começa despejar informações. Sobre ter pedido aos dois que interpretassem os personagens de sua nova peça, ele conta cada detalhe sobre o espetáculo, sua mente criativa não parava.

- Que gentil da parte deles.- Me seguro para não continuar rindo.- Está encantadora Princesa Charlotte.- Digo com uma piscadela, o homem de tutu me mostra a língua.

- Quem mostra língua pede beijo. - Grita Lilya que até o momento estava sentada em uma das poltronas. 

- Vem cá então.- Charles começa a correr atrás de Lilya, que vem a meu encontro e se esconde.- Brincadeira, não fica com ciúmes, princesa.- Dessa vez se dirige a mim.

Arqueio a sobrancelha.- Ah, não precisa se preocupar, encantado.

Pedro corre para o colo de Charles, que o segura fortemente antes de começar a girar. John me lança um olhar, queria saber o que fiz, do porque de ter ativado um dos nossos quase esquecidos códigos pessoais. Faço um gesto com a mão pedido que se aproxime, abro a porta para que possamos ter uma conversa privada. Lilya e John param em minha frente, o soldado fecha a porta assim que pisa para fora.
Conto lhes tudo que me foi dito, conto cada detalhe sobre minha conversa com a garota, procuro não deixar nada de fora, não poderia mandar ao luxo de ser sucinta.

- Com isso, tomei uma decisão.- Suspiro.- Partiremos agora, quero que levem meu filho para um lugar seguro neste momento. Não posso ignorar o fato de ainda haver espiões.

Os dois trocam breves olhares, mas não demoram a aquiescer, não argumentam apenas saem para terminar os preparativos, antes de ir John me entrega a rosa junto a um sorriso reconfortante. Retorno para dentro do escritório, com a flor em mãos.

- Pedro, vá pegar sua mala.- Ordeno, o pequeno desce do colo de Charles e sai correndo. De certa forma, ele vê como uma divertida viajem para casa.- Preciso que vá para seu quarto se preparar, partiremos ainda hoje.- Dessa vez, me dirijo ao príncipe.- Carla irá te ajudar no que precisar.- Dou dois passo para o lado liberando a passagem.

Ele assim como os outros aceita minhas ordens calado, a suavidade já deixou meu rosto, não tinha tempo para ser gentil. Preciso salvar meu filho, preciso salvar meu filho. É o único pensamento que ronda minha mente.
E que egoísta eu sou de pensar assim...

Três demoradas horas foram necessárias para que enfim pudéssemos partir, já estava tudo preparado, e para minha satisfação nada fora do esperado. Charles vestia interno simples e bem passado, ele está preto com detalhes em prata na mangas. Estava igualmente vestida, em um terno feminino. O príncipe mostrava grande aflição com a viajem, e não colocá-lo nessa situação, ele terá de mentir para o próprio povo, e a própria família, por uma causa a qual não tenho certeza se acredita totalmente.
Sou inundada por uma tristeza sufocante ao ver Pedro chorar, meu menino estava com medo, não queria se separar de mim, nem eu dele, o pego no colo e começou a balançar sutilmente, sussurro doces palavras, era mais uma despedida como das outras missões. Porém desta vez eu realmente corro o risco de não voltar, corro o risco dele ficar sem mãe, de novo. Todos já haviam se despedido do menino, que não conseguia segurar suas lágrimas por chegar minha vez.

- Meu pequeno e corajoso príncipe.- Sussurro enquanto ele se esforça para manter os olhos abertos.- Hoje, eu te amo mais do que ontem, porém menos do que amarei amanhã.- Dou um beijo no topo de sua testa, e o deixo nos braços de Bárbara.- Por favor, cuide dele como se fosse seu.- Segurava o choro com todas as minhas forças.

- Sabe que farei isso.

- Sim eu sei.-  Dou um beijo na bochecha dela.- Até logo, vá em segurança.

- Até, senhorita Griffith.- Ela sorri.- Vá e
fique em segurança.

- Faremos o melhor possível para isso.- John chega e me da um abraço por trás.- Lilya nos acompanhará, e Levy junto de Kelly irá com vocês, eles os manterão seguros.

- Tivemos que mudar um pouco os planos, mas o resto sairá como discutimos anteriormente.- Digo, e enfim entro no carro que nos levará ao castelo.

Charles já estava em seu lugar, seu semblante era um pouco obscuro, de uma forma que nunca vi antes. Ele havia pego uma mania minha, a de crava as unhas na palma da mão para se acalmar, ele não fazia isso antes, e chamava minha atenção por fazer, mas cá estava o perfeito príncipe Charles com uma de minhas inúmeras manias, bati em seu pé com o meu, um toque leve apenas para que olhe para mim, ele me dirige um sorriso forçado e começa a fitar a janela. Parecia não ser capaz de manter contato visual, ele na verdade parecia o menos empolgado com a ida ao castelo, claro que não estou verdadeiramente ansiosa para pisar naquele lugar, porém ele parecia querer menos ainda. E por algum motivo isso fazia meu estomago embrulhar, e algo em mim gritava que algo ruim aconteceria. Eu temo pelas nossas vidas....


Você é minha luz, ou inevitável escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora