Acordei muito mas cedo do que os demais, meu cérebro trabalhava a milhão as três da manhã, me fazendo perder a paciência e me levantar resmungando para os moveis, saio do meu quarto no sexto andar a passos lentos e silenciosos, passeio pelo corredor até uma posta entre aberta, espio dentro e vejo que o garoto que habita ali ainda dorme. Mudo meu rumo para o elevador, pressiono o botão e aguardo sua chegada, ele parece subir se arratando pela demora, ou minha impaciência, suas portas se abrem após segundos arrastados, adentro e pressiono o botão do S. A caixa de metal mergulha até o subsolo.
O depósito de armas estava vazio, sem nem se quer uma alma viva além da minha, uma prateleira se encontrava em total desordem, me dando desgosto só de olhar. Porém decido que é um assunto para depois. Ajeito meu adornos e carrego uma pistola desert eagle .50 presa na perna direita, gosto de deixar armas ali, além de carregar um fuzil 16m. Saio do comodo a passos largos, os corredores pareciam assombrados de tão quietos, as paredes vazias me davam a sensação de que se fechavam, o som de meus passos eram a única melodia desta madrugada tão solitária.
Adentro uma sala pequena, onde sei que não serei ouvida. Um dos meus poucos refúgios da adolescência, a saleta aprova de sons onde sempre gostei de atirar, ela é larga com um alvo pintado na parede, sua pintura gasta esta descascando, já está preenchida de várias cavidades feitas por mim e outros aos quais tinham conhecimento de sua localização. Essa sala me trás lembranças frias e dolorosas, meus primeiros tiros foram feitos aqui. Meu pais me deixaram na segurança desta sala quando partiram, uma salinha tão simples tem um significado enorme para mim.
Caminho até o alvo ficar exatamente na minha linha de visão, e disparo com o fuzil, o som ensurdecedor do tiro ecoa em meu íntimo, a bala acerta o centro fazendo com que a parede solte mais poeira, dou então seguimento aos tiros, dando disparos múltiplos. Minha mente tão pesada agora pesa menos que uma pluma. A arma da coices em minhas mãos, conforme os tiros acertam a parede mas próxima de cair ela fica, se despedaçará na minha frente, sinto que se isso acontecer meus problemas serão destruídos com seus restos. Por isso atiro e não paro, aperto o gatilho que solta um som oco, os cartuchos acabaram, recarrego a arma facilmente com a munição guardada em meu bolso. Miro no centro do alvo onde não se vê mais a tinta vermelha, apenas um furo que da visão a sala ao lado. Recomeço com a destruição, quando comecei a disparar cada bala tinha um significado, dor, perda,medo, solidão, angústia, raiva, culpa, frustração. Mas agora elas enviam um único significado, desespero, é como se estive dando tiros no escuro e apesar de acertar a parede, sinto que errei, e contínuo errando. Não sei como acertar, minhas pernas fraquejam então desabo no chão sem forças para continuar batalhando contra meus demônios.
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Você é minha luz, ou inevitável escuridão
FantasyEm um mundo onde você sente todas as dores que a sua alma gêmea sente. A líder de uma revolução - que luta dia após dia pela igualdade - descobre sua inesperada ligação com o filho do rei. Sua ligação com o príncipe, colocará a prova de se é capaz o...