𝗩𝗶𝗼𝗹𝗲𝘁𝗮𝘀 ❁ Severo Snape

capítulo 17

xvii. o homem

Snape finalmente respondera às suas cartas. Nelas, ela parecia normal. A letra não tremia, Não haviam sinais de lágrimas ou molhado nelas. Porém, quando ele chegou à sua casa, ela pôde perceber que as cartas destoavam completamente da realidade.

Como Violette era uma pessoa que desde sempre sentiu as coisas à flor da pele, ela sabia ler como ninguém as emoções de alguém. E hoje, fora de seu corriqueiro estado impassível, Severo parecia estar exausto, no mínimo. Olheiras evidenciavam péssimas noites de sono. Ele também parecia atormentado por algo, mas que, sendo ele, não iria contar; parecia irrequieto, turbulento, com sensações se misturando em seu interior; parecia com medo e com dor; parecia desconcertado, mas, mais que tudo, decepcionado.

Ela achou que o melhor jeito, de início, era não cutucar a ferida. Deixou ele entrar, deixar as coisas na porta, e disse que serviria-lhe um chá. Ele sentou no sofá e ficou esperando ela voltar. Quando Violette chegou da cozinha trazendo, numa bandeja, um bule de chá e um prato de biscoitos, ela o viu encarando o antebraço esquerdo. Desviava o olhar dele para o chão. Ela sentiu pena. Ele estava realmente mal, não sabia nem para onde olhar. 

Violette descansou a bandeja na mesa de centro e sentou ao lado dele no sofá. 

- O que houve? - ela lhe perguntou docemente.

Ele finalmente pareceu perceber que ela estava ali. 

- Não, nada, só que... - Ele suspirou. - Tive uma péssima noite de sono. 

Violette o encarou doce. 

- Três péssimas noites de sono - ela palpitou. 

Ele a olhou incrédulo.

- Tenho experiência em noites de sono ruins - ela disse. - O que é que está te incomodando? 

O olhar dele voltou ao antebraço. 

- Coisas... do meu passado...

Ela reparou no olhar ao mesmo tempo constrangido e recluso dele. Era um assunto doloroso. 

- Entendo. O passado às vezes machuca. Mas não precisamos falar dele, se não quiser. 

Snape a olhou agradecido. 

- Vamos, me conte o que está pensando em fazer nessas férias.