xv. gatos, ratos, cobras, olhos e ônibus
Violette se remexia na cama. Ela sentiu algo estranho no cheiro do ar, e abriu os olhos. Ela não reconhecia seu quarto. O quarto em que estava era muito mais escuro, e as cobertas da cama eram negras, o ar estava frio e pesado...
Ela se levantou e foi para a porta. Ficou encarando o corredor, deserto, os quadros magicamente pintados na parede parados como se tivessem sido petrificadas.
Violette ouviu ecos de vozes, e foi andando pelo corredor. Ela se deu conta de que estava em uma casa grande e escura, e as fracas luzes pálidas das velas tremeluziam no frio do ambiente. Ela seguiu pelo corredor, até que avistou a última porta no final dele: era uma dupla de carvalho, e estava aberta. Dentro dela, uma comprida mesa se estendia pelo cômodo e muitas pessoas se sentavam em luxuosas cadeiras ao entorno dela.
Havia muitas pessoas na mesa. Mais de dez, com certeza. Mas ela não conseguiu ver o rosto de de nenhum: estavam todos borrados.
Ela também não conseguia ouvir a conversa: as vozes das pessoas eram sobrepostas pelo silvo alto de uma cobra, que serpeava pela superfície lisa da mesa. Ao animal passar, as pessoas se encolhiam em suas cadeiras e removiam os braços da mesa. A cobra dava voltas e voltas na mesa enquanto as pessoas conversavam, com as expressões fechadas. Como Violette sabia disso? Ela não tinha ideia...
Ela conseguia entender algumas das palavras que as pessoas de preto diziam: "Morte, ataque, Lorde, ataque, Ministério..."
Mas então, ela o ouviu. A voz inconfundivelmente fria, grossa, profunda e impassível de Snape estava conversando com os demais na mesa. Mas, mesmo sob a voz dele, Violette não conseguia ouvir nem distinguir as palavras que ele dizia. O silvo da cobra o encobria.
Até que a cobra virou sua cabeça para o corredor e ficou encarando o espaço onde Violette estava. Ela ao mesmo tempo parecia fixar seus olhos em Violette e perder sua visão além de onde ela estava. Com esse estranho comportamento do animal, algumas pessoas da mesa começaram a olhar para o corredor, o que chamou definitivamente a atenção do homem que sentava ao pé da mesa, mas que estava encoberto pela parede, e que Violette não via, mas tinha certeza que estava lá. E também tinha certeza que era o homem das mãos pálidas dos seus antigos pesadelos.
Ele sibilou algo para a cobra numa língua que Violette costumeiramente não entenderia, mas ela compreendeu. O homem perguntou à cobra o que havia acontecido, e ela respondeu: "Acho que vi intrusos, senhor"
Violette soube que o homem empalideceu, mas manteve a postura. Era como se ela conseguisse ver além da parede, ou como se sentisse o homem. E ele, sobre o comentário da cobra, respondeu para ela, na mesma língua de silvos: "Vá ver"
Ela foi. A enorme cobra desceu da mesa e foi na direção de Violette no corredor, e ela percebeu como a cobra era muito maior do que parecia ser. Ela veio se arrastando sinuosamente até Leblanc, que começou a suar frio. A cobra chegou a seus pés e mirou o corredor atrás de Violette. Ela não viu nada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝗩𝗶𝗼𝗹𝗲𝘁𝗮𝘀 ❁ Severo Snape
Hayran Kurgu𝗩𝗜𝗢𝗟𝗘𝗧𝗔𝗦 | ❝ Severo Snape gostava de violetas. Mas as suas flores preferidas eram os lírios ❞ 𝗛𝗮́ 𝘁𝗿𝗲̂𝘀 𝗮𝗻𝗼𝘀, o Lorde das Trevas caiu, e o menino-que-sobreviveu... bem, sobreviveu...