-Esses garotos estão em todo lugar! - Aurora resmungou, vendo-os alguns metros à frente. Estava com Camila, no Catuaí Shopping, já que a mesma queria visitar algumas lojas para renovar o guarda roupa.
-Que garotos? - perguntou.
-Os mesmos que invadiram a minha casa e que encontrei quando fui buscar Isac no Hospital Abandonado - a ruiva respondeu.
-Ah, os tais caçadores de lendas - Camila disse - O que será que pensariam ao descobrir que você é uma?
-Eu acho que eles ficaram com medo de mim - Aurora murmurou.
-É, você causa esse efeito nas pessoas - Camila concordou e a ruiva lhe olhou indignada - O que foi? Sabe que eu tenho razão.
-Vamos logo - agarrou o braço dela e a puxou para uma loja.
No fim da tarde, voltaram para o bar de Inês.
-Acho que poderíamos brincar com esses garotos - Inês comentou, depois de ela contarem que haviam os encontrado novamente no shopping.
-Como assim? - Camila perguntou.
-Eles não gostam de caçar lendas? - Inês emendou - Poderíamos enviar um pequeno relatório. O medo é algo interessante de ser visto - as duas mulheres assentiram.
Naquela tarde, Aurora transformou-se em matinta e voou até o endereço que Manaus havia descoberto ser o deles, carregando em seu bico o tal relatório que Inês havia montado.
Não havia ninguém no lounge, então, entrou e colocou o envelope sobre o sofá, antes de ir embora.
Minutos depois, Renato e os meninos entraram na sala. Conversaram por alguns minutos e começaram suas gravações, até que Miguel encontrou um envelope em um tom escuro de vermelho.
-Da onde veio isso? - Renato o pegou e virou o envelope - Não tem remetente - comentou e o abriu, tirando um pedaço de pergaminho.
-Isso é pergaminho? - Boquinha se aproximou.
-Tem coisas escritas - Thiago disse, pegando o pergaminho - Cuca: uma feiticeira que dorme apenas uma noite a cada sete anos que é conhecida por raptar crianças que desobedecem seus pais.
-Saci Pererê: um menino negro que habita florestas e conhecido por pregar peças nas pessoas, dotado de apenas uma perna, pode ser visto como um redemoinho - Léo leu o próximo parágrafo.
-Iara: foi assassinada por seu noivo e lançada ao mar, mas os peixes não permitiram que morresse, a transformando em uma sereia e lhe dando o poder de atrair e enfeitiçar os homens e os levarem para o rio, os afogando - Renan leu o seguinte.
-Boto cor-de-rosa: Sai das águas durante as festividades de junho, assumindo a forma de um homem muito bonito, vestindo-se de branco e usando um chapéu para esconder o orifício utilizado para a respiração quando está na forma de boto. Seu principal objetivo é escolher a moça mais bela das festas, engravidá-la e abandoná-la - foi a vez de Miguel.
-Curupira: É o protetor das matas e não pensa duas vezes em defender o seu lar e os animais que lá vivem. Possuiu diversos artifícios para enganar os caçadores, deixando-os perdidos nas matas, sem saber como sair. Faz uivos e assobios semelhantes a lobos, o que às vezes lhe fornece o apelido de demônio - Boquinha emendou.
-Tutu-Marambá: Irmão do Bicho-Papão e do Boi-da-Cara Preta, assume a forma de um porco do mato, e considerado o senhor dos terrores noturnos - Renato leu - Espera...
-Aquele dia na casa da Matinta - Thiago completou - Será que... - esfregou seus braços - Chega a arrepiar.
-Tem o último tópico - Renan disse, pegando o pergaminho - Matinta Perera, uma garota morte pelo próprio pai que foi salva pela floresta, transformada em um pássaro responsável por anunciar a morte, capaz de moldar ondas sonoras a sua própria vontade, além de possuir o dom da hipnose.
-Tem um bilhete no envelope - Léo avisou e lhe entregou para Renato.
-Eles estão entre nós - Renato leu - São reflexos dos erros humanos. Venham, queridos, estaremos esperando.
-Quem será que enviou isso? - Renan perguntou - Parece uma provocação.
-Parece? - Boquinha perguntou - Mas, eu estou disposto a ignorar.
-Vamos pesquisar mais sobre isso - Renato disse - Deve ter algum motivo dessa pessoa ter nos mandado isso.
-E vamos nos afundando cada vez mais - Thiago cantarolou.
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Continua...
