Estou torcendo para o Iberê

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Foi questão de minutos até Aurora acordar e quase derrubar Inês com o susto. Seus olhos ainda estavam brancos e uma leve brisa ventilava a sala.

-Está tudo bem, passarinho? - Inês perguntou.

-Estou tonta - resmungou - O que aconteceu?

-Você matou o Capelobo - Renato respondeu, enquanto a ruiva desceu da maca.

-Bom, fiz um bem para a humanidade, então - respondeu e pegou uma dose de whisky.

-Bom, Aurora está de volta - Inês comentou, se afastando.

-Quem trouxe a minha moto? - perguntou e Boquinha ergueu a mão - Valeu, vou caçar - deixou o copo sobre a bancada e saiu da sala.

-Caçar o que? - Thiago perguntou.

-Alguém para morrer - Inês respondeu - Ela faz isso para espairecer.

Foram apenas cinco dias depois que tiveram notícias de Aurora, quando já estavam no sítio dos caçadores montando um acampamento.

-Bom dia! - ela acenou e olhou em volta - Lugar legal - comentou.

-Onde esteve? - Renato perguntou.

-Voando por aí - ela deu de ombros.

-Vai ficar? - Thiago emendou.

-Aquela árvore é minha - apontou - Fico de olho em vocês durante a noite - piscou e se afastou.

-Eu não sei se me sinto seguro ou acho um risco - Renan comentou, vendo a ruiva escalar uma árvore com facilidade.

No meio da noite, Renato, Thiago, Boquinha e Renan decidiram gravar um caçador, e a ruiva ficou com o restante dos meninos no acampamento. Até que, depois de alguns minutos, ouviram tiros vindos de dentro da mata e os outros voltaram correndo.

-Tem alguém na mata atirando na gente - Renato avisou, apontando as lanternas para a direção da qual tinham vindo.

-Vão embora! - a pessoa gritou.

-Ele não vem - a ruiva avisou, calmamente, e outro grito pode ser ouvido.

-Vou matar vocês!

-Nego, desliga as lanternas - Renan pediu e Aurora levou as mãos a boca, fazendo um som agudo em um ritmo que só ela sabia o que significava.

-O que está fazendo? - Brendo perguntou, escondido sob a mesa.

-Chamando ajuda - ela respondeu e suas asas saíram de suas costas. Quase instantaneamente, um homem com cabelos pegando fogo passou por eles, e um homem com aproximadamente 60 anos saiu da mata, caminhando tranquilamente.

-É só para assustar? - o homem perguntou.

-A primeira ideia é essa, Sr.Antunes - a ruiva respondeu e o homem assentiu, lhe entregando seu chapéu, antes de sua pele começar a se desfazer, dando lugar a um corpo em putrefação e começando a se rastejar pelo chão, em direção a mata.

-Vou matar vocês! - o homem gritou novamente, sem se dar conta das entidades que agora estavam dentro da mata.

-Pode vir! - a ruiva respondeu no mesmo tom e Iberê gritou de dentro da mata, dando sinais de seu cabelo flamejante enquanto corriam.

-O que vai acontecer com o cara? - Gui perguntou.

-Se Iberê achar dele, só duas opções - ergueu um dedo - Ou ele te caça, ou te aceita - numerou - Trabalha com extremos. Se o Sr.Antunes o encontrar, talvez ele tenha mais chance - acrescentou e um tiro soou, e atingiria Renato, se a ruiva não tivesse colocado uma de suas asas na frente dele, fazendo a bala ricochetear - Estou torcendo para o Iberê - ponderou e o homem gritou novamente, mas dessa vez de pavor - Acho que alguém o encontrou - cantarolou despreocupadamente, não se abalando com os gritos, enquanto os meninos cobriam as orelhas com as mãos.

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