Tem medo do escuro, Renato?

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-Ai, Aurora! - Manaus reclamou, depois da ruiva lhe dar um tapa na nuca.

-Eu deveria estourar seus tímpanos, seu projeto de golfinho - a ruiva rosnou.

-É por isso que eu gosto de você, passarinho - Inês passou a mão pelo cabelo dela - O que você tinha na cabeça, Manaus?

-Álcool - Tutu respondeu por ele.

-A ideia era nos misturarmos, não era? - Manaus perguntou - Estou fazendo isso.

-Com um filho nascendo por mês - Camila resmungou.

-Qual o problema? Eles vão morrer em, no máximo, 110 anos, e nós ficaremos aqui, vivos, vai saber Deus até quando - Manaus respondeu - Claro, se a nossa querida matinta não destruir essa realidade.

-O assunto aqui é você - ela retrucou, indo até o bar e pegando uma dose de whisky - Seguinte, como ele não escuta, estou indo embora. Qualquer coisa, sabem onde me encontrar - saiu do bar com seu capacete. Subiu em sua moto e saiu em disparada pelas ruas de Londrina, parando em um restaurante para almoçar.

Naquela noite, Inês lhe ligou para dar jeito em Isac, que estava em um hospital abandonado, assustando os visitantes.

Ela pousou e se transformou em humana. Arrumou sua roupa, afastou seu cabelo do rosto e entrou, passando tranquilamente pelos corredores, até encontrar um grupo de rapazes alguns metros à frente. Apurou sua visão e os reconheceu como os tais "caçadores de lendas" que haviam invadido sua casa no dia anterior.

-Boa noite! - ela cumprimentou passando por eles e seguindo seu caminho.

-Desculpa - se virou ao ouvir uma voz - Mas, o que está fazendo aqui?

-Procurando um amigo - ela respondeu, simplesmente - E vocês?

-Gravando para o meu canal - outro respondeu - Um quadro de terror chamado "Caçadores de Lendas" - se aproximou - Renato Garcia - lhe estendeu a mão.

-Aurora - apertou a mão dele.

-Esses são Thiago, Boquinha, Renan, Léo e Miguel - apresentou seus amigos.

-Prazer - ela sorriu brevemente e um vento estranho atravessou o corredor - Isac - resmungou baixinho.

-O que? - Renan perguntou.

-Nada não - ela dispensou - Bom, preciso ir, foi um prazer conhecer vocês - se virou para sair, mas Renato segurou seu braço.

-Você vai sozinha? - perguntou - Aqui é perigoso a noite.

-Tem medo do escuro, Renato? - ela encarou e seus olhos violetas brilharam de um jeito estranho.

-Eu... - foi interrompido por outra ventania.

-Que droga é essa? - Thiago resmungou, mirando sua arma.

-Às vezes pode ser divertido caçar lendas, mas podem não gostar do que vão encontrar - comentou e se desvencilhou dele, virando e começando a caminhar - Tenham uma boa caçada - desejou e desapareceu na escuridão.

-Ela me deu arrepios - Boquinha comentou, esfregando os braços.

-Vamos atrás dela - Renato afirmou, preparando sua arma.

-O que? Tá louco, nego? - Léo perguntou - Vai saber quem é esse amigo dela.

-Não vamos saber nunca se não a seguirmos - Renato retrucou - Vamos, ela foi em direção ao necrotério.

Chegaram ao necrotério em minutos, e a mesma ventania pode ser sentida. Viram a ruiva parada no centro do local, conversando com outro rapaz.

-Isac, o que nós te dissemos? - ela perguntou calmamente.

-Algo que tinha como objetivo acabar com a minha diversão? - Isac respondeu - Esses lugares são um parque de diversão quando o assunto é travessuras. Deveria tentar, Aurora. O passar dos anos estão te deixando ranzinza.

-Valeu pelo elogio - ela agradeceu, sem alterar seu tom - Agora, vamos embora ou eu vou ter que chamar a Inês?

-Você não seria capaz, não é? - ele perguntou, parecendo apavorado.

-Nana neném, que a Cuca vem pegar... - ela cantou, mas Isac cobriu os ouvidos.

-Tá bom, eu vou com você - ele cedeu, emburrado.

-Ótimo - a ruiva sorriu - Vamos.

-Desliguem as lanternas e se escondam - Renato disse, vendo os dois caminharem na direção deles, para subirem a rampa do necrotério. Depois que os dois desapareceram na escuridão, eles religaram as lanternas.

-O que será que eles são? - Thiago perguntou - Eles passam uma sensação estranha.

-É algo que precisamos descobrir - Renato afirmou.

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Continua...

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