Q U A R T O

1K 137 31
                                    

Sofia:

Ok!

Aquele pedaço de homem não flertou comigo não é?
Não surta, Sofia! Não surta!

Alex é um pecado de homem, aquele padrão que muitas mulheres ficam loucas:alto dos ombros largos, olhar penetrante e sensual, sorriso safado e modesto ao mesmo tempo, sem falar nos músculos que ostenta no corpo, sem nenhum exagero. Sim, eu sequei o meu paciente, não sou cega. Não poderia ficar tão perto de um homem como ele e não observar bem. Quando tive que fazer os curativos em seu rosto eu fiquei bem próximo dele. Ele me deixou desconcertada, não parou de olhar pra mim.

Mas só em pensar que ele transou, ou transa não sei, com Milla se vai todo o meu encanto. Não quero ficar com o resto dela. Sei que não mereço ficar com migalhas. Ela anda bem sorridente esses dias, falando ao telefone o tempo inteiro, eu aposto que ele é o motivo. Então é melhor eu tirar o meu cavalinho da chuva,antes que enferruje.

Entre mim e ela, ele a preferia mil vezes.
Todos fizeram isso.

Depois de horas de plantão, eu vou pra casa, descansar o meu corpo, tirar o cheiro de hospital dele. Tenho hoje a tarde e amanhã para descansar. Mas como se já é do meu conhecimento, surgir alguma urgência no hospital, e eu ser chamada, tenho que ir.

—Um bom descanso Sofi!

—Obrigada, e um bom trabalho pra você Eme.—Me despeço com um aceno.

Caminho até o ponto de ônibus mais próximo, pego a condução que me deixa o mais próximo possível de casa. O resto do percurso eu vou a pé mesmo,queimar algumas calorias. Logo estou em casa. O som de conversas e risos vêm de lá de dentro, indicando que estão todos provavelmente na mesa, almoçando.
Abro a porta, que já estava encostada e vou entrando.

—Oi filha!—Meu pai se levanta para me abraçar e beijar o meu rosto. Ele não parece se importar com o cheiro que o ar condicionado deixa na minha roupa. Retribuo o abraço e também beijo o seu rosto.

—Oi papai.—O meu pai é a pessoa que eu mais amo no mundo. Foi o que restou da minha família feliz. Ele é tudo que eu tenho na vida.

—Está cansada do trabalho?

—Um pouco.—sorrio amarelo. Eu estou realmente cansada, minhas costas, pernas e braços pedem descanso.—Vou tomar um banho e já desço pra almoçar.

Não falo nem com Carmela e nem com Milla. Só faço o caminho até o meu quarto.

Retiro as minhas roupas e entro no banheiro. Só há dois quartos com banheiro na casa, o que meu pai e a mulher dormem e o meu. Milla até que tentou ficar com o meu quarto, mas nem por cima do meu cadáver que ela se apossaria do que sempre foi meu. Deixei bem claro que no meu quarto ninguém mexia, e meu pai concordou comigo. As duas queriam agir como se a casa fosse morada delas a muito tempo, querendo até mudar na decoração. Eu fiquei acuada no início, mas não ao ponto de agir como a Cinderela.

Eu arrancaria Milla daqui de dentro, se ela ousasse se apossar do meu refúgio.

Depois do banho me sinto renovada. Com minha barriga roncando, implorando por um pouco de comida eu desço. Ocupo meu lugar na mesa e começo a me servir. Coloco no meu prato tudo que eu gosto, sobre o olhar das duas ratazanas. Não tô nem aí, eu como mesmo, afinal fui eu que comprei a maior parte dos itens.

—Ah mãe, a senhora não sabe da novidade que eu tenho para lhe contar.—Milla começa, deixando seu prato de lado. Ostenta no rosto um grande sorriso.

—Conte-me rápido, não me deixe curiosa filha.—Duas cobras.

—Eu também estou curioso para saber.—Diz meu também, também tomado pela curiosidade.

Sem escapatória. (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora