⩩ 𝗈 𝗉𝗈𝗋𝗍𝖺-𝗆𝖺𝗅𝖺𝗌

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Personagem: Lee Know.

A princípio, pensei que por falha minha eu estava acionando o botão do porta-malas nas minhas chaves acidentalmente no bolso, sabe o controle do carro para travar e destravar o abrir o porta-malas, sempre joguei minhas chaves na mesa da cozinha e pensei que o impacto do meu andar com o controle no bolso que o acionava, parecia plausível na minha opinião.

Nem sempre fui a pessoa mais cuidadosa do mundo, tudo começou em um dia quando liguei o carro para ir trabalhar; feche o porta-malas apareceu no meu painel, revirei os olhos apenas com o simples pensamento de que tinha que sair no frio congelante de novo só para fechar meu porta-malas, estava aberto apenas um pouco, quase nada, fechei e não pensei nada sobre isso pelo resto do dia.

Isso começou numa segunda-feira, eu tinha um horário de trabalho muito rígido e estava de folga todas as terças e quartas, trabalho muitas horas então tento aproveitar ao máximo meus dias de folga, gosto de ficar em casa e principalmente só relaxar, normalmente não vou a lugar nenhum a menos que seja necessário; é seguro dizer que o fato do meu porta-malas estar aberto já havia sido esquecido há muito tempo na quinta-feira.

Naquela manhã de quinta liguei o carro para aquece-lo enquanto pegava o resto das minhas coisas; peguei minha mochila na mesa, uma garrafa de água fresca e minhas chaves na mesa na cozinha, e quando entrei no carro verifiquei meus retrovisores, me certifiquei de que nenhuma das luzes do painel estava acesa e pisei no freio, era um carro automático, então tudo que eu precisava fazer era colocar no câmbio no D e dirigir, mas nesse momento o aviso fecha o porta-malas ficou no meu painel novamente; aborrecido, saí pra fechar, estava apenas ligeiramente aberto, só quando eu voltei para o carro é que me lembrei que a mesma coisa aconteceu dias atrás, eu ainda tinha a razão de ser meu hábito desajeitado, admito, foi a primeira vez que pensei que algo estranho poderia estar acontecendo, foi um pensamento besta na melhor das hipóteses, quando cheguei no trabalho o porta-malas aberto já havia sido esquecido por mim mais uma vez.

A sexta e sábado de manhã foram exatamente iguais, só no sábado à noite que comecei a pensar mais sobre aquilo, passei horas pensando no que poderia ser, mesmo com todos os sentimentos excessivos e desconfortáveis estava tentando entender eventualmente, mas simplesmente adormeci.

Domingo de manhã enquanto arrumava minhas coisas para sair para o trabalho não consegui encontrar minhas chaves, sempre o mantive em um conjunto extra no fundo a gaveta de cima da minha mesa da cabeceira, comecei a arrancar tudo em pânico quando não conseguia encontrá-las, nunca me atrasava para o trabalho e nem poderia, eu desisti do conjunto extra e decidi continuar procurando pelas minhas normais; as encontrei no bolso do capuz que estava usando quando eu voltei para casa no dia anterior, irritado com minha falta de responsabilidade mais uma vez saí de casa com pressa, estava com tanta pressa que nem percebi que meu porta-malas estava fechado pela primeira vez desde segunda-feira.

Domingos eram meus dias curtos, entrei uma fora mais tarde do que normalmente entro e duas horas mais cedo do que normalmente saía, esse dia foi como qualquer outra dia, cheguei em casa e verifiquei se o carro estava trancado, coloquei cuidadosamente as chaves na mesa, liguei a tv e adormeci no sofá. Acordei por volta das nove horas da noite pois estava morrendo de fome, dormi durante o tempo em que costumo preparar o jantar, e eu não ia fazer uma refeição inteira as nove horas da noite; decidi ir até a lanchonete no fim da rua e comprar um hambúrguer, peguei minha jaqueta, meus sapatos e minhas chaves na mesa. Descendo as escadas para chegar à minha porta fui dominado por uma sensação de pavor, eu parei na minha porta da frente e percebi que não tinha saído a noite desde que meu porta-malas começou a abrir aleatoriamente, eu nem mesmo abria meu porta-malas, eu só continuava fechando todas as manhãs.

Meus pensamentos começaram a dominar minha mente, suponho que a escuridão fez tudo parecer mais sombrio, não achei que nada sinistro estivesse acontecendo até aquele momento, e dizem que você deve sempre ouvir seu instinto, estou feliz por ter feito isso; eu fui até o meu carro mas dessa vez verifiquei o porta-malas primeiro, estava ligeiramente aberta, liguei o flash do meu celular, recoei e abri o meu porta-malas. Apontei meu celular e parecia vazio, abaixei-me para olhar para dentro mas fui pego de surpresa por um leve brilho, olhei novamente e vi uma lente, apontei a luz do meu telefone para ela e percebi que era uma câmera, ao lado dela estava meu molho extra de chaves, eu as tirei e coloquei em cima do carro, eu nem verifiquei o resto do porta-malas; fechei, tranquei meu carro e voltei para dentro de casa com a câmera e minhas chaves.

A câmera de vídeo estava desligado mas tinha um cartão SP, eu retirei e coloquei no meu notebook, minha tela estava cheio de fotos, eram fotos minhas, havia centenas de fotos minhas tomando banho, comendo, assistindo tv, dormindo, algumas fotos eram inocentes mas a maioria invasiva, fotos que nunca deveriam ter sido tirados, momentos que deveriam ser particulares.

Alguém estava me persiguindo.

As datas das fotos eram de meses atrás, liguei para a polícia e mostrei tudo à eles, pegaram o cartão e fizeram uma busca completa em minha casa, quando revistaram meu carro foi quando tudo se juntou.

Alguém tinha feito um buraco na parte de trás do meu porta-malas e estava morando dentro dos bancos traseiros, eles também descobriram que a pessoa havia instalado pequenas câmeras em volta da minha casa, ele estava me perseguindo por meses mas nunca percebi até que ele começasse a colocar as câmeras, ele pegou meu molho reserva de chaves quando isso começou, e é assim que ele entrava e saía, uma pessoa meticulosa e fria, seu objetivo final segundo a polícia era me sequestar um dia no meu caminho para o trabalho, ele planejava me tornar refém, não gosto nem de pensar no que ele planejou fazer depois.

Isso me deixa doido até hoje, e não é preciso muita imaginação para saber o que ele planejou fazer, deixar o porta-malas aberto foi um acidente, ele começou a ficar desleixado ao montar as câmeras, sair do porta-malas e se escondia atrás da minha casa até eu sair, então entrava e instalava as câmeras certificando se de sair antes de eu chegar, ele acabou deixando o porta-malas aberto provavelmente pensando que fechou silenciosamente. Se ele tivesse certificado de que estava fechado teria escapado. Dizem que ele fugiu assim que encontrei a câmera, ele devia estar por perto porque o porta-malas estava aberto quando saí, se eu estivesse esperado apenas mais alguns dias não estria mais aqui hoje.

Depois de toda essa situação bizarra peguei meu carro e atravessei o país, mudei meu nome e comecei uma nova vida, algumas pessoas que me conheciam antes disso acontecer dizem que exagerei ao ir tão longe ao ponto de mudar meu nome, discordo, alguém foi inteligente o suficiente para me perseguir todo os dias durante meses sem meu conhecimento dentro da minha própria casa, alguém foi inteligente o suficiente para sobreviver dento do meu carro sem dar qualquer tipo de suspeita, se alguém foi inteligente o suficiente para fazer isso eu tenho que ser mais, tenho que estar um passo à frente até que o encontrem, continuarei a viver o estilo de vida que tenho, vou manter esse novo nome e manter esse novo emprego, vou continuar "exagerar".

As vezes me pergunto o que teria acontecido se eu tivesse verificado o meu porta-malas muito antes, porém honestamente talvez as coisas pudessem ser evitadas se eu apenas não esquecesse de trancar a porta da frente regulamente.

𝐏𝐄𝐓𝐈𝐓𝐄𝐒 𝐇𝐈𝐒𝐓𖣠𝐈𝐑𝐄𝐒 𝐃'𝐇𝐄𝐔𝐑𝐄 𝐃𝐔 𝐂𖣠𝐔𝐂𝐇𝐄𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora