⩩ 𝗈 𝖺𝗍𝖺𝗅𝗁𝗈

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Personagem: Kim Seungmin

A minha caminhada para o trabalho é sempre a mesma, isso até que descobri um pequeno atalho algumas semanas atrás, é meio que uma jóia escondida pois além de ser um caminho mais rápido ele é bem mais tranquilo e agradável; o acesso a ele é escondido por árvores e folhagens que impedem de ter uma visão clara da estrada, o que significa que muitas pessoas parecem não saber que aquilo existe, na verdade, desde que eu descobri só vi duas outras pessoas usando o caminho.

A primeira pessoa que encontrava ao passar no caminho era um senhor idoso, o homem alto que sempre usava o mesmo casaco preto e chapéu surrado, todas as manhãs ele exibia um sorriso e fazer um aceno educado de reconhecimento para mim antes de continuar e dizer "bela manhã para um passeio tranquilo amigo!". Eu sempre dou um sorriso caloroso em resposta e desejo a ele um bom dia antes de continuar minha caminhada.

Um pouco mais adiante no caminho sempre encontro a segunda pessoa uma jovem estudante, não prestamos muita atenção um ao outro principalmente porque ela está sempre ocupada cantarolando enquanto anda com seus fones de ouvido; depois de passar por ela não vejo se quer uma outra alma viva até sair do caminho e voltar para a estrada. Então, é assim que tem sido o meu trajeto matinal nas últimas semanas, exceto ontem.

Ontem de manhã foi diferente, começou o dia como qualquer outro, fui até a entrada escondida na esquina da minha rua, andei pelo caminho gramado e encontrei o idoso como de costume, ele me deu o seu sorriso habitual e acenou com a cabeça mas dessa vez ele esqueceu de falar sua frase, ele sempre me cumprimentava com sua saudação habitual desejando um passeio tranquilo, mas não fez isso dessa vez. Depois de um tempo esperei encontrar a jovem para o caminho da escola como sempre, no entanto, quando cheguei ao local onde normalmente nós íamos cruzar ela não estava em lugar nenhum; eu não achei muito estranho, imaginei que ela provavelmente estava doente ou algo assim, então continuei andando, foi próximo da saída do atalho que eu ouvi algo que me perturbou.

No começo pensei que fosse o vento, então não pensei muito até que ouvi o som pela segunda vez, parei e ouvi com atenção, era baixo mas eu definitivamente podia ouvir alguém chorando; tentei desesperadamente encontrar a direção do barulho mas não consegui, lentamente enquanto ouvia atentamente o choro começou a diminuir à medida que ficava mais silencioso e suave até que nada pudesse ser ouvido, exceto o som suave das árvores balançando por causa da brisa da manhã.

Eu fiquei ali em silêncio enquanto pensava sobre o que poderia ter causado aqueles sons perturbadores, tive arrepios enquanto considerava as possíveis explicações sombrias por trás daquilo, o que quer que eu tenha ouvido foi perturbadora e eu não queria ficar por lá, saí correndo e terminei meu trajeto em ritmo de corrida.

Como você pode imaginar fiquei pensando sobre isso pelo resto do dia, no trabalho não parava de pensar no som de choro, deveria ter feito mais do que apenas ficado parado, eu deveria ter feito algo pra ajudar, qualquer coisa, se eu não tivesse com tanto medo na hora tenho certeza de que teria feito algo. Fiquei relutante em contar isso para mais alguém por vergonha, e de qualquer forma talvez minha imaginação estivesse simplesmente me pregando peças; com medo evitei o caminho silencioso em minha volta, lutei para dormir naquela noite com culpa e preocupação na cabeça, levei horas antes de finalmente cochilar. Na manhã seguinte acabei acordando 15 minutos depois do meu alarme, pretendia evitar o atalho mas não havia outra escolha senão usá-lo se quisesse ter alguma esperança de chegar ao trabalho a tempo. Saí com pressa e entrei no atalho.

Por ter saído tão tarde, cruzei com o velho de casaco preto e chapéu surrado mais cedo do que o costume, ele parecia amigável como sempre, um sorriso e o aceno de cabeça como o esperado.

- Está tudo quieto de novo! - ele disse, eu dei um sorriso em resposta e continuei andando.

Demorei alguns passos antes de registrar o que ele havia dito e o que aquilo poderia significar, não tinha me dado conta inicialmente mas agora eu sentia um pavor real na boca do meu estômago, diminui a velocidade da minha caminhada e gradualmente parei.

- O que ele quis dizer com isso? - de repente silêncio.

Os passos do homem também pararam, lentamente virei minha cabeça; ele estava de frente para mim, apenas parado, no entanto ele agora parecia diferente, seus olhos estavam fixos em mim intensamente, um sorriso malicioso cresceu em seu rosto, algo nele havia mudado; ele segurou, erguendo lentamente uma mão decepada, estendeu o dedo indicador da mão com unhas pintadas, levou até seus lábios e fez sinal de silêncio.

𝐏𝐄𝐓𝐈𝐓𝐄𝐒 𝐇𝐈𝐒𝐓𖣠𝐈𝐑𝐄𝐒 𝐃'𝐇𝐄𝐔𝐑𝐄 𝐃𝐔 𝐂𖣠𝐔𝐂𝐇𝐄𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora