8 - Avalanche

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Bom dia passageiros, antes de decolarmos peço que todos verifiquem a segurança de seus forninhos, por em caso de "turbulência, existe o risco alto de caírem...

Brincadeiras a parte, comentem, votem, divirtam-se...




Aquela segunda era um tanto quanto única para Sofya.

Ela nunca havia visto a neve pessoalmente, apesar de ser um sonho desde pequena, e ainda assim, se sentia no pé de uma montanha, vendo a avalanche vir em sua direção, apenas esperando o impacto.

Como todos os dias, antes do café Sofya levantava e trocava de roupa, não gostava de passar o dia todo de pijama, mesmo que não fosse sair de casa. Ainda que fosse o começo da semana, ela ligou para a prima pedindo que a cobrisse durante um dia ou dois. Durante a confusão no restaurante no outro dia, ao levar o soco, Sofya perdeu o equilíbrio e foi ao chão, no momento seu corpo estava quente, mas no dia seguinte ela sentiu dores no seu braço direito, pois instintivamente o usou para aparar a queda.

Seus músculos estavam extremamente doloridos, e ela quase não conseguia formar uma abertura de 90° com o braço. Seria impossível dirigir ou trabalhar daquele jeito. Por isso, combinou com a prima de trocar as tarefas, Sofya durante aquele tempo ficaria com o trabalho mais burocrático, ligações com os fornecedores e etc, e Vanessa cuidaria dos projetos e supervisão dos trabalhos.

Ao se preparar para seu dia de home-office, após resolver o que ia vestir, ou melhor, o que conseguia vestir sozinha, Sofya olhou para o espaço praticamente vazio do seu closet, ocupado agora apenas com três peças de roupa que Alex havia deixado na noite anterior, quando chegaram de viagem.

Ela nunca soube que três simples peças de roupa pudessem ter tanto poder.

Naquele instante, a mente de Sofya relembrou todos os ótimos momentos ao lado da outra naquele fim de semana, viajando durante os três anos de amizade que tinha com Alexandria, relembrando momentos que mesmo sem os carinhos ou beijos, traziam o mesmo sentimento 

Sofya nunca procurou saber muito sobre, mas acreditava ter uma atenção muito seletiva, uma espécie de filtro para informações. Relacionamentos nunca foram um foco, então ela acabava quase nunca prestando atenção no assunto. Até aquele momento... A resposta não era tão difícil assim de se obter.

Preocupada em "vender" para o mundo um relacionamento, ela abriu um pouco seus sentidos, expandiu seu foco, e como consequência, começou a sentir tudo que estava guardado. Era muita informação, pequenos momentos, gestos, ao longo de toda a amizade que ela precisava avaliar.

Sofya não queria bater o martelo assim logo de cara. Podia ser bem "lerda" quando o assunto era sentimento, mas ela conseguia ligar os pontos bem... Dizer que estava apaixonada pela amiga era precipitado demais ainda, seu cérebro extremamente racional não a deixava. Por outro lado, ela não podia negar que havia um sentimento muito forte ali, algo além de uma simples amizade.

— Alexandria, Alexandria... Só você pra me confundir desse jeito...

Apesar do suspiro longo, Sofya continha um sorriso largo no rosto.

[---]

— O que está fazendo aqui?

— Uma prima não pode se preocupar com a outra? - Perguntou se fingindo de ofendida -

— Pode admitir que só veio aqui para ver meu olho roxo.

— Mesmo me ligando, sabe que eu me preocupo, e por isso vim te ver pessoalmente, o olho roxo foi só um bônus. Aconteceu alguma coisa? Já é quase meio dia e ainda está de pijama...

Amigas e... Casadas?Onde histórias criam vida. Descubra agora