O Retorno

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#Nick#

Estava feliz, passara os últimos 3 dias levando Lyra à exaustão repetidamente, ela porém havia cedido e aceitado o casamento antes do pôr do sol naquele mesmo dia.

_ Nervosa ?_ perguntei quando estacionei o SUV na rua, perto  do apartamento de Lyra.

_ Não, indecisa._ ela respondeu._ Preciso encontrar um lugar pro Linus, ele já está velhinho mas está comigo a tanto tempo, não posso abandona-lo._ completou, era compreensível.

_ Linus ?_ perguntei, decidi não contar a ela por enquanto que era eu na sua casa dias atrás, não queria deixá-la assustada.

_  O cachorro que o meu pai me deu quando eu era mais nova._ disse ela.

_ Podemos resolver, não se preocupe querida. Eu tenho muitos funcionários humanos, algum vai poder cuidar do Linus._ disse, mas sentia pelo cheiro dela que essa não era sua única preocupação._ Tem outra coisa?

_ Eu recebi uma mensagem da minha mãe ontem, estou com medo que ela venha para cá e eu acabe atacando._ ela disse saindo do carro e se encostando na porta.

_  Eu entendo sua preocupação, eu vou garantir que isso não aconteça, pequena._ disse com a feição mais confiante que consegui fazer, porém não havia nada no mundo que eu não faria para aquela mulher. Como se a declaração invocasse algum mal antigo, o cheiro pungente chegou a mim.

_ Achei que não voltaria mais Lyra, seu pai deve estar se revirando no túmulo por ter uma vadia na família._ ouvi a mulher esbravejar para minha metade, meu sangue ferveu nas veias.

_ Seu vício não faria revirar no túmulo mãe?_ ela respondeu, confusão me tomou, aquela mulher além de não ter semelhança nenhuma com Lyra, não tinha o cheiro dela, nada que indicasse algum parentesco.

_ Cale a boca menina malcriada. E você._ disse ela apontando para mim._ Agora que já se divertiu com ela, vá embora, ela tem um homem de verdade esperando._ completou Jules.

_  Com todo respeito senhora Adams, eu não estava me divertindo com sua tão competente filha, ela viajou comigo a trabalho, o qual ela faz muito bem._ disse, esperava que fosse o certo não contar sobre minhas pretensões para aquela mulher desagradável._ Eu posso garantir como o mais satisfeito dos patrões que pai desta moça só tem motivos para ser orgulhar._ completei, vi com superioridade a mulher ficar envergonhada e se afastar, o cheiro nela começou a incomodar.

_ De qualquer forma eu trouxe uma visita para você._ ela disse._ Lucas está esperando no seu apartamento, ele quer você de volta e você vai voltar.

_ Eu sou adulta e não tenho que ceder as suas vontades pra ter o seu afeto._ ela esbravejou, eu sentia a raiva fluir dela, como a minha própria, o cheiro de lobisomem estava impregnado naquela mulher._  Mas que cheiro é esse ?_ perguntou, mas ela sabia, tão bem quanto eu sabia que precisava tira-la dali.

_ Senhorita Jones, temos uma reunião em alguns minutos, temos que ir para o escritório, preciso de você nessa._ disse sem me alterar.

_ Claro, me desculpe._ ela disse se acalmando, queria abraça-la mas a situação ficava mais urgente a cada minuto. Ela se virou para entrar no carro novamente, mas no último segundo olhou para cima, para a sua janela, o homem estava lá, lobisomem, e pelo cheiro era um puro sangue. Não foi rápido o bastante, quando me dei conta Lyra já estava subindo as escadas, a segui, grato por minha mulher não ter sumido em um borrão veloz.

_ Eu quero você fora daqui Lucas._ ela disse furiosa, o homem a olhou como se visse um fantasma.

_ Quando você se transformou em vampira Lyra ?_  perguntou._ Quero você longe da minha mulher, eu paguei por ela e não vou perde-la pra um vampiro imundo._ completou. Toda a história começou a se encaixar como um quebra cabeças bizarro, não importava o quanto me custasse mas não deixaria o homem levá-la, jamais.

_ Ela é a minha destinada, você não tem direito a ela, não me interessa se deu dinheiro a parasita Jules pra ter vantagem sobre ela._ disse me colocando a frente de Lyra._ Fora que, como parte do meu clã e com o meu sangue correndo nas veias, ela vai viver séculos além de você.
Não era sábio desafiar um lobo, nem qualquer sobrenatural, mas estava com a razão, o homem queimava em ira crua, quase a ponto de se transformar quando Jules entrou.

_ Agora que se reencontraram podem continuar de onde pararam, até apostaria que ela ainda é virgem._ disse a mulher.

_ Você me vendeu ?_ Lyra perguntou, precisava fazer algo.

_ Você tinha que servir pra alguma coisa, seu pai decidiu morrer e me largou com você, eu nunca quis você._ ela disse com frieza._ Mas é tarde pra lamentar, Lucas vai levar você e seu chefe vai embora agora mesmo._ completou, vi os olhos de Lyra marejarem, meu coração se partiu com a imagem, a levaria pra casa comigo, imediatamente.

_ Lyra, vamos embora._ disse._ Essa mulher não é sua mãe e o cheiro que sentiu era sexo, recente, o cheiro de um está impregnado no outro._ disse temendo deixá-la pior, mas era necessário, ela se virou incrédula.

_ Não é minha mãe ?_ disse baixo.

_ Seu pai já tinha você quando se casou comigo, idiota sonhador._ disse a mulher, Lyra cheirava a perda, dor.

_ Por favor, me tire daqui._ Lyra disse se colocando contra o meu corpo, buscando conforto, abracei-a em resposta.

_ Não tem nada que queira levar ? Não vamos voltar aqui outra vez querida._ perguntei ignorando o casal. Lyra foi até o quarto e voltou com uma caixa imensa nas mãos.

_ É só isso, vamos._ disse saindo do apartamento comigo atrás. Me virei antes de segui-la, olhei para os dois com asco, Lyra era uma alma tão pura, não os merecia.

_ Se chegar perto dela outra vez nem o conselho vai ser capaz de proteger você._ disse e virei-me para a mulher._ E já que confirmou que ela não é sua filha, suas dívidas e vícios deixam de ser problema dela. Ela merecia mais do que ser criada por alguém como você._ disse e saí.
Não precisava ser um gênio para ver que ela estava frágil, precisava de mim e seria o amparo que ela precisava, o porto seguro e o ombro para ela chorar. Dirigi de volta para o clã preocupado, mesmo que não planejasse levá-la lá ainda, queria colocá-la no colo e enxugar suas lágrimas.

Parei o carro depois de passar pelos portões, ela estava incomodamente quieta, mas cheirava diferente, posse, talvez predominância. Voltei a atenção para onde ela estava olhando, Mikaela e Christopher caminhavam para fora da floresta, sai do carro pronto para a surpresa que a filha teria em ver a cópia fiel de Agatha e caminhei até eles segurando Lyra pela mão.
A menina se casaria no dia seguinte e os preparativos estavam sendo feitos, estava radiante, ia falar quando Mikaela me abraçou, o coração do meu neto batia forte no ventre dela.

_ Que bom que você…_ ela começou a falar mas parou abruptamente, foi rápido demais até para os sentidos apurados da espécie, Lyra se colocou entre nos e estapeou o rosto de Mikaela. Todos os vampiros do clã olharam imediatamente e Chris com os olhos vermelhos e feição raivosa se colocou na frente da sua metade.
Mikaela andou contornando o corpo dele e colocou as mãos contra o peito do homem, balançou a cabeça e voltou sua atenção para mim.

_ Que bom que voltou e trouxe sua metade com você, pai. Sei que voltará a ter a felicidade que merece._ disse ela e caminhou para dentro da casa com o noivo ao seu lado, protegendo-a com a vida. Sabia que minha filha não seria precipitada e entenderia os motivos mas o ato desrespeitoso traria conflitos ao clã, Lyra precisaria de uma punição, por mais que fosse contra a idéia, era necessário.

_ Deus, o que eu fiz, é a sua filha ?_ ela disse envergonhada, burburinhos eram ouvidos dos outros vampiros.

_ Mikaela e Christopher, vão se casar amanhã._ disse._ Sei que vai se opor a isso e eu realmente não tenho escolha mas o que você fez foi grave e precisa de uma punição, outros no seu lugar seriam mortos, sua posição como minha metade é tudo que te salva agora querida._ completei. Ela me olhou com medo, lamentei mas se não o fizesse geraria conflitos internos e o clã poderia ruir, estava dividido, a felicidade e o dever.

#continua#

O Clã Northson- NICK    Onde histórias criam vida. Descubra agora