O Clã Northson- NICK

O Abrigo

#Lyra#

Os últimos três dias haviam sido os mais confusos da minha vida, sempre fui inteligente, com respostas na ponta da língua, mas agora não tinha a menor ideia do que havia acontecido, do que ainda estava acontecendo.
Estava no carro com o motorista que Nick chamara de Gustav, indo rápido pelas ruas secundárias de Portland , até ele parar frente a um bar ainda aberto.

_ Senhorita, venha comigo._ disse o homem saindo do carro, eu o segui, os saltos batendo no piso de pedra. Contornamos a grande estrutura do Northern's Children Bar, entramos por uma porta lateral e Gustav pediu que eu esperasse. Saiu e voltou em pouco tempo e entregou a mim uma chave.

_ Suba a escada, abra a porta e fique lá, tranque tudo. Tem suprimentos e tudo que possa precisar, se acomode e espere Nick, ele vai responder as perguntas que você tiver._ disse e saiu sem me dar tempo para dizer qualquer coisa.
Subi as escadas mal iluminadas até a grande porta de ferro que o homem tinha dito, abri e tranquei depois de entrar, pelo tato encontrei um interruptor na parede e me surpreendi com o lugar, era amplo e todo decorado em tons de cinza, tirei os sapatos e caminhei até a parede oposta, olhei pelo vidro de que era feita toda a parede e vi as pessoas lá embaixo bebendo e dançando, alheias a mim.
Sentei e esperei como fora dito, os pensamentos me deixando nervosa demais pra qualquer outra coisa, me sentia um cordeiro indo para o abate.
Fiquei por alguns minutos até o tédio se apossar de mim, levantei e fui explorar a casa, Gustav estava certo, a casa estava toda abastecida como um esconderijo ou algo do tipo, estava vasculhando um quarto quando ouvi a porta se abrir.

_ Lyra?_ reconheci a voz de Nick. Medo me tomou de repente, lembranças do que ele dissera e da tal Sirena. _ Você pode vir até aqui Lyra? Vou responder suas perguntas._ ele disse. Ainda amedrontada caminhei até a sala, vagarosamente, descalça mas ainda com o mesmo vestido.

_ Quem é você?_ perguntei._ Quem é ela ? E o que vocês são?_ disse encolhida, meu corpo se arrepiou de frio e o envolvi com os braços, o casaco havia sido esquecido no carro graças ao meu nervosismo. Olhei para cima, para o rosto bonito do homem, era preocupado agora, abatido, os grandes olhos azuis estavam mais escuros.

_ Por favor não tenha medo de mim, Lyra._ disse ele cabisbaixo._ Sente-se e eu vou te contar._ falou caminhando até a parede de vidro da sala de estar.

_ Eu ainda não decidi se posso confiar em você._ falei sincera.

_ Eu não condeno sua dúvida. Meu nome é Nicholai Vitan Northson, e eu já não sou humano a 300 anos._ começou._ A mulher que ameaçou você é igual a mim, uma vampira.
Senti o chão desabar sob os meus pés e minha respiração falhou, impossível, vampiros eram mito.

_ Isso é impossível._ declarei.

_ Eu também acreditava nisso quando estava naquele navio infestado de varíola, mas eu estava errado. A questão é que isso não é tudo, Lyra._ ele se virou tirando o paletó e a gravata._ Sirena virá atrás de você._ disse.

_ E por que ela faria isso?

_ Porque você é a minha metade destinada, ela sabe que não pode me matar mas pode me destruir se conseguir matar você._ disse.

_ Mas como? Eu e você mal nos conhecemos._ falei confusa, haviam mais perguntas agora, estava consternada. Como? Como minha vida tinha acabado assim?

_ É o destino, todos tem uma metade em algum lugar no mundo, até os humanos mas eles conseguem continuar vivendo se ela morrer, não é assim com a minha espécie._ disse ele._ Esperamos quanto tempo for, porque não há felicidade maior do que estar com a alma que completa a sua
Eu não sabia se devia acreditar em algo do que ele, meu chefe, estava dizendo mas o olhar na sua face não era de quem estava brincando.