26 | Uma noite no terraço

5.9K 476 65
                                    

Quando chego em casa depois de fugir da mãe de Josh, abro a porta com cuidado para não fazer barulho - não quero falar com a minha mãe também.

Mas piso numa tábua velha, que range assim que o faço.

- Any? - a voz dela preenche o cômodo.

"Tábua idiota" xingo em pensamento.

- O que você quer? - pergunto.

- Conversar.

- Não.

Passo direto por seu corpo, mas ela agarra meu pulso com habilidade, me impedindo de seguir meu plano original. Depois, calmamente anuncia:

- Eu paguei a fiança de Josh.

Sem pensar muito, caio na gargalhada e me solto de seu toque:

- Você? Duvido.

- Sim. Fui eu. E também o coloquei de volta na escola, como você solicitou.

Encaro-a, perplexa:

- E por que diabos você faria isso? O que ganhou dessa vez?

- Any, você não precisa me perdoar. Eu sei que errei - suspira. - Mas naquela semana em que você ficou trancada chorando no quarto e me repreendeu, eu percebi que tinha de fazer algo. Filha - ela hesita. Eu havia dito para não me chamar mais assim. - Esse garoto... Josh. Ele vale mesmo tudo isso?

Eu não sabia, mas não podia arriscar admitir isso a ela e acabar botando Josh no reformatório novamente.

- Sim.

Ela assente:

- Nesse caso, eu espero que ele lhe faça feliz. Não vou mais interferir, mas já tive meu coração partido, e sei como pode ser ruim. A dor nos corrói - ela coloca seu braço carinhosamente no meu ombro e fico tensa com o gesto. - Não faça bobagem.

Já fiz.

- Sei me cuidar, mãe.

Me assusto ao perceber que ultimamente as mentiras saem tão fácil quanto ar da minha boca.

Estou no meu quarto ouvindo música quando Saby envia uma mensagem de texto, me convidando para uma festa com seus amigos. Não conheço os "amigos" dela, mas de qualquer maneira não estou afim de festejar, então digo que fica pra próxima.

Mas Saby é a pessoa mais insistente que já vi.

Ela envia uma sequência infernal de mensagens, me forçando a aceitar o convite.

Às vezes tenho vontade de matá-la.

Escolho uma camiseta simples e uma calça jeans. Não me dou ao trabalho nem de passar um gloss, com sorte a festa não vai durar mais do que uma hora.

A festa durou mais do que uma hora.

Estávamos numa espécie de terraço em algum prédio abandonado. O local estava caindo aos pedaços, e eu duvidava que era seguro acumular aquele tanto de gente em um telhado frágil como aquele. Não que eles ligassem, óbvio, eu parecia a única preocupada, mas quando tentei apontar o fato recebi um coro imenso de vaias.

Babacas.

Todo tipo de gente se misturava por ali, era impossível dizer um número exato. O cheiro de maconha no lugar era insuportável também.

Eu já havia perdido Saby tinha um tempo, e estava sentada no chão próximo ao parapeito, observando a cidade movimentada. Bem, eu tinha medo de altura, mas não é como se eu estivesse fora de perigo em qualquer lugar que decidisse sentar naquele prédio.

BABÁ DE UM BAD BOY - ADAPTAÇÃO BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora