27 | Talvez um monstro

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Me abaixo por instinto, protegendo inutilmente minha cabeça com os braços.

O som foi tão forte que meus ouvidos ainda estão zunindo.

Quando tudo se acalma, procuro desesperadamente por Saby no meio de todos. Para meu alívio, ela estava abaixada, e agora se levanta com o queixo caído, olhando fixamente para a frente.

Sigo seu olhar e me assusto ao ver Mosquito caído no chão, a arma a alguns metros de distância. O sangue corre sem parar de sua perna baleada.

Levanto mais um pouco o olhar e vejo Josh atrás de Mosquito, abaixando uma pistola. E é aí que me assusto mais ainda: Josh atirou no cara. Meu Josh.

A multidão corre até Mosquito, todos chocados demais para fazer qualquer coisa. Ao fundo, ouço Peter chamar uma ambulância.

Sim, Mosquito tentou nos matar, mas ninguém aqui quer ser culpado por assassinato. Ninguém quer carregar o peso de uma morte.

Uma morte que Josh quase causou.

Ele me fita, mas desvio o olhar: não sei se consigo encará-lo agora.

Sinto os braços de Saby me envolverem:

- Any? Você está bem?

Meus lábios travaram, e as palavras ficam presas na minha garganta.

Josh faz menção de se aproximar, mas me solto de Saby e corro até a porta do terraço antes que possa me alcançar.

Corro freneticamente as escadas, tropeçando em alguns degraus.

Eu vi um cara ser baleado. Ele pode morrer. Josh pode ter matado-o.

E se a ambulância não chegar a tempo? E se chegar, o que vai acontecer quando encontrarem Josh com uma arma? Quando encontrarem adolescentes com várias drogas, chapados demais para inventar uma boa desculpa?

O pensamento revira meu estômago, e seguro firme minha barriga tentando respirar fundo. Minha ansiedade se instala como uma prisão em volta de mim, e sinto meu peito apertar, minha visão escurecendo.

Braços firmes me agarram antes que eu caia de cabeça na escadaria.

Quando acordo, estou em um apartamento estranho, no beliche de um quarto pequeno. Minha cabeça dói, e o mundo parece girar.

- Tome uma aspirina - a voz de Saby é gentil quando me oferece um comprimido e um copo com água. - Você quase teve uma queda e tanto.

Seguro minha cabeça e engulo o comprimido, tomando o copo com água em seguida e cerrando os olhos para me ajustar à luz do local.

Visualizo uma mesa de escritório mais à frente, com garrafas de refrigerante e cervejas vazias espalhadas por cima, roupas jogadas na cadeira e Josh encostado na parede me observando, pensativo.

- Onde estou? - pergunto.

- No apartamento do meu amigo Pepe - saby responde.

- Ah.

De repente, aquele que deve ser Pepe entra no quarto e se inclina no batente da porta, pegando uma garrafa de cerveja vazia da mesa e jogando-a no lixo.

- Sou o amigo de Saby que salvou a pele de vocês.

- Eu poderia ter dado conta - Saby sibila.

- Sim, com o cara mirando em você - revira os olhos. - Você iria estar é com uma bala na cabeça a essa altura, caso eu não tivesse dado minha pistola pro Josh.

BABÁ DE UM BAD BOY - ADAPTAÇÃO BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora