20 | Maldita tomada

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Frustrada, começo a procurar uma tomada para meu celular. Josh me segue, eu acho. Na verdade nem estava prestando muita atenção, só procurando qualquer canto que servisse.

Passo por uma sala de estar cheia de pessoas jogando algum jogo de tabuleiro idiota. Decido ignorar, mas penso novamente: eles conhecem a casa e devem saber onde há alguma tomada.

- Pessoal? - chamo, mas de primeira ninguém parece ligar muito para a minha presença. Aumento um pouco o volume da voz: - Gente? GENTE!

O grupo de pessoas me olha, avaliando-me de cima a baixo.

- O que? Estamos jogando, não tá vendo? - uma garota com um vestido rosa e um grande decote aponta para o tabuleiro.

Não quero saber de que tipo de jogo se trata.

- Vocês sabem onde eu posso encontrar alguma tomada? - questiono, esperançosa.

Eles caem na gargalhada.

- Eu disse algo engraçado? - inclino a cabeça.

Josh aparece ao meu lado, e de repente o coro de risadas cessa.

- Josh! Vem jogar! - a mesma garota de antes oferece.

- Não estou no clima - responde.

- Ah vamos. Você pode trazer sua amiguinha também, já recusou nosso convite vezes demais.

- Que tipo de jogo é esse? - pergunto.

A garota me olha, e aponta para o tabuleiro:

- Um tabuleiro de desafios. Só que +18.

- Nenhum de nós tem 18, estamos dando o fora daqui - puxo a mão de Josh, mas a garota se levanta e caminha até nós, segurando o braço dele.

Não gostei nada disso.

- Vamos Josh. Vai ser legal - sorri, agora acariciando seu braço, e inclinando um pouco o corpo, para que o decote fique ainda mais visivel.

Carl aparece e se junta a nós, passando o braço pela cintura da menina do decote.

- Ninguém vai morrer se você jogar algumas rodadas Josh - a garota faz beicinho.

- Ninguém humano, mas a minha sanidade vai - Josh responde.

- Ele não quer jogar porque está com a namorada - Carl aponta para mim.


- Você é a namorada? - revira os olhos. - Argh, assim o jogo fica mais sem graça. Mas joguem do mesmo jeito, nunca se sabe o que pode cair.

É disso que tenho medo.

Infelizmente, Carl consegue convencer Josh e nos arrasta até a roda. Sentamos em um sofá gasto e eu observo em silêncio o desastre começar:

- Primeiro eu - a menina do decote anuncia. Ela joga um dado, que cai no número 6, e anda um pequeno bonequinho até a casa correspondente. - "Tire a parte de cima da roupa" - lê. - Bem, eu não tenho só parte de cima, vou ter que tirar o vestido inteiro! - ela finge descontentamento, mas a excitação é clara na sua voz.

Onde eu me meti?

Devagar, ela se levanta e abaixa o zíper, expondo sua lingerie vermelha de renda e os seios grandes e macios.

- Cara, você não tem vergonha?! Está olhando demais pros meus peitos! - aponta para um menino no canto. - Se quer me foder ande logo com isso - ela vai até o menino e se senta no colo dele, beijando-o na frente de todos.

Desvio o olhar para o tabuleiro.

- Any, jogue o dado - Carl instrui.

Engulo em seco quando pego a pequena pedrinha quadrada. Jogo o dado, que cai no número 3.

Carl avança o bonequinho para mim no tabuleiro, e lê em voz alta:

- "Beije alguém que está jogando". Não especificou ninguém, pode relaxar e beijar seu namorado.

Mas isso não me relaxa. É melhor do que beijar alguém aleatório, sim, e eu e Josh já cruzamos muitos limites que foram impostos da última vez em que brigamos, mas beijá-lo na frente de todos?

- Não precisa fazer se não quiser - Josh sussurra.

- Vai amarelar? Fala sério, é seu namorado - a menina do decote murmura, e logo em seguida solta um gemido explícito. Algo como "Ah porra, isso mesmo", enquanto se esfrega no garoto.

Fico chocada em como ninguém parece ligar que eles estão quase transando em público. Bem ali do lado.

- Eu faço - digo.

Fito os olhos de Josh, e aproximo meu rosto lentamente. Inclino a cabeça e abro meus lábios. Sem perder tempo, sua boca logo está encostada na minha, sua língua atravessando meus lábios e se mexendo em sincronia com a minha. O beijo é rápido, mas quente, do tipo que faz você se sentir no paraíso e ao mesmo tempo queimando no inferno. Josh morde meu lábio inferior e acaricia-o em seguida com a língua. Coloco a mão na sua nuca e intensifico mais ainda o beijo. Josh
solta um grunhido e agarra minha cintura.

De repente, lembro que temos plateia. Me afasto, vendo os lábios de Josh agora vermelhos e inchados.

Todos na sala estão encarando, chocados. Até mesmo a garota que estava quase transando em público está nos observando com curiosidade.

- Então é verdade mesmo. Você namora uma freira - ela fala.

Ignoro. Nikki já é problema suficiente, pelo menos estou grata que seja lá quem essa for, desistiu de Josh assim que achou que eu fosse sua namorada.

- Aposto que ela deve ser o oposto de uma freira na cama - algum idiota diz. - Só assim pra durar mais do que um dia com Josh. Ei mano, você divide?

Josh fuzila o garoto, e não sei se é atuação ou se ele realmente está com ciúmes.

Me levanto do sofá, atordoada.

Vejo que agora mais algumas garotas de striptease foram convidadas para a festa. Elas dançam e rebolam em movimentos sensuais, enquanto usam um tecido tão fino que é quase transparente.

Procuro Josh, xingando a mim mesma por ter aceitado essa idiotice.

- Tem algum quarto para dormir aqui? - pergunto, quando sua figura finalmente aparece.

- Lá em cima deve ter. Já está com sono?

- Não sono... Só, não aguento mais isso - gesticulo para a maldita festa.

- Vem comigo então - ele começa a andar na minha frente.

Passamos por um corredor lotado, nos espremendo para passar entre os corpos suados.

- Você estava certo - digo, rápido. Assim talvez a confissão doa menos.

Ele para, se virando para mim e erguendo uma sobrancelha:

- Sobre o que?

- Eu e festas - suspiro. - Não combinamos. Não mesmo.

- Eu já imaginava, mas só falei aquilo pra te provocar.

- Esqueci que você era um imaturo - sigo-o quando ele começa a andar novamente.

- Não sou eu o covarde em admitir a derrota.

- Eu acabei de admitir!

- É, e se quis parecer o Eminem falando, parabéns conseguiu.

- babaca.

- Sou, mas você gosta.

Não consigo ver seu rosto, apenas suas costas musculosas, mas de alguma forma sei que ele está sorrindo. Convencido.


Fim do capítulo!

BABÁ DE UM BAD BOY - ADAPTAÇÃO BEAUANYOnde histórias criam vida. Descubra agora