|Corrente Fria 2|

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Eu não devia, mas fiz

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Eu não devia, mas fiz. Entrei na primeira porta aberta do corredor, naquela noite de furto. Peguei o colar mais bonito que brilhou sob meus olhos e inseri no bolso urgentemente, pois tínhamos pouquíssimo tempo. Como o combinado, era para esperar Jeff no carro, mas eu tive a porra da ideia de buscar por mais... mais que o necessário. Aflito, Jeff permaneceu calado e pensativo a noite inteira. Mal tiramos um cochilo, pois nem o sono se aproximou de nós.

Nos primeiros raios solares que iluminaram o novo dia, decidimos de maneira plausível, vender aquelas joias nas primeiras horas da manhã e conseguir, se possível, um valor equivalente ao estimado. Como eu fiz a cagada, concordo ser o prestigiado a me arriscar a se livrar de todas as preciosidades. Coloco-as em um saco plástico e depois na mochila, no momento que ouvimos as batidas na porta.

Levei meu olhar ligeiramente para Jeff, sentindo o medo esbugalhar meus órgãos internos. Será que fomos descobertos? Jeff me nota com olhos arregalados, possivelmente sentindo o mesmo que eu.

Toc, toc!

A batida soou mais forte. Esfrego meus dedos no cabelo e Jeff inicia passos vagarosos para sair do quarto. Sigo meu irmão e estico as vistas na direção da porta principal da casa, e frouxo os ombros ao ver a porta ser aberta pelo meu pai.

- Olha só! - ele alarga o sorriso. - Quem é vivo, sempre aparece!

Jeff para no meio do caminho e gira sua cabeça rapidamente em minha direção, escancarando desespero no seu olhar.

- Oi senhor Jones.

Inflo meus pulmões ao ouvir soar a voz de Jess, e alongo as vistas instantaneamente para visualizá-la melhor. O que está fazendo aqui? E a essa hora da manhã?

- Jason está? Preciso falar com ele.

- Que eu saiba, sim. - responde aos risos, liberando espaço para ela adentrar.

A garota de mechas rosa envelhecidas no dourado do cabelo, para de andar ao ver Jeff... e depois fixa seu olhar para mim logo atrás de meu irmão. Tanto eu, quanto Jeff, ficamos parados olhando a garota totalmente calada e ao mesmo tempo apreensiva. Tudo o que eu vi, e o que ela fez e a dor que me causou, sobreveio assim que Jess surgiu na minha frente, assim também com o abuso que sofreu e... sua traição com meu irmão... Como é desconfortante estar com os dois em um cômodo tão pequeno.

- Olha aí... ele está em casa! - meu pai dá tapinhas no ombro dela, depois de também me avistar. - Vou trabalhar, por que alguém precisa sustentar essa família! - ironiza e sai em rumo ao ferro-velho. Até parece que ele conta de tudo...

- O que está fazendo aqui? - ultrapasso Jeff, antes que ele pudesse dizer alguma coisa. - Falou que não queria mais me ver.

- Sim eu... falei. - desvia o olhar para meu irmão, retornando ligeiramente para mim. Parece que para ela, também está desconfortante. - Acontece que tem viaturas por toda a Vila e estão revistando todos que passam na rua.

Sou a pessoa certa? - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora