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ELE FECHOU OS OLHOS, sentindo os sons do mar batendo na lateral do barco. De todas as noites que passou naquele barco a vapor, essa foi definitivamente a que ele mais se cansou.
Cada centímetro de seu corpo doía, seus músculos estavam cansados e ele não queria nada mais do que estar em Avonlea, tomando um banho quente no conforto de sua casa. Mas ele não podia fazer isso.
Ele sabia que precisava se encontrar, determinar quem ele queria ser na vida antes de voltar. Não importava quanto tempo levasse, isso era algo que ele tinha que fazer primeiro. Ele apenas esperava que talvez, apenas talvez, ele não voltasse tarde demais.
Gilbert respirou fundo se acomodando sobre a liteira, enquanto colocava o braço atrás da cabeça para usá-la como travesseiro, pronto para adormecer. O silêncio tomou conta da sala cheia de seus companheiros, enquanto todos imitavam suas ações, algumas vozes ainda capazes de ser ouvidas dos caras que estavam batendo papo.
De repente, alguém entrou, quebrando a paz da noite.
— Blythe! — Ele ouviu Bash chamar enquanto se deitava na cama ao lado dele. — Você tem uma correspondência.
Ele o informou com um tom brincalhão. Estas últimas três palavras chamaram sua atenção, fazendo-o sentar confuso. Ele não tinha ideia de quem poderia ter lhe enviado uma carta, já que tinha certeza de que não havia ninguém em Avonlea que se importasse com ele o suficiente para entrar em contato. Ele sabia que havia estragado tudo quando saiu sem se despedir.
Bash jogou-lhe o pedaço de papel, que ele pegou com facilidade, ligando a lanterna ao lado de sua cama, a luz mal iluminando seu canto o suficiente. Mesmo assim, ele conseguiu ler o nome na parte superior do envelope, seus olhos se arregalando em surpresa.
— Adelaine. — Ele disse quase um sussurro, enquanto acariciava com a ponta dos dedos o papel que ela havia tocado. Dizer que ele estava chocado era um eufemismo. Ele pensou que ela ficaria com raiva dele, inferno, ele pensou que ela ficaria furiosa. E aqui estava ela, sempre conseguindo surpreendê-lo de maneiras que ele nunca imaginaria.
— É esse o nome da sua garota? — Bash perguntou curiosamente, querendo saber mais sobre a mulher sobre a qual Gilbert tinha mantido segredo desde a primeira vez que a mencionou.
Sebastian havia tentado muito desenterrar a história dele, mas Gilbert permaneceu em silêncio, e seu comportamento o deixou ainda mais curioso sobre a misteriosa garota Avonlea.
— Achei que ela nunca mais falaria comigo... — Ele confessou ao amigo, que franziu a testa ao ouvir suas palavras, enquanto Gilbert virava o envelope, analisando cada parte dele.
