Dois corações batendo como um: Parte 2

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"O orgulho não é o contrário da vergonha, mas sua fonte".
- Tio Iroh (Avatar: A Lenda de Aang).

"Às vezes a morte é melhor."

- Stephen King (O Cemitério).

"Garota boba tentou viver para sempre,
Pelo prazer amargo deu sua alma e mente."
- Alec Benjamin (The Wolf and The Sheep. Letra traduzida para rimar).

Aviso de gatilho: suicídio.

*Narrado por Rachel*

03:45 da madrugada:

Sentia um brilho crescer dentro de mim, uma conexão sobrenatural que movia multiverso toda vez que eu inspirava ar para os meus pulmões enfraquejados da caminhada na floresta.

Meus olhos estavam brilhando vermelhos, me sentia com uma corda no meu coração atravessando todas as barreiras e chegando ao meu irmão, Vitor, o pingente em meu pescoço estava vibrando como um celular ao receber várias notificações.

Ainda podia sentir a voz sombria da essência de minha tia.

- Dê sua vida e ela poderá viver a dela - disse serenamente.

Claro claro, talvez ela nem ficasse imortal e tudo fosse resolvido. Ela estaria de volta, toda essa aventura e confusões teriam chegado em algum lugar, a humilhação que o Cupido me causou teria válido a pena, por Lúcia, minha amada tia.

Sacrifícios devem ser feitos né? Ninguém iria sentir saudade de mim se qualquer forma, tudo que eu fiz foi causar dor e destruir, causar caos em meio à ordem da natureza.

Eu sou a verdadeira escuridão corrompendo a luz, sou o mal e a podridão, sou a dor e a destruição, sou a morte e o desordem.

Sou o Caos.

O contrário da energia, de toda a vida, da existência. O fim de tudo, o começo do nada, o tempo depois do tempo, a finalização de todos os infinitos. A morte do Universo, a morte da vida, a morte da morte.

"Não" pensei, não era assim, não deveria ser assim. Minha alma é de luz e só quero minha vida, só quero minha família, quero resolver o mistério, estes eram os objetivos, não... Morrer.

A Essência da Morte pegou nos meus ombros, senti seus dedos frios e fracos como de um doente faminto. Senti arrepios por todo o meu corpo cansado, queria fugir e ignorar tudo aquilo, estava com tanto tanto medo, queria gritar, gritar por qualquer pessoa, mas ninguém viria.

Eu estava completamente sozinha em uma casa no meio do nada com o meu pior pesadelo transformado em realidade e me tocando.

- Faça, tudo vai ficar bem, sua família vai de novo ficar completa, talvez você até possa sobreviver, não é? Tudo é possível, mas mesmo se não, realmente importa? Você não vai mudar muito, não vai fazer diferença, mas ela precisa de você, se sacrifique, seja uma heroína, todos vão te perdoar e todos vão te amar.

Estava confusa, o que fazer? Todo esse tempo pensei em como sou falha e machuco as pessoas, era o momento de eu fazer valer por isso, como eu irei recusar?

Olhei para minha tia deitada através do breu, sua pele tão pálida e seu cabelo perdendo cor. Parecia nem respirar, e tinha medo de ver seu pulso e perceber que não tinha nada.

Ela não era mais um ser vivo, mas também não estava morta, havia se tornado algo entre um objeto e um ser humano. Ela saiu do ciclo da vida, ela matou friamente a Morte e assim, se tornou a própria.

A luz dentro de mim cresceu, agindo como um ser vivo querendo me proteger de todo o mal em volta.

Porém tentei ignorar, não não, eu não mereço viver no final dessa história, mas ela merece, ela foi quem mais sofreu.

A Essência da Morte: O Olho VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora