A Casa No Fim da Rua

26 2 13
                                    

Passou um dia muito longo, foi nesse momento que resolvi que deveria visitar meus pais no hospital, quando saí ouvi barulhos altos do lado de fora.

Olhei pela janela, estava com meu pijama e com o cabelo bagunçado, mas não esperava alguém importante, e não era, lá fora estava cinco repórteres e algumas pessoas olhando fixamente para mim.

- Ai meu...Que coisa é essa...

Deveriam estar aqui para me entrevistar ou algo assim, quando minha vida tinha virado uma manchete? Quando minha dor virou uma manchete? A polícia saber pode até ser necessário para a investigação mas isso tinha ficado ridículo.

Comecei a pensar em tentar fugir por alguma outra janela, mas iria soar muito suspeito então respirei fundo e abri a porta devagar, todos eles rapidamente foram até mim como formigas ao ver um doce jogado em cima da mesa, depois quase me acertaram no rosto com aqueles microfones.

Primeiro veio um cara meio baixinho usando um terno e meio careca, veio quase tropeçando até mim, parecia feliz, provavelmente iria ganhar alguma grana boa depois dessa manchete meio imoral.

- Você acha que foi alguém da sua família?

- Que? Ah não. – Disse eu tentando ser rápida, se eu não desse nenhuma satisfação, poderiam desconfiar ainda mais, então deveria pelo menos tentar, apesar de odiar eles estarem fazendo isso.

Eu fiquei tentando passar pelo grupo mas sempre aparecia mais um.

- Como se sente com tanto desastre rondando sua família? – Disse uma mulher ruiva - Por que não faz nenhuma entrevista? Viu as cartas?

- Isso é pessoal, sai daqui. – Disse tentando escapar.

Chegou um outro meio alto e de cabelo crespo.

- Você soube do desastre na delegacia? Porque tem sérias suspeitas rondando seu irmão pois ele foi visto por uns vizinhos correndo de lá.

- Parem de ser evasivos seus desgraçados, minha vida não é da conta de vocês seus nojentos! – Eu gritei quase dando um soco neles.

Sim, isso talvez tenha chamado muita atenção, mas eles tem sorte de eu não poder dar mesmo aquele soco, sempre odiei repórteres evasivos que tentam assumir coisas antes do juiz decidir, que obrigam o telespectador a pensar algo mostrando só parte da história, tenta estragar a vida e alguém a todo custo porque ódio dá mais dinheiro e ganham isso encima da dor humana e se aproveitam das pessoas, mas agora eu sabia como elas se sentiam (algumas provavelmente faziam de boa vontade).

Meu ódio aumentou mais, quando sonhava em ser famosa quando criança com certeza não imaginei algo assim.

Mais deles apareceram, eu só queria chegar ao hospital!

Chegou uma amontado relativamente grande.

- Tem rumores de um caso de ciúme por parte da sua mãe, é verdade?

- Seu pai batia nela?

- Seu irmão é tido como uma espécie de anti-social pelos colegas, acha que ele poderia ser um sociopata? Também tem casos de bullying na vida dele.

Eles tinham investigado minha vida? Ou os policiais simplesmente tinham dado todas as informações para eles? Estragar a vida das pessoas deve valer uma boa grana, o bastante para nem se importar, eles perguntam essas coisas sem nem parecer ligar.

- Isso é pessoal e não, não é sociopata e nem anti-social, só é um pouco introvertido, sai da frente agora por favor.

Dessa vez só ignorei todos e comecei a ficar empurrando, por sorte o hospital onde meus pais estavam não era tão longe senão eu passaria um bom tempo só nisso.

A Essência da Morte: O Olho VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora