"Chorou, mas estava invisível, e ninguém percebeu o choro".
- Vidas Secas (Graciliano Ramos).Ficamos sentados por um tempo na grama conversando, a natureza agora parecia menos "morta", apesar de que ainda tinha um sentimento ruim pairando no ar.
Obviamente aquela história que a Saturno contou não nos satisfez, então ficamos fazendo mil perguntas por segundo à ela.
- O que aconteceu com as outras pessoas enfeitiçada pelo feitiço do "amor"? - perguntou meu irmão.
- Bom, alguns eu consegui encontrar, eu pude libertar a maioria invadindo suas casas e roubando todo o estoque que eles tinha daquele pó - respondeu Saturno - agora sou procurada em alguns locais da Bahia.
- Como conseguiam dar o pó para as vítimas se o Cupido só dava uma certa quantia? - Eu perguntei.
- Se você misturar areia no meio, ela se transforma também, então um pote pequeno pode durar muito. - Ela respondeu.
Isso durou horas e horas, até que ouvimos o bater de um pé contra as folhas secas da floresta, o Noite havia finalmente voltado, mas o mais importante é que estava com comida junto.
- Consegui o que eu acho que é seriguela, umas 7 no mínimo, também tem cenoura e o corpo de um peixe que eu cozinhei.
- ...Okay justo - respondi e começamos a comer. Isso durou pouco e não só porque estávamos com tanta fome que nem ligamos para a qualidade duvidosa do que estávamos ingerindo, mas também pelo fato de que queríamos ir o mais rápido possível para a cidade.
Depois de o que pareceu ser anos fora da cidade, parecia como acordar de um sono de dias. Estávamos cada vez mais perto de... Seja lá onde queríamos estar especificamente até aquele momento, o objetivo não estava exatamente muito claro.
Para onde ir primeiro? Talvez procurar o local onde minha tia havia sido achada pela última vez, tinha algo na minha mente me avisando de que era no meio da floresta assim como a igreja, mas a esse ponto eu não poderia me desfocar do objetivo principal do grupo.
Mas a cada momento que eu ficava sozinha com meus pensamentos, sem o falar constante deles ou as piadas idiotas, meu cérebro se corroía pois eu imaginava tudo que acabou dando errado, tudo que eu fiz errado. Tecnicamente, era culpa minha a explosão, mas eu não queria pensar nisso, precisava me distrair, mesmo que fosse pela fome.
Passamos um pouco do tempo apenas conversando no caminho pela floresta, Noite abrindo caminho pela mata enquanto todos estávamos em um silêncio constrangedor.
Parecia que placas de metal estavam apertando minha cabeça a todo momento, cada segunda se tornava uma eternidade angustiante.
Foi aí que resolvi que devia tentar puxar conversa novamente.
- Vitor - chamei - se realmente somos parte de algo maior... Assim, isso de nossas almas serem impregnadas com luz ao mesmo tempo, então o que isso quer dizer para o nosso futuro?
- Como assim? - perguntou ele.
- Será que nossos pais não sabiam? Ou sabiam mas estavam mentindo? O que será que vai acontecer depois disso tudo acabar? Se isso tudo acabar. Eu estava fazendo tudo aquilo de procurar pistas simplesmente para saber sobre minha tia e o que havia acontecido com meus pais, mas agora estamos embaralhados em um monte de coisa confusa!
"Eu ainda não entendo o nosso papel nisso, nosso amuleto de coração partido no meio está cada vez mais fraco, eu consigo sentir isso. Ninguém aqui sabe exatamente o que fazer daqui em diante e nem como. Me irrita como estão agindo como se tivessem certeza do que estamos fazendo."
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A Essência da Morte: O Olho Vermelho
Misterio / SuspensoHistória escrita e desenhos feitos por LuccasDamazio ou StrangeIsland (meu ex-nome de usuário) ou Lucas Damázio (nome de verdade). Capa por: @camilyeschiabel "E se pudesse viver para sempre? Aceitaria a dor que viria a seguir? Essa escuridão que a...