Emoção

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O som constante da explosão zumbia no meu ouvido, cada centímetro de meu corpo parecia que ia desabar, foi difícil até mesmo abrir os olhos.

Perguntas dançavam no meu cérebro, nenhuma delas fazia sentido, nada mais fazia, por isso só conseguia me focar em pensamentos aleatórios.

Não conseguia ouvir nada direito, eu estava sentindo um gosto estranho de sangue e sentindo cheiro de pó.

Eu olhei em volta, na sala onde a gente estava ainda continha pedaços das máquinas de luz e escuridão, estávamos no corredor.

De alguma forma havíamos sobrevivido, o que era um alívio pois por um momento me perguntei se esse era o pós-vida.

Um buraco enorme cobria a parede da sala de máquinas, uma fumaça negra parecia sair dos restos da máquina de escuridão.

Meu corpo estava doendo, eu queria levantar mas não conseguia, só pude observar e pensar, até que meu irmão se levantou junto com a Saturno.

Eles fizeram isso de forma devagar, meu irmão se segurou numa cadeira para fazer isso.

Meu irmão olhou para mim e estendeu a mão, eu dei a minha apesar de meu braço parecer estar sendo consumido por vermes a cada osso que eu mexia.

Eu forcei meu corpo a se impulsionar para cima e consegui, minhas memórias ainda estavam cheias de fumaça, nada fazia sentido, eu olhei para Saturno e pensei em quanto temos passamos desacordados.

Estava de dia, ou pelo menos quase anoitecendo pois não dava para notar com toda a fumaça negra cobrindo a luz do sol, isso parecia assustador, principalmente sabendo que eu fui uma espécie de causa indireta para aquilo.

Foi quando meu cérebro conseguiu assimilar tudo, não era só fumaça negra, era escuridão vazando e cobrindo tudo, dava para ver a grama por perto secando e morrendo.

Isso era ainda mais assustador, meu corpo ainda doía, olhando para a minha pele e a deles, percebi que tínhamos ficado mais pálidos, mais cansados.

Meu sangue estava mais frio, o que não ajudava com as brisas frias que pareciam soprar com puro ódio por mim.

Eu comecei a sentir tudo quente, sentir sangue no meu rosto e na minha barriga, não sei se eram da explosão ou da briga com o Cupido, talvez os dois.

Eu olhei para a sala das máquinas, a palestrante estava lá deitada, não sabia se estava morta ou viva mas estava cansada demais para me preocupar com isso.

Me ocorreu que o Cupido não estava por perto, onde ele estaria? Será que morreu ou será que escapou?

Ainda estava confusa do que fazer primeira, se eu deveria ir atrás do Noite e ajudar ele com seja lá o que tiverem feito para o incapacitar, procurar respostas da Saturno pois ela ainda não tinha dito muito, se preocupar com nossos ferimentos, fugir, ajudar a palestrante ou descobrir onde o Cupido estava.

Depois de um tempo pensando e olhando para a parede, meu irmão pegou na minha mão:

- Olha, decidimos que é melhor irmos primeiro ajudar o Noite, tudo bem pra você? - Perguntou ele.

Eu comecei a pensar no que dizer, minha decisão poderia mudar tudo afinal.

- Ah, ok - Foi só o que pude dizer no momento, pois estava com muita dor de cabeça.

Ele olhou para mim e murmurou um "beleza" e começou a procurar algo nos armários, provavelmente comida já que assim como eu, ele deveria estar morrendo de fome.

Ainda estava completamente destruída, não só fisicamente, mas emocionalmente, eu tinha perdido feio para o Cupido e se não fosse o pelo erro bobo dele, estaríamos agora sendo seus obedientes bichinhos de estimação.

A Essência da Morte: O Olho VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora