A gente começou a correr, não sabia para onde, eu e meu irmão só estavamos seguindo Saturno, enquanto avançavamos eu sentia o ambiente ficar mais frio e escuro, comecei a me perguntar que horas eram no lado de fora daquela igreja, quantas horas teriam se passado e como eu só tinha começado a sentir fome naquele momento.
Também me perguntava o porquê de eu não ter visto ninguém guardando os corredores por tanto tempo, se era algo tão importante, devia ter mais pessoas por aqui.
Comecei a me perguntar se Saturno era mesmo confiável, se o que estava acontecendo era mesmo verdade ou eu havia ficado louca, minha mente estava embaçada como uma televisão sem sinal, meu corpo se mantia em pé mesmo com o cansaço que corroia minha pele como ácido.
Também pensei que talvez eu devesse só perguntar qual era nosso destino, nem meu objetivo eu lembrava, eu estava procurando o que tinha acontecido com minha tia, mas não sabia o que fazer depois que eu já tinha resolvido isso.
Ouvi barulho de gritos e brigas por todos os lados até que finalmente paramos em uma sala grande e com uma atmosfera sombria.
Havia velas nas mesas apesar da grande lampada no teto, janelas completamente cobertas, refrigeradores e algumas plateleiras cheias de comida enlatada, o ambiente tinha cheiro de churume e meia velha, o que parecia estar atraindo insetos para o local.
Mas algo chamava a atenção no meio da sala, uma mesa com duas cápsulas lacradas, dentro de cada uma havia um diamante negro que pareciam estar atraindo as sombras até si, como um buraco negro ao contrário.
Senti um arrepio em minha espinha olhando para aquilo, meu irmão parecia ter sentido o mesmo.
Eu estava me sentindo mal por algum motivo, comecei a ouvir passos e vozes no fundo do meu cérebro, comecei a pensar se estávamos mesmo sozinhos ou se era uma armadilha arquitetada desde o começo.
- Tem dois desse diamante estranho? - Meu irmão perguntou.
-Um foi usado na palestrante, o outro na sua tia. - Explicou Saturno - Mas sinceramente não sei para que isso serve, não me contaram nada disso.
Eu finalmente tomei coragem para falar o que eu queria.
- Quando e como que eles pegaram o da minha tia? - Perguntei - Garota, estou cansada de seus joguinhos de ficar soando misteriosa e só dando pequenas verdades que só trazem mais perguntas, vai logo ao ponto, caramba!
Ela soou surpresa, os sons de passos aumentava ainda mais no fundo, mas não me importei e continuei falando.
- Calma - Ela disse - Depois eu explico, tudo vai fazer sentido, eu prometo, não se preocupe, temos coisas mais importantes para se preocupar agora
Senti raiva por ela estar se esquivando da pergunta, isso acabou com o que restava do meu sentimento de racionalidade, os passos aumentavam e eu continuava ignorando como se não fossem nada além de imaginação.
- Desembucha tudo ou eu juro que arranco seu pescoço fora. - Eu falei.
- Depois! Pode por favor se acal... - Ela se interrompeu.
Eu vi ela olhar para mim assustada, acabei sentindo uma mistura de orgulho por ter falado e culpa pelo mesmo motivo, mas percebi que ela parecia horrorizada e não estava olhando em minha direção.
Engoli em seco, eu comecei a me virar devagar como se isso pudesse mudar alguma coisa.
Ela estava olhando para outra coisa, bem atrás de mim, eu podia sentir a respiração, quase rindo, o ambiente ficou pesado do nada.
Antes que pudesse me virar completamente ouvi a palestrante rir, atrás dela estava o Cupido que de alguma forma escapou do Noite, ambos estavam em pé de forma intimidante
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A Essência da Morte: O Olho Vermelho
Misterio / SuspensoHistória escrita e desenhos feitos por LuccasDamazio ou StrangeIsland (meu ex-nome de usuário) ou Lucas Damázio (nome de verdade). Capa por: @camilyeschiabel "E se pudesse viver para sempre? Aceitaria a dor que viria a seguir? Essa escuridão que a...