A igreja abandonada

12 2 10
                                    

Bom, aqui estou em uma montanha russa de emoções onde nada faz sentido e pode ir de pais brigando até semideuses, bom, assim é a vida, quando você acha que pode entender tudo...

Você ainda não entendeu nada.

Ok, parou com a crise existencial, vamos direto ao ponto.

Então, o lugar onde tudo começou era em uma igreja, que por algum motivo foi construída fora da cidade.

Resolvi ligar para meu irmão e falar sobre o plano o qual ainda nem tinha pensado direito, mas ele estava tendo problemas, pessoas jogaram ovos e fizeram uma mini manifestação perto da casa dele, tudo pelo incidente da delegacia.

- Estão gritando a uma hora, a maioria desses ovos são daqueles que são esquecidos na geladeira! Eu não estou nem um pouco feliz com a minha situação aqui - Ele disse.

- Essas pessoas são normalmente tão passivas e nunca se metem em nada, como diria... alguém aí que não lembro: "o ódio une as massas e tals".

- Tô com fome.

Eles não imaginam o que realmente houve, como foi em parte minha causa, resolvi que ia tentar parar a multidão, mas precisava primeiro pensar em como faria isso.

Deviam ter famílias dos policiais ali, então seria uma tarefa complicada.

Mas sempre fui ótima no improviso...

Eu acho.

Fui andando até lá e no caminho vi que as pessoas me olhavam torto, talvez também achassem que eu tivesse algo a ver.

Pessoas sussurrando para todo lado, talvez não fosse sobre mim mas a paranóia já havia dominado minha mente a tempos.

Um garotinho estava andando pela calçada e quando me viu se afastou rapidamente, então talvez não fosse apenas paranóia afinal de contas.

Cheguei na rua onde ficava a casa do meu irmão e lá estava a multidão.

Havia pessoas com placas maiores que seu tronco, crianças que nem sabiam o que estavam fazendo ali estavam gritando de ódio por alguém que não conhecem, tinha gente pintada pulando como uma torcida de esporte, os gritos cessaram quando uma das pessoas a qual parecia ser a líder do movimento pegou um megafone.

- Estamos aqui porque a polícia não fez nada, eu repito: nada! Contra os pilantras que nos causou tanta dor e desgosto!

- Meu marido! - Ela continuou emocionada - estava trabalhando na delegacia aquele dia...ele foi pego por algo bizarro! Demoníaco! Como todos podem ter enlouquecido ao mesmo tempo?! Eu lhes digo, esse garoto com algum tipo de feitiço maligno causou isso.

Palmas constantes e gritos continuavam com histeria coletiva.

Ignorantes.

- Olhem para os seus olhos! Um dos dois dele é vermelho! A cor do sangue, do inferno, do diabo e...

- DO AMOR - Eu gritei no fundo determinada.

Todos olham para mim.

- Isso é...uma doença! Vocês estão chamando uma doença de íris algo criado pelo diabo, isso é...preconceito! Estão falando como se meu irmão não fosse...um... cristão... - eu disse nervosa.

- O vermelho tbm foi a cor do amor... foi...a cor do sangue que jorrou de Jesus quando ele se sacrificou por nós e...toda essa história... - Eu continuei sem nem mais saber do que eu estava falando.

- Nossos pais também foram pegos! Vocês não olham o retrato inteiro, só vêem o que querem! Se pudéssemos fazer isso, não teríamos feito chamando tanta atenção! - Agora estava tentando fazer o mínimo de sentido - E fazer magia negra? Ter poderes diabólicos? Onde vocês viram isso? No Facebook? - Estava falando como um pastor com raiva.

A Essência da Morte: O Olho VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora