Arisu Ryōhei
Kin saiu do quarto furiosa comigo. Droga! Eu não devia ter falado assim com ela. Estava prestes a levantar, mas senti um toque suave na minha coxa.
– Deixe ela sair. Não podemos mais ficar na praia por muito tempo, Arisu. Você faz o que precisa para sobreviver. Qualquer coisa. – Usagi falou com calma.
Ela está certa, sair da praia é mais importante.
– Alguém mãos vai querer sair? – Chishiya perguntou com o tom de voz alterado. Ninguém ousou se mexer. – Ótimo. Primeiro o Arisu vai se infiltrar na suíte real. Achar o cofre e roubar todas as cartas do baralho de dentro do envelope.
Falando assim parece fácil. Por que eu?
– E a combinação? – perguntei.
– Vou te contar quando estiver com o cofre, caso você tente nos trair. – o menino jogou um walkie-talkie para mim.
– Entendi. Você é cauteloso.
– Já que a sua... amiguinha – Chishiya pigarreou – abandonou o barco, Usagi e Kuina ficarão de guarda.
– Isso é muito perigoso! Se nos pegarem estamos mortos! – Usagi se pronunciou.
– É o único jeito de sair daqui. – falei. – Agora que o Chapeleiro morreu... acabou a união na praia. Em um estalar de dedos a milícia pode assumir tudo por aqui e as coisas podem virar uma loucura.
– É a hora certa para o plano. – Chishiya falou olhando o relógio. – Aguni vai se apresentar como novo jogador em breve no salão, o plano deve ser executado antes que ele termine com o discurso.
– E o que você vai fazer? – perguntei.
– Vou avisar quando Aguni acabar.
Chishiya levantou da cadeira e saiu do quarto calmo quase imperturbável. Como ele consegue agir assim diante de toda essa situação? Não demorou muito para que o walkie-talkie chiasse e para que o aviso fosse dado. Estava na hora do plano.
Os corredores estavam vazios exceto pela minha própria presença. Usagi e Kuina se separaram para poder cobrir mais território e avisar se algo der errado. Nada pode dar errado.
O plano deve ser executado rápido e discretamente. Entrar na suíte, achar o cofre, avisar Chishiya, pegar as cartas e sair, sem mais nem menos.
Antes de entrar na suíte me certifiquei que ninguém estava por perto como testemunha da minha traição.
A suíte real é enorme, o tamanho de dois quartos comuns juntos em um só. Comecei procurando pelo cofre em baixo da cama e dentro de pequenas cômodas espalhadas pelo quarto, nada, continuei procurando dentro de outros lugares até me tocar no armário branco na parede. Abri as portas de madeira e comecei a vasculhar. O cofre era minúsculo, de metal e digital. O Chapeleiro não vez um bom trabalho escondendo as cartas aqui.
– Achei o cofre. – avisei pelo walkie-talkie.
– Ótimo. – a voz do Chishiya continuava a mesma até pelo pequeno aparelho de comunicação. A senha é 8022.
– Você viu a combinação? – perguntei.
– Não. Quando Aguni abriu o envelope preto ele parecia perplexo e sombrio. O papel deveria estar em branco.
– E essa combinação que você me passou? É apenas um chute?
– Estava no lacre do envelope. Quando o envelope é fechado, a cera quente é pressionada contra o papel com o anel do jogador número um. BOSS. O desenho das letras do anel são iguais aos números que eu te dei.
– Eu não gostaria de ser seu inimigo.
– Não demore muito mais. Já estão acabando por aqui.
– Aviso quando sair.
8...0...2...2. Não é possível! Essa não é a senha. Chishiya se enganou! Preciso sair daqui o mais rápido possível.
Me levantei pronto para correr, mas a porta da suíte foi aberta antes que eu pudesse sair do cômodo e fugir. Niragi me arremessou para longe.
– Olhe o que temos aqui. – o homem de cabelos pretos cuspiu no meu rosto. – Um ratinho traidor. O que devemos fazer com ele, chefe?
– Leve-o para o seu quarto, mas antes ensine uma lição para esse traidor.
Nigari desferiu uma série de chutes e socos pelo meu corpo. Algum osso no processo deve ter sido quebrado. Um dos chutes acertou o meu nariz e eu tenho quase certeza que o mesmo se encontra sangrando.
– Obrigada, sem você não saberíamos nada sobre esse traídor. – Aguni agradeceu a alguém.
Minha vista já estava começando a escurecer e o meu corpo estava cedendo para a dor.
– De nada, chefe. – a voz era familiar.
Muito familiar.
Ergui a cabeça o máximo que consegui e pude ver o verdadeiro traídor. Chishiya estava parado ao lado de Aguni com um pequeno sorriso formado em seus lábios.
Kin estava certa.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa senti algo duro atingir a minha cabeça com força.
[...]
Acordei sem conseguir enxergar. Algo estava tampando a minha vista e com certeza eu estava amarrado na cadeira. Traídor! Eu devia ter escutado a Kin! Tentei gritar por ajuda, mas a minha boca estava tampada por uma fita extremamente forte.
– Inscrições terminadas. – não, não, não. Não pode ser! – Todos os jogadores devem se dirigir ao salão. O jogo será iniciado em dez minutos. – e então a voz digital se calou.
O jogo já vai começar.
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𝗚𝗮𝗺𝗲 𝗠𝗮𝘀𝘁𝗲𝗿 - 𝗔𝗹𝗶𝗰𝗲 𝗶𝗻 𝗕𝗼𝗿𝗱𝗲𝗿𝗹𝗮𝗻𝗱
FanfictionAo sair do trabalho para ir buscar seus melhores amigos que estão aproveitando uma noitada, Kin Nakamura esbarra em um menino de capuz cinza e se vê perdida quando ela é transportada para uma versão paralela de Tóquio, onde precisa jogar caso queira...