Epílogo (o final)

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(esse é o último capítulo)

"Hoje faz 1 ano, sabia", comenta Draco, casualmente, durante o café da manhã de um sábado em fevereiro. Ele nem sequer tira seus olhos do Profeta enquanto fala.

Harry entra em pânico de qualquer maneira. "An. Sério? Isso não seria - quero dizer - assim - em algum dia de, an. Ai deus. Abril? Não é? Me diz que você não realmente espera que eu saiba dessas coisas."

Draco vira o rosto para o lado, saindo de trás do seu jornal, para encarar Harry com uma sobrancelha levantada. "Pelo amor de Deus, Harry. Eu estava falando da data da primeira invasão, não de quando isso", ele gesticula a mão entre eles, um gesto gracioso, que engloba ambos, "aconteceu. Seu idiota", ele acrescenta, soando satisfeito com isso. "Como se eu esperasse que você se lembrasse de algo assim. Às vezes eu acho surpreendente que você se lembre até do próprio nome."

"Então é uma técnica mnemônica?" Harry pergunta, contraindo o rosto em uma seriedade debochada. "O fato que você está constantemente gritando a palavra 'Potter?'"

"Potter!" Draco grita em resposta, seu rosto se contraindo em fúria quando percebe que acabou de fazer exatamente aquilo, e a expressão faz Harry rachar de rir, carregando esse humor com ele até chegar no trabalho.

É um dia bom. No final do rush que sempre acontece no horário de almoço, ele deixa sua equipe cuidando do restaurante e leva uma quentinha de comida para Hermione no trabalho, onde ela está mais ou menos alojada desde que voltou da licença maternidade há uma semana. Eles conversam e Hermione quase chora por ter a oportunidade de falar com um adulto sobre um assunto que não é a) o bebê, b) trabalho, ou c) o bebê, e Harry meio que não consegue acreditar, sentado em frente a ela, que ele realmente achou que iria perder a amizade dela e de Ron com o passar dos anos. Parece bobagem, impossível, agora, e ele quase conta a ela sobre isso, mas. Bem. Provavelmente é mais gentil poupar ela do conhecimento que essa preocupação já existiu pra ele. Provavelmente a machucaria saber, e não há razão para Harry colocar esse peso nela, quando isso realmente não importa mais.

Ao sair do Ministério, ele avista a sorveteria que costumava frequentar quando trabalhava como Auror, parando no meio da calçada para olhar para ela. Um ano, ele pensa, lembrando-se do jeito que ele costumava ter que subornar-se com a ideia de um cone de sorvete apenas para conseguir terminar um relatório. Por um segundo, ele quase consegue visualizar essa versão de si mesmo, sobreposta em linhas esboçadas sobre a realidade do dia, sua postura curvada e cabeça torta irradiando miséria, descontentamento. Harry quer se desculpar com ele, dizer-lhe que pode ser diferente, agarrá-lo pelos ombros e apontá-lo em direção ao Largo Grimmauld, o caminho improvável que o trouxe mais felicidade que ele jamais poderia esperar. Claro, então ele pisca e o momento se foi, deixando-o atordoado e se sentindo estúpido por ter ficado parado ali no centro da calçada.

Ele volta ao trabalho. Ele faz sorvete para servir de sobremesa com o jantar, sabor framboesa com chocolate, e sorri para as próprias mãos enquanto trabalha, feliz por estar onde está. Se divertindo com isso.

Draco, Andrômeda e Teddy chegam lá as 17:00, seus rostos ruborizados pelo vento, patins de gelo jogados sobre seus ombros. Isso foi... estranho, no início, essa coisa de Draco com Andrômeda e Teddy; Harry nem sabia que isso seria uma preocupação até que ele levou Draco para um jantar com os Weasley em que Teddy e Andrômeda apareceram, mais ou menos um mês depois que eles oficializaram o relacionamento.

"Ela é minha tia", sussurrou Draco, depois de engasgar quando viu os dois entrando, se abaixar atrás de uma cadeira para se esconder e arrastar Harry para o banheiro, engatinhando pelo chão na frente de seis Weasleys. Harry não estava tão preocupado com isso; não é como se fosse a coisa mais estranha que os Weasleys o viram fazer. "E eu nunca nem a conheci! Você entende que isso só já seria - isso é tão - e a criança, Potter, meu Deus! Você honestamente não considerou que eu tinha uma obrigação com ele? Uma obrigação que eu negligenciei, devido aos rancores das gerações anteriores! Bem, e, ok, também porque teria sido um insuperável constrangimento social ter que escrever uma carta como: 'Querida tia Andrômeda, minha mãe baniu seu nome de nossa casa quando eu era criança; às vezes acho que ela vive na França para evitar confrontá-la, e me sinto incrivelmente culpado até mesmo escrevendo esta nota, mas mesmo assim - '" Ele parou e olhou para Harry. "Esse não é o ponto. Potter!"

O Que Fingimos Não Conseguir VerOnde histórias criam vida. Descubra agora