Capítulo 7 (parte 2)

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Harry acorda lentamente.

Ele está com dor, mas está - confortável. Sua cama não é confortável assim. Talvez esteja no quarto de hóspedes de Ron e Hermione? Não, e não é a Toca também; não há irregularidades no colchão e nem o som de vozes distantes. Ele provavelmente deveria abrir os olhos e verificar que ele não foi sequestrado ou algo assim, mas ele dúvida que seja isso. Nem suas mãos nem suas pernas estão amarradas e ele não acredita que sequestradores iriam colocá-lo em uma cama tão macia, com lençois cheirosos e limpos e um travesseiro quase como uma nuvem embaixo da sua cabeça.

Deus, sua cabeça. O que aconteceu ontem a noite? Ele nunca acordou com esse tipo de dor em uma cama que não conhecesse; mesmo quando ele ficava com alguém, ele sempre trazia seus 'acompanhantes' para seu próprio apartamento, ao invés de se submeter a uma ida para a casa de um desconhecido.

Ele esfrega sua bochecha contra o travesseiro e faz um som com a garganta. Talvez sua restrição em dormir na cama de um desconhecido seja incrivelmente estúpida, porque essa cama, de quem quer que seja, é definitivamente incrível.

"Mrrph" alguém resmunga a sua esquerda.

Agora certo de que ele não está sozinho, Harry não tem outra escolha sem ser abrir os olhos. Ele levanta suas pálpebras o mínimo possível, nem mesmo o suficiente para enxergar com clareza, mas ainda assim a dor é agoniante, a luz do cômodo cortando suas retinas. Ele se esforça com um grunhido de desprezo, porque ele é um homem crescido e não será derrotado pela claridade, e abre os olhos até o final.

Draco está deitado ao seu lado.

Harry o analisa por um momento; seu rosto está contorcido em uma careta, claramente não está dormindo mas também não está completamente acordado. Harry consegue simpatizar. Eles não estão se tocando, mas estão tão perto que é quase; Draco está esparramado na maior parte da cama, solto em seu quase-sono de uma forma que ele não é na vida, quando ele assume uma postura cuidadosamente controlada. Harry é o oposto, sua posição de dormir sempre foi encolhida, em um formato parecido com um ponto de interrogação, braços juntos em cima do travesseiro onde ele apoia a cabeça.

O cabelo de Draco está perto dos seus olhos. Harry tem o pensamento absurdo, momentâneo de que ele deveria - tocá-lo, ou algo - até ele acordar o suficiente e perceber que isso é maluquice.

O que eles fizeram ontem a noite? Harry está totalmente vestido - até seus sapatos - e ele considera entrar em pânico e se jogar para fora da cama, mas ele não faz isso. Seria estúpido; Draco está totalmente vestido também, apesar de ser em pijamas, e enfim, Harry não é insano o suficiente de pensar que eles poderiam ter... sei lá. Engajado em algo sexual. Seria loucura, como ele falou para Ron e Hermione naquela vez que...

...Ron e Hermione...

Harry grunhi de novo, flashes da noite voltando para ele. Draco apareceu no bar e então - Harry foi todo egoísta e estúpido sobre - deus, Ron e Hermione estão esperando um outro filho e - e Draco o levou para uma floresta secreta? Talvez essa parte tenha sido um sonho, Harry pensa. Não parece ser um sonho, no entanto. Merda, sua cabeça doi.

"Para," Draco murmura, olhos ainda fechados, "de fazer sons. Morte aos sons. Cala a boca."

"Ah, vem calar," Harry murmura de volta.

Os olhos de Draco se abrem imediatamente.

Por um segundo eles só se encaram e Harry acha que Draco provavelmente está seguindo a mesma linha de raciocínio de Harry há um minuto atrás. Ele se pergunta, se doendo demais para se importar, se Draco vai entrar em pânico e se jogar para fora da cama, mas ele não faz. Ele meio que só... inala profundamente e então exala, fazendo uma leve careta.

O Que Fingimos Não Conseguir VerOnde histórias criam vida. Descubra agora