Capítulo 10 (parte 1)

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(roi, lembram de mim?)

Harry não dorme muito aquela noite. Ele deveria - ele sabe que precisa - e ele tenta, por um tempo, após tirar um dia de folga do trabalho, primeiro em um quarto na frente do qual ele colocou Draco e depois no seu quarto antigo, onde ele costumava dormir quando morava nessa casa. Não parece nem um pouco com o que era quando ele tinha 17 anos, e pela primeira vez desde que ele colocou os pés nesse museu, Harry deseja que ainda fosse as paredes craqueladas e os corredores escuros que era. Ele acha que seria mais fácil cair no sono se tudo a sua volta fosse esmagadoramente depressivo, ao invés de brilhoso e arrumado e lembrando ele de Draco.

Deus; ele está apaixonado por Draco. Harry é tão estúpido, ele não acredita que deixou isso acontecer, e sem ao menos perceber - e isso, Harry pensa, é a pior parte. Pelo menos 2 vezes por ano desde que ele tem 14 anos Harry tem o mesmo pesadelo, onde ele está amarrado no alto de um poste no meio da Rua dos Alfaneiros, tentando freneticamente desviar de um basilisco com o rosto de Voldemort, enquanto lá embaixo Olho Tonto Moody grita, "VIGILÂNCIA CONSTANTE, POTTER,". As vezes o poste é a estátua do Departamento de Mistérios; as vezes o basilisco é um lago cheio de Inferius; as vezes não é o Olho Tonto e sim Sirius ou Dumbledore, e até Teddy Lupin uma vez, que foi uma experiência difícil que Harry não gosta nem de lembrar. Mas a mensagem é sempre a mesma: vigilância constante, Potter. Vigilância constante ou morte.

E é por isso que, Harry pensa um pouco histérico, é particularmente péssimo que ele se encontra nessa situação. Ele deveria estar prestando atenção aos seus arredores! Ele deveria estar preparado e alerta! Ele não deveria estar apaixonado por Draco Malfoy, de forma acidental e irreversível, e ele não deveria não notar isso acontecendo até ser tarde demais para fazer algo a respeito.

Ele levanta as mãos para o alto em indignação enquanto pensa, e então percebe que ele está deitado com as costas na cama balançando suas mãos como uma pessoa maluca, e decide se levantar e andar um pouco.

Ele acaba andando pela casa inteira. Ele vai à dispensa, passa pelas prateleiras infinitas; explora o museu, lendo as pequenas placas do lado das exibições; ele caminha pelo andar privado de Draco, passando nas pontas dos pés pela porta onde Draco está dormindo. Ele até sobe no terraço para ver Vicky, que parece estar dormindo e lança apenas um espinho nele, sem muita força, antes de voltar a deitar em uma pilha de visgos.

Harry volta lá para baixo. Ele senta no sofá do salão de entrada. Ele coloca a cabeça nas mãos e tenta falar para si mesmo que tudo vai ficar bem, que é só a pressão e a intensidade das últimas 12 horas fazendo truques com a sua mente, e ele não está nem um pouco apaixonado por Draco. Ele até tenta dizer para si mesmo que ele tem um complexo de herói tóxico e isso não é nada mais que seu desejo não saudável de salvar alguém porque crianças grifinórias não aprendem a socializar direito, e então percebe que ele está tentando se convencer que não está apaixonado por Draco usando a voz de Draco. Nesse momento ele está tendo um surto histérico, abafando sua risada de desespero em uma almofada, e ele deve acabar dormindo em algum momento, porque ele acorda com o som de batidas na porta da frente.

Ele pisca, com a pálpebras pesadas, os músculos doloridos de exaustão avisando para ele que ele não dormiu o suficiente, nada mais que uma hora ou duas. Então ele se lembra que Draco está lá em cima e ele precisa descansar mais do que Harry, e acaba se arrastando de forma lenta para fora do sofá até a porta, onde ele encontra Monstro.

"Monstro não sabia se Mestre Draco e Harry Potter iriam querer que ele atendesse, considerando as circunstâncias," ele diz a Harry com nervosismo. "Monstro pede desculpas por fazer visitantes esperar."

"Está tudo bem, Monstro, eu atendo," Harry diz.

Ele assume que é algum visitante para o museu ou algo assim, e ele vai só dizer para eles virem amanhã e voltar a dormir, então é uma surpresa desagradável em abrir a porta para Blaise Zabini e uma mulher baixa com cabelo curto que Harry tem quase certeza que é Pansy Parkinson.

O Que Fingimos Não Conseguir VerOnde histórias criam vida. Descubra agora