Capítulo 1: Prólogo

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12 dias após a batalha de Hogwarts, Harry pisa na entrada do Largo Grimmauld e abruptamente percebe que não pode continuar vivendo ali.

Ele anda pela casa de forma sistemática, quase cegamente, pegando e empacotando as coisas que são dele ou que ele quer guardar. Não tem muitas; ele não consegue nem olhar para o lugar sem ser invadido com a memória de uma pessoa que apenas... não é, não mais. Ele está enojado disso. Está cansado. Todo osso do seu corpo tem latejado por 2 semanas, como se todos os desafios do ano passado tivessem se acumulando até agora, e tem momentos que ele mal consegue respirar devido ao luto, momentos que ele tem que fechar os olhos e lembrar a si mesmo que acabou, eles ganharam, ele pode relaxar. Ele não sabe como - não tem certeza se um dia soube - mas reconhece que não pode continuar vindo para esse mausoléu que ele chama de casa sem acabar sendo engolido por isso.

Era a casa de Sirius. Harry sente uma culpa horrorosa subir pela sua garganta no escritório de seu advogado na tarde seguinte, mas o cara é profissional, quase simpático na sua praticalidade sincera e falta de julgamento. Ele diz "É claro, senhor Potter," e "Faz perfeito sentido, senhor Potter," e fala para Harry que ele pode assegurar que a casa irá para alguém que irá preservá-la, cuidar dela, manter o Monstro trabalhando - com um salário, ainda, se ele aceitar, ainda que Harry duvide que isso aconteça. Não parece o suficiente, mas faz tanto tempo que nada parece o suficiente que Harry não sente que importa muito. Ele assina alguns documentos e concorda com alguns termos, Sr. Bracefoot aperta sua mão, diz "Eu acho que você fez uma decisão excelente, sr. Potter, lhe mandarei uma coruja quando uma oferta boa aparecer," e então sua secretária acompanha Harry até a porta.

Harry aparata quase aleatoriamente para uma vizinhança trouxa perto do Caldeirão Furado, perto o suficiente para que ele possa andar até o Beco Diagonal se quiser mas não tão perto que ele precise se preocupar que seus vizinhos saberão quem ele é e vão vender fotos dele comprando leite para o Profeta. Ele analisa as ruas procurando por placas de "a venda" e então compra o primeiro lugar que ele encontra disponível, um apartamento com 1 quarto, encanamento barulhento e cozinha apertada, no 4o andar de um prédio antigo. Tem poucas qualidades, mas nunca foi ocupado por alguém que morreu tragicamente por sua culpa; isso, para Harry, é qualidade o suficiente.

Ele arruma um emprego como Auror, porque é o que ele sempre disse que iria fazer. Ele vai para um bar com Ron e Hermione e Gina, leva Gina de volta para seu apartamento com ele depois, porque é o que ele sempre achou que iria fazer. Ele da seu depoimento em alguns julgamentos - Aleto e Amico Carrow para condenar, Draco e Narcissa Malfoy para absolver - porque é o tipo de coisa que ele acredita que a pessoa que ele quer ser faria, e ele sabe que precisa tentar.

6 meses mais tarde, Sr. Bracefoot lhe manda uma coruja para dizer que um comprador fez uma oferta na propriedade dos Blacks, completa com uma relação sanguínea direta com a família e ainda se disponibilizou para fazer um juramento inquebrável de que não vai intencionalmente danificar a estrutura ou a magia presente na casa. Harry dispensou o juramento e assinou os papeis por coruja, soltando um longo suspiro de alívio ao ver o pássaro desaparecer no horizonte.

Hermione diz a ele, mais ou menos um ano depois, que o lugar se transformou em algum tipo de museu. Hary não presta muita atenção quando ela diz, ocupado olhando desconfiadamente para Gina e Neville que permanecem um tempo um pouco além da conta juntos no bar, mas ele se vira para ela quando ela pergunta se ele gostaria de ir lá e visitar. Seu olhar é afiado, quase sondando, e ele acha que isso pode ser um daqueles momentos em que ela acha que ele não está colocando - um ponto final, algo assim.

"Honestamente, Hermione," ele diz, dando de ombros, "se eu um dia voltar para aquela casa de novo, será cedo demais."

Ela concorda lentamente, e assim acaba. E se, as vezes, quando suas paredes parecem muito finas e seus arredores muito ordinários, seus canos muito barulhentos e sua cozinha muito pequena, Harry pensa em como aquela relíquia velha poderia estar quando limpa de toda as perdas que passou - bem. Ele é apenas humano, é natural se perguntar.

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notas: nada muito emocionante até ai, eu sei. o próximo capítulo já terá o pulo de 7 anos e bem mais ação, prometo. qualquer correção e feedback é super bem vindo. não esqueça de favoritar para que a história chegue a mais pessoas ;)

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