Capítulo 7 (parte 1)

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Eles entram em uma floresta.

Harry prende a respiração em choque; não consegue evitar. Eles estão parados em frente a um vale, olhando diretamente para um riacho que o corta. As árvores são semi alinhadas e, mesmo com a luz da lua e ainda não tendo chegado a primavera, elas brilham em verde por todo o lugar. Harry consegue ouvir pássaros cantando, o barulho uivado de corujas completando a sinfonia. O ar tem cheiro e gosto diferente do que tinha a um momento atrás - é mais fresco, mais limpo.

Harry, um pouco frenético, olha de volta para fora do portal, onde ainda consegue ver Londres Trouxa em toda a sua glória mundana, pintada em asfalto cinza. Ele olha de volta para o vale. Continua sendo surreal.

Draco dá um risada, que some na emensidão do lugar. "Legal, não é?"

"Legal," Harry repete, atordoado, ele não está nem ouvindo as palavras. "Malfoy, onde nós estamos?"

Draco sorri; quando ele fala, ele soa exatamente no tom que ele usa para as tours que ele guia no museu. "Então, tinha esse bruxo louco nos anos 1660 que estava convencido que o Beco Diagonal iria ser alvo de um terrível acidente - acho que um centauro falou isso para ele, talvez, eu não lembro agora. Enfim, ele comprou todo esse terreno achando que, quando esse desastre futuro acontecesse, as pessoas iriam querer reconstruir em um outro lugar. Surpreendentemente, aconteceu um terrível acidente com incêndios no Beco Diagonal em torno de 10 anos atrás, está lembrado? Mas mesmo assim ninguém quis sair de lá. É quase como se," ele adiciona, em uma voz mais exagerada, "bruxos se apegassem as suas casas e estabelecimentos, porque as estruturas desenvolvem personalidades com o tempo."

Harry suspira. "Você vai algum dia superar isso?"

"Superar não é muito a minha especialidade," Draco diz, desviando o olhar. Harry acompanha o seu foco até o riacho, olha a forma que a água corre. "Também não era a especialidade de Isidore Dribbler; esse era o nome, do cara que comprou esse terreno. Ele guardou esse lugar por toda a sua vida, tendo a certeza que algum dia todo mundo abandonaria o Beco Diagonal de vez e ele ficaria rico. Então ele morreu. Ele não teve filhos ou qualquer pessoa para herdar, e ele gastou todo o seu dinheiro na terra, que ficou aqui parada por séculos, escondida. Uma dessas coisas que... simplesmente é esquecida e apagada."

"Isso é..." Harry diz, mas antes que possa escolher entre insano, incrível ou alguma combinação dos dois, ele pergunta: "Espera, então como você achou?"

"Ah, anos atrás eu entrei em posse dos diários desse homem, que estavam no meio de uma coleção de livros que eu comprei em um leilão," Draco diz. "Eu faço isso as vezes; dá para aprender várias coisas interessantes assim. O velho caduco falou e falou por 600 páginas de como ele foi negado ao seu destino de ser dono do Novo Diagonal - não era muito criativo esse Dibller - mas mais ou menos na metade tinha um mapa que marcava o local para onde eu aparatei nós dois. Embaixo do mapa dizia 'Vá para o Local e Fale com seu Corpo como um Peixe para o Oceano; Só então Você poderá Andar o Caminho.' Então, eu. An. Bem." Draco dá de ombros, parecendo um pouco envergonhado. "Passei dois dias parado ali tentando falar com o meu corpo como um peixe para o oceano."

"O que?" Harry diz, já rindo, "Você ficou - se balançando no meio da rua?"

"Mais ou menos isso," Draco admite. "Os trouxas acharam que eu era algum artista de rua; jogaram moedas em mim. Não foi um dos meus momentos mais dignos."

Harry gargalha, só com a imagem disso rodando na sua cabeça, mas o som morre na sua garganta enquanto olha em volta. A lua está alta sobre a copa das árvores, feixes de luz dançando nas folhas, na água, nas plantas e animais que ficaram aqui por séculos, intocados pelo ser-humano. É lindo, de forma bruta e nem um pouco complicada. É simples. É puro.

O Que Fingimos Não Conseguir VerOnde histórias criam vida. Descubra agora