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Pai e filho desceram as escadas da casa e caminharam em direção ao escritório. O arquiteto abriu a porta para o mais velho e entrou logo após ele. O moreno estava preocupado, não fazia ideia do que o homem queria conversar com ele, o que lhe causava ainda mais nervosismo.



Bernardo caminhou pelo ambiente sob os olhares atentos do filho que permanecia em pé próximo a porta. Mais alguns passos e o mais velho pegou um porta retrato nas mãos e se sentou no sofá que havia ali.



— Senta, a conversa será longa. - avisou e apontou o lado dele no estofado.



— Pai, confesso que estou preocupado. - sentou ao lado dele.



— Sabe esse moleque da foto... - apontou para o porta retrato onde tinha uma foto de Germano criança sentado no colo do pai, enquanto o mais velho lhe ensinava a desenhar. — Ele sempre foi conhecido por seu talento com os desenhos, pela sua inteligência, educação, por ser o mais comportado da sala de aula, o mais esforçado da turma da faculdade e o principal de todos, conhecido por sua sinceridade. - suspirou e voltou seu olhar para o arquiteto. — Essa criança da foto eu acompanhei desde que era pequenino e o acompanho até hoje, mas eu gostaria de saber quem é esse que está ao meu lado. - se ajeitou no sofá. — O meu filho Germano nunca foi de omitir as coisas então, eu gostaria que você me apresentasse quem é a nova pessoa que está ocupando o corpo do meu filho, porque eu quero ele de volta agora. - o homem foi sincero.



— Pai... - passou a mão no cabelo, ainda não tinha entendido certamente onde o mais velho queria chegar. — Eu realmente não estou entendendo nada.



— Primeiro a história da Sofia da crise de asma e a questão da guarda, depois o namoro com a Lili e agora a viagem para a Itália. - continuava a segurar o porta retrato. — Sua mãe queria conversar com você, mas eu disse a ela que eu iria falar, porque ela está com vontade de arrancar seus cabelos fora. - riu levemente lembrando da ira da esposa. — Uma coisa é certa, Olívia falou que nós criamos vocês dois com liberdade para aprenderem desde cedo os limites de vocês, mas nós construímos uma ponte de confiança com vocês para justamente sermos as primeiras pessoas a quem vocês recorressem quando quisessem contar algo, comemorar ou chorar. - passou a mão no rosto. — Nós sabemos que vocês crescem e passam a escolher o que faz sentido para vocês, mas mesmo vocês grandinhos, vocês sempre nos contavam as coisas e de uns tempos para cá, nós estamos sabendo das suas coisas, pela sua irmã. O que aconteceu? Fizemos algo para você? Ferimos sua confiança? - o olhou preocupado.



— Claro que não, pai! Vocês não fizeram nada. - afirmou convicto. — Eu é que ando meio perdido de tudo. Sem saber o que fazer com muita coisa e isso tem tirado meu chão, porque eu sempre sei o que fazer, mas parece que perdi o controle da minha vida e isso está me enlouquecendo. - por fim, desabafou. — Parece que o tempo está passando e as coisas estão escorrendo pelos meu dedos. - falou sôfrego. — Não contei da Sofia, porque não queria preocupa-los, já que estavam na fazenda. Não falei da Lili, porque queria contar pessoalmente e não contei sobre a Itália porque não sei o que fazer. - coçou a barba. — Com a Clarisse e a dona Euzébia contando tudo antes de mim, faz parecer que eu quis que vocês fossem os últimos a saber, mas não é isso. Eu juro pela minha vida que não é isso! - explicou-se de forma nervosa, falando rapidamente.



— Calma, meu filho! - apertou o ombro dele lhe passando confiança. — Mas você consegue discernir por que chegou a esse ponto? - questionou calmamente.



— Ultimamente, as coisas na minha vida tem acontecido muito rápido. Você sabe que eu sempre fui muito organizado, meus passos sempre foram criteriosos, mas eu não tenho conseguido controlar nada. Estou parecendo esse moleque da foto, cheio de medo e só querendo um tempo para respirar e saber o que eu tenho que fazer. Não tenho conseguido isso, pai! Estou me sentindo angustiado. - as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto do arquiteto, lhe causando uma leve falta de ar.



Amor a segunda vistaOnde histórias criam vida. Descubra agora