Amor a segunda vista

Alinhamento

Olhar para o homem indo embora era tão doloroso quanto imaginar que uma simples atitude dela poderia ter mudado todo o desfecho daquela história que estava apenas começando e que foi interrompida de forma traumática.

O amor tem dessas.

Ou é 8 ou 80, ou o amor te cura ou ele te fere profundamente. Nem sempre temos o poder de escolher o que ele fará, mas na maioria das vezes são as nossas escolhas que diferem a conclusão de uma história, seja ela de amor ou de qualquer área da vida.

A empresária teve chances de resolver o seu problema antes, mas adiou. O medo foi maior e a prendeu na ideia de que esperar o desfecho do universo, seria melhor que resolve-lo de forma sincera.

Afinal, o que mais magoou o arquiteto foi exatamente a omissão, obviamente que o fato dela ter usado ele foi uma situação grave, mas esconder a história por trás da motivação doeu ainda mais, porque aquilo quebrou toda e qualquer espécie de confiança que ele tinha nela.

Eles haviam voltado a estaca zero e agora, para o moreno, ela era apenas uma colega do passado. O futuro era sua filha, a Itália e todos os outros planos que ele tinha em mente para continuar focado na realização de seus sonhos. O amor havia voltado a ser uma ideia fantasiosa da literatura.

— Tia Lili. - Sofia sussurrou ao se aproximar e abraçou a mulher, que acabou por não conseguir mais segurar as lágrimas. — Vai ficar tudo bem, ele não vai demorar. São só seis meses. - tentou acalenta-la.

— Eu errei feio com o seu pai, queria pelo menos pedir perdão antes que ele se fosse. - contou ao se agachar na altura da menina.

— Germano precisa de um tempo longe, querida. Se vocês conversassem agora, não sairia nada de bom. Vocês só se machucariam mais. - a mãe do arquiteto falou com cautela ao se aproximar das duas.

— Dona Olívia, me perdoe pela minha atitude. Sei que fui inconsequente e não há uma explicação para o que fiz, mas...

— Não precisa pedir perdão. - a interrompeu e estendeu a mão para a loira que pegou e abraçou a ex sogra. — Eu sei que meu filho está triste e meu coração de mãe fica apertado por ele, mas tudo na vida tem um propósito. O importante é que você se arrependeu do que fez, irá aprender com os processos da falha e vai evoluir ainda mais. - sorriu e começou a limpar as lágrimas que caiam no rosto dela.

— Devia ter seguido seu conselho, seu Bernardo. Fui uma grande idiota! - constatou ao olhar para o ex sogro.

— Todos seremos idiotas pelo menos umas mil vezes na vida, alego que esse não é um número exato. Provavelmente, seremos mais vezes do que isso. - riu. — Mas um ato de idiotice sempre vem acompanhado de ensinamento. Tome esse momento como um aprendizado. - apertou o ombro da loira. — Foque em cuidar de si agora. Respire, descanse. As coisas se ajeitam no tempo certo. - ponderou.

— O papai sempre fala que o tempo cura tudo. - Sofia falou ao lembrar.

— É, Lili. Apesar de eu ter ficado brava na hora em que tudo aconteceu... - confessou e soltou um riso leve. — Hoje eu entendo o que você fez e porquê fez. Tarcísio me explicou tudo com calma. Eu acho que no seu lugar, eu também faria a mesma coisa. Exceto a parte de enganar alguém, porque eu acho que tudo tem limite, mas... - suspirou. — Não vou te dar bronca, você precisa de um ombro amigo e não de correção, a vida se encarregará de entregar a colheita exata de cada plantação. - Clarisse falou. — Aliás, parabéns pela coragem de desmascarar o larápio do Horácio. Está tudo na mídia, você foi genial.