2- 𝙀𝙪 𝙫𝙤𝙪 𝙩𝙚 𝙥𝙧𝙤𝙩𝙚𝙜𝙚𝙧

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Fui até a biblioteca no intervalo para pegar um livro que tinha lançado recentemente, que eu estava em êxtase para ler

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Fui até a biblioteca no intervalo para pegar um livro que tinha lançado recentemente, que eu estava em êxtase para ler. Andei dentre os corredores procurando a obra nas prateleiras. No momento em que estava próxima do fundo da biblioteca, escutei alguém chorar. Me aproximei mais e pude ver e reconhecer quem era, a garota nova da minha turma. Ela estava sentada no chão abraçando as próprias pernas, com o rosto escondido, assim não pode ver que eu me aproximava. A cena amoleceu o meu coração, pois ela se tremia e chorava baixo, provavelmente com medo de que alguém lhe escutasse.

-Hey -Me agachei na sua frente- Está tudo bem? -Posei a minha mão na sua cabeça fazendo um leve carinho. Não obtive uma resposta, ela continuava chorando.

-Quer sair daqui? -Ela assentiu balançando a cabeça. Ajudei a menina a se levantar e fomos para os fundos da escola, lá tem uma portinha que leva para uma sala com alguns itens de limpeza abandonados, eu ficava lá quando estava chateada ou quando queria fugir de alguma aula chata. Tive sorte dos corredores estarem vazios, já que os alunos encontravam-se no refeitório aproveitando o intervalo. Ao chegar no cômodo, a coloquei em cima de uma mesa velha de madeira que havia por ali e fechei a porta.

-Podemos ficar aqui por enquanto, tá bom? -Lhe disse, ela apenas concordou. Tinha a mente longe, parecia pensar em algo. Seus dedos estavam brincando com os botões de sua própria camisa e os pés balançavam freneticamente, atos de ansiedade, pensei. Puxei uma cadeira também velha que estava ali, puis de frente para ela, e me sentei.

-O seu nome é Yuqi, certo? -Assentiu finalmente olhando nos meus olhos, me dando uma bela visão de sua íris castanha, que agora se encontravam fortemente vermelhas, pelo excesso de choro, bem diferente das que vi quando o professor lhe apresentou para a turma, e confesso gostar mais da versão anterior.

-Você quer contar o que aconteceu? -Me aproximei mais segurando nas mãos dela, passando segurança. -Eu prometo que não vou lhe fazer mal.

-A Yuqi sofreu bullying -Respondeu chorosa, falando na terceira pessoa. Me surpreendi pela forma dita, mas não pude deixar de achar fofo. -Por ter as orelhas do vovô. -Seus olhos se encheram de lágrimas.

-Como assim? -Confusa, perguntei. Ela abaixou o capuz de seu casaco revelando suas orelhas. Arregalei os olhos em choque, é uma híbrida?! Achei que essas coisas só aconteciam em filmes! Como era possível?

-Ai meu Deus! -Me espantei me levantando bruscamente da cadeira, dando passos assustados para trás, ato esse que machucou a garota a minha frente, que se escolheu com medo. Me senti culpada quando vi seus olhos marejando. -Calma! Eu não vou fazer nada com você! -Andei até ela rapidamente.

-E-eu to com medo deles. -Choramingou, suas orelhas se abaixaram como as de um cachorrinho quando estavam tristes. Ok, eu não posso compara-la com um cachorro. Mas era fofo.

-Vai ficar tudo bem. -Abracei a ruiva com certa força. - Eu vou te proteger. -Ela se agarrou a mim, soluçando alto. Senti um aperto no coração ao vê-la daquele jeito, eu precisava fazer algo, não iria deixar caçoarem dela por ser uma híbrida. 

(...)

-Essa é a minha casa -Joguei nossas mochilas no sofá, como sempre fazia. Morar sozinha tinha certas vantagens. -Vamos ficar aqui até a aula acabar. -Me sentei no estofado (na verdade, praticamente me joguei). Bati no sofá indicando para ela se sentar também, e assim ela fez.

-Não vamos arrumar encrenca matando aula? -Perguntou-me, parecia ser do tipo de 'garota certinha', provavelmente nunca havia feito isso. Já para mim, matar aula é algo que sou acostumada a fazer, principalmente com minhas amigas. E por falar nelas...droga. Eu não me preocuparia em matar aula se elas soubessem que eu estaria fazendo isso, agora tenho que me preocupar, pois provavelmente Soojin está mandando a polícia, ambulância e até o Papa atrás de mim.

-Não, fica de boa. Eu sempre faço isso e eles nem dão falta -Tentei tranquilizar a garota. 

-Onde estão os seus pais? -Olhou em volta, tentando encontrar alguém.

-Eu moro sozinha, é uma longa história. -Suspirei, não queria falar desse assunto, nem ferrando. Logo tratei de mudar o rumo da conversa. -Mas então... As suas orelhas... -Não queria ser intrometida, mas a minha curiosidade falava mais alto. -Você nasceu assim...ou...? -Perguntei interessada.

-Ah, isso... -Abaixou a cabeça, provavelmente não querendo falar sobre. 

-Se você se sentir desconfortável não precisa me contar, ok? -Pousei a minha mão sobre a sua.

-É que...ninguém além do meu pai sabe sobre isso. -Ergueu o seu rosto. -Se ele descobrir que alguém mais sabe, posso estar encrencada. -Pareceu pensar durante alguns instantes. -Mas...como você foi legal comigo, eu vou te contar tudo.

-Tudo? -Ajeitei minha postura, prestando atenção no que estaria por vir.

-Sim.

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