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-Por favor parem! -Gritava rouca após derramar diversas lágrimas.
Esse era o preço a se pagar por enganar seu criador, seu Deus. Era assim que ele queria ser visto, como o Deus de Yuqi, Song Yuqi. Essa pobre garota que acabou sendo amaldiçoada ao cair nos braços do pior humano que pisou na terra.
Ele não teve uma infância boa, o que pode se justificar a pessoa que ele é agora. Passou por dificuldades na adolescência com os seus pais controladores, que cobravam muito do garoto. Passou anos da sua vida trabalhando num projeto que desse orgulho para a sua família; que se foi antes mesmo dele terminar. A morte dos seus parentes lhe trouxe revolta, e acabou usando a poção que havia criado, de uma forma errada.
O que atingiu uma criança que passeava pela floresta, onde ficava o seu estúdio secreto de criação. Essa criança era Song Yuqi. Ela nunca mais viu os seus pais; o cientista teve que criá-la, aprisiona-la, para tentar reverter o que havia feito.
Mas isso durou anos, anos, anos e anos. Yuqi cresceu dentro daquele estúdio; na sua cabeça Edarwad, o cientista, era seu pai. Não se lembrava do que a ocorreu anos atrás, era pequena demais. Se sentia estranha por passar por tantos testes todos os dias. E também ficava magoada quando seu "pai" lhe machucava todas as noites, das piores formas, dizendo que aquilo era para o seu bem.
De certo era mentira. Ele estava apenas se aproveitando do corpo da híbrida para descontar toda a sua raiva e frustração por seu plano, que trabalhou por anos, não ter dado certo. O que diriam os seus pais naquele momento? Eles estariam contentes com o futuro daquele rapaz? Não, claro que não.
Desgosto, apenas desgosto.
Quando Yuqi completou 17 anos, pediu para o seu "pai" um presente diferente dos demais. Ela queria sair, ver o mundo a fora. Ele nunca deixou isso acontecer, dizia que o mundo era perigoso, com pessoas perigosas. Ela podia se dar mal, muito mal. Mas então, depois de muito insistir, ele aceitou.
Eles não foram muito longe, é claro. Foi um passeio breve pelo shopping da cidade. Yuqi ficou maravilhada, era simplesmente incrível! E na mesma noite, ocorreu algo, que mudou a vida de ambos completamente.
Yuqi fugiu.
Após uma briga entre os dois, Yuqi escapou. Ela não aguentava mais ficar presa, por que não podia viver como as outras pessoas? O que tinha de errado com ela? Eram as orelhas? Saiu andando por ai, sem rumo. Não sabia o que fazer, onde chegar, não tinha para onde ir. Escapou mas acabou por ser pega, um dia depois. O seu "pai" lhe achou e o estrago foi feito.
05/08/2016 |China Continental
-Por favor, parem! -Gritava rouca após derramar diversas lágrimas
-Não adianta suplicar por perdão agora, Yuqi -Edaward comentou observando a cena; estava sentado numa poltrona avaliando a situação -Você fugiu, e agora vai pagar por isso.
-Rapazes! -Logo mais três homens entraram na sala, junto dos outros dois (menos Edaward) fizeram uma roda envolta da garota e começaram a despi-la para iniciar a sessão de tortura.
-Por favor papai! -Se debatia desesperadamente; era inútil, pois as cordas estavam amarradas fortemente.
(...)
A sala estava gelada. Não sabia ao certo se era manhã ou noite, não tinha noção do tempo. Logo veio a sua mente as lembranças do que tivera acontecido na noite anterior, a pior noite da sua vida.
Olhou para o seu corpo e voltou a chorar novamente. Ela tinha diversas feridas, e sangrava fortemente. Não se pode contar o que haviam feito, é pesado demais para saberem. A porta se abriu, e ela viu ali, o seu "pai". Yuqi se perguntava se podia chamar o homem de "pai". Ele machucava, maltratava, e fazia de tudo para deixá-la para baixo. Então, poderia ser chamando de "pai"?
-Quero que saiba Yuqi, que fiz isso tudo apenas para o seu bem -Uma típica frase que ele dizia após todas as torturas
-Você fugiu! Tem noção do que poderia ter acontecido com você? -Caminhou até a primeira corda e a desamarrou -Eu entendo que queira sair, mas não é seguro -Desamarrou a segunda e a terceira -As pessoas não estão prontas para te conhecer, e você não está pronta para conhecê-las -Se aproximou
-É pelas minhas orelhas? -Perguntou num fio de voz, abraçando o próprio corpo
-Sim, elas...não são comuns -Acariciou a pele machucada
-M-mas, e se eu cobri-las? -Se encolheu com o carinho repentino do mais velho
