Maldito beijo

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História tem como uma temática o BDSM (mas claro q isso não é a única coisa retratada aqui), vai ter ação, investigação, romance e uma Alex dando chicotada pra lá e pra cá... literalmente 🤭😝😂

*******  Alex intersexual    *****

No mais BOA LEITURA !!!!

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Um ano atrás

 Edifício J. Edgar Hoover. Washington D.C

Ninguém nunca sabe quando seu telefone vai soar, não é mesmo? O dia tem vinte e quatro horas, é longo para muitos e curto para outros... por que seu telefone decidiu soar como um histérico descontrolado justo naquele preciso momento?

Estava a ponto de responder a pergunta número quinze da sua transcendente entrevista psicotécnica: "Como agiria se tivesse o assassino da sua 'hipotética' filha na sua frente?, perguntou o psicanalista.

Até então, tudo estava saindo muito bem. Controlava o tic do seu pé, tinha as mãos cruzadas sobre o ventre, e escutava com porte sereno o interrogatório daquele especialista em controle mental. Piper havia cuidado da sua aparência; informal, mas ao mesmo tempo sério. Jeans justos, sapatos negros de salto não muito altos, um blazer curto da mesma cor e, embaixo, uma camiseta sem estampas e ligeiramente colada ao peito. Prendeu o cabelo sedoso e loiro num coque alto, estético e respeitável; os óculos de armações negras, que a propósito não precisava, outorgavam um toque mais interessante e menos infantil aos seus olhos amendoados e felinos de cor azul.

Só havia uma mesa que se interpunha entre seu futuro mais estimado e sua intranscedente realidade como policial da cidade de Nova Orleans. A sala onde acontecia a entrevista era espartana, não tinha móveis. Do teto pendurava uma lâmpada que iluminava diretamente seus rostos. As paredes eram brancas e nem sequer tinha cortinas na solitária janela. Quanto menos objetos houvesse que distraíssem a atenção dos interrogados, mais fácil seria ler suas mentes.

—  Senhorita Chapman? —  arqueou as sobrancelhas com expressão contrariada.

Naziiistaaaaaaa! Naziiistaaa!, repetia o celular.

— Não tenho filha, senhor. —  contestou com cara de "não-está-soando-nenhum-celularque-chame-o-Hitler"
Piper lambeu os lábios. Suas mãos se umedeceram e, sem querer, seus olhos se desviaram à sua bolsa, justo na cadeira que havia ao lado do senhor Stewart, colada à parede. Se tão somente pudesse pegá-la e...

— Estamos aqui para analisar suas reações diante de cenas de alto risco emocional, senhorita Chapman. Ponha-se na situação, por favor. A empatia é um dos traços característicos dos agentes. — Me perguntou no caso de eu ter uma filha? —  pigarreou, desejando dar uma pedrada no celular.

Naziiistaaaaaaa! Naziiistaaa!, agarre-o ou receberá um golpe de mangueira!, cantava o tom de chamada que personalizava sua mãe, Patrícia. Que conste que a amava muito, mas era uma dessas mulheres que quando não atendiam seu telefonema de primeira, no espaço de umas horas aparecia na porta de sua casa com dois policiais para comprovar se tudo estava bem.
Sim. Patrícia era um pouco hipocondríaca.

Naziiistaaaaaaa!, Atenda, esta mulher espirra dizendo: Auschwitz!

Não baixaria o olhar. Não o faria. 
Aguentaria estóica os óculos brilhantes do psicólogo que devia avaliar suas aptidões psíquicas e emocionais, e faria como se não houvesse um tom polifônico a alertando sobre os riscos de não atender a chamada de uma possível ultradireitista. Esperava que o senhor Stewart também tivesse a mesma facilidade de abstração que ela.
 
O homem, que rondava os sessenta anos, subiu com o polegar as lentes de metal. 

Dragões e Masmorras DSOnde histórias criam vida. Descubra agora