Capítulo 14

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Enquanto Rosa se preparava para o baile na Mansão do Conde Boldary, se perguntava se George estaria lá. Se ele iria chamá-la para uma dança. Se demonstraria alguma afeição publicamente por ela. Caso ele o fizesse, ela ficaria mais aliviada e se permitiria dar asas aos seus sentimentos e imaginação. Se ele não o fizesse, ela saberia que quando o interrompeu para falar da tempestade no encontro do dia anterior, realmente havia algo errado. E apesar de torcer para que estivesse tudo bem entre eles, não podia deixar de sentir aquela sensação um pouco amarga no estômago.

O único problema era que... Rosa já estava apaixonada por George. Por mais que tentasse controlar os próprios pensamentos, não conseguia deixar de pensar em como seria passar o resto da vida com ele. Imaginava que traços seus filhos herdariam dos dois e em como poderia ser feliz ao lado dele. Ela provavelmente sofreria uma desilusão dolorida. E se fosse parar para analisar a situação, era como aquele jornal horrendo havia pontuado. Qual era a chance de alguém como George Winter de família extremamente popular e inalcançável poder se casar com alguém como Rosa, que possuía uma família comum, fora dos padrões com um passado ligeiramente escandaloso, um corpo fora de moda e indesejável, e que além disso era rebaixada pela sociedade que insistia em lhe maltratar como se não tivesse sentimentos.

Mesmo que existisse alguma chance de George nutrir algum sentimento por ela, tal emoção seria rapidamente calada pela razão, seja a dele ou da própria família. Era raro ocorrer casamento por amor entre a elite ou realeza inglesa. Rosa não se surpreenderia caso o Duque já tivesse planos matrimoniais para o filho. Para todos os filhos. E que homem seria louco de ir contra os desejos do Duque. Eles poderiam ser deserdados, e que homem que nasceu e cresceu no luxo abriria mão de tal vida pelo amor? Teria que ser um amor muito forte, e ainda sim, poderia ser suprimido pela rotina.

Não... a vida infelizmente não era um romance literário. E Rosa tampouco era a protagonista.

Cada vez que a carruagem chegava mais perto da mansão, Rosa ia perdendo o fôlego com a sensação nauseante que se alojava em seu estômago. Ela respira fundo com dificuldade algumas vezes para controlar a ansiedade e manter a comida dentro de si.

- Rosa, está um pouco pálida? Tem certeza de que está bem? - Perguntou Jane preocupada no banco à sua frente na carruagem que sacolejava sobre os buracos das ruas de Londres.

- Estou bem Jane, é o sacolejar da carruagem que está me deixando um tanto nauseada. - Disse Rosa olhando pela janela da carruagem, e evitando o olhar da dama de companhia. Ela não precisava olhar para saber que a mesma a olhava suspeita.

Elas chegaram na mansão, Rosa pegou seu cartão de danças o que era um pouco inútil já que sempre ficava vazio e se dirigiu ao toalete. Ela jogou água fresca no pescoço e colo e respirou fundo. Precisava encarar seus problemas de frente. Por mais que tenha fugido no dia anterior, agora isso a corroia por dentro. Precisava saber, precisava ser fiel ao seu próprio coração.

Saiu do toalete de cabeça erguida e um pouco mais calma, e quando ia entrar no salão de baile ela ouviu uma voz já conhecida falando coisas horrendas. Rosa parou para ouvi-la. Lauren Bowes, filha do Conde de Sunssex e suas amigas igualmente cobras pareciam ter encontrado outra vítima para despejar seu veneno. E a vítima parecia não saber muito bem como lidar com aquela situação. Por alguns segundos parecia que Rosa havia voltado ao passado em sua primeira temporada, que ela havia ansiado e desejado com tanto afinco e fora recebida da pior forma possível. Definitivamente teve que lidar com essa frustração por toda a temporada. Não. Na verdade ela não lidou. Ela chorava como uma criança toda noite antes de dormir, e teve que sobreviver a sua primeira temporada sendo alvo do escárnio da sociedade. E quando foi para casa procurou desesperadamente uma forma de se moldar ao padrão que lhe foi imposto durante toda sua estada em Londres.

Amor para uma Rosa (Irmãos Winter 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora