Injustiça

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Existem mulheres que parecem ter nascido finas e elegantes. Mulheres que dormem e acordam chiques, não precisando fazer esforço algum para manter o grau elevado da finesse. Essa era Carina Deluca.

Andava com as costas retas, e nunca com as pernas abertas. Era delicada, educada, de fala baixa e mansa, na maioria das vezes. Controlada na bebida e na alimentação, não se permitindo o exagero jamais. Nunca saia de casa com a cara limpa, obviamente temerosa de algum flagra por parte dos paparazzi's. Mantinha unhas, cabelos e vestimentas sempre impecáveis. O que quando criança era considerado tortura, hoje em dia havia se tornado natural, espontâneo e automático.

A morena, acompanhada pelos seguranças, chegou ao restaurante escolhido por sua amiga, a consulesa da França, dentro do horário marcado. "Não é de bom tom atrasar-se, nem mesmo sendo você uma noiva, Carina." Já dizia sua mãe quando ia lhe dar as lições de etiqueta.

Deluca trajava um Red Valentino evasê branco com recortes frontais abaixo da linha dos seios. Seu colo estava adornado por um belíssimo colar de pedrarias preciosas em forma de flores. O cabelo escovado para trás, bem como sua maquiagem leve, acabavam de compor o elegante visual.

- Mas como pode o tempo passar e agir como um rejuvenescedor natural para você? - Carina sorria abertamente para a mulher de cabelos lisos e castanhos abaixo dos ombros, olhos azuis, corpo esguio e sutileza dos movimentos.

- A recíproca é completamente verdadeira. - Marie abraçou a herdeira presidencial por alguns segundos - Como vão os seus pais?

- Bem, vão bem. Estão em missão diplomática na África.

- Oh, céus. Visitei Angola há seis anos aproximadamente e nunca mais tive a chance. Tem suas peculiaridades, sua beleza...Eu gostei.

- Não pude acompanhá-los, mas quem sabe em uma próxima oportunidade, não é mesmo? - Ambas afagavam as mãos uma da outra, após sentarem-se na mesa reservada ao fundo - E o seu esposo?

- Pierre é como seu pai: cheio de tarefas inadiáveis por conta de sua posição social e sem tempo algum para viver. - Deluca deu uma breve risada.

- Não é caso de rir, porém a realidade é tão grotesca que chega a ser cômica, não? Mas, enfim, foi a vida que escolheram. Não há motivos para questionarmos.

- Nisso você tem plena razão.
A conversa seguiu frívola, porém agradável para as amigas. Falavam sobre animosidades, compromissos, moda, sobre o universo feminino em geral.
Fugindo do trivial, a consulesa optou por um local temático, enraizado em outra cultura européia. Restaurantes italianos são muito conhecidos por sua ambientação romântica e amigável, o que creditou uma afeição maior pelo encontro por parte das duas mulheres.

O cardápio foi simplório: antipasto de berinjela e abobrinha, risotto ao funghi, cordeiro em crosta de ervas e pannacotta com calda de framboesa como sobremesa. Acompanhando os pratos, Marie e Carina optaram por um Pinot Noir, o tinto leve por excelência.

Enquanto a morena degustava uma refeição completa, Bishop apenas "engoliu" seu sanduíche, preocupada com os ponteiros do relógio que pareciam movimentar-se com mais rapidez naquele momento. Seguiu para os seus aposentos, onde tomou uma ducha rápida, mantendo-se no mínimo apresentável para quando o médico chegasse.

E ele não demorou. Em um pouco mais dos trinta minutos mencionados por Sullivan, lá estava o Dr. Richard, na Casa Branca, à procura de Maya. Contrariada, a moça apresentou-se com um sorriso forçado, recebendo outro em troca. Eles permaneceram em uma espécie de escritório com mobiliário ergonômico, janela ampla que proporcionava uma visão da área externa, e decoração minimalista, com poucas interferências visuais. Havia um divã, onde o profissional da saúde pediu que a loira se deitasse.

A Filha do Presidente ( adaptação )Onde histórias criam vida. Descubra agora