Suspeitas, eu e você

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Quando se inicia um relacionamento amoroso no Facebook é notado um decréscimo significativo no número de publicações e um aumento no uso de palavras que indicam sentimentos positivos, tais como "feliz", "carinho", segundo um estudo realizado pela própria empresa.

Se Maya e Carina pudessem expor suas vidas pessoais, e utilizassem a rede social para isso, com certeza encheriam os posts de corações e outras propriedades dos apaixonados.

Quando o amor bate à porta, tudo parece mágico: coração disparado a cada vibração do celular, o sorriso abobalhado que se estampa no rosto e parece não mais se dissipar, e o coração se enchendo de expectativas de uma vida com histórias felizes para compartilhar com futuros herdeiros. O início do namoro é quase sempre um conto de fadas, afinal, quando a intimidade ainda é inicial e você quer agradar muito a pessoa amada, os clichês invariavelmente são a base desse caminho a dois, que vai sendo construído aos poucos.

Do momento em que a filha do presidente foi embora da casa dos pais de sua namorada até a manhã seguinte, a loira e ela trocaram inúmeras mensagens.
Arriscaram até uma ligação quando já estavam quase sendo tomadas pelo sono, para poderem "adormecer" juntas. A atitude era tão similar à de adolescentes cegas de paixão que até fizeram-nas esquecer que estavam aproximando-se da meia idade.

O problema é que Carina gozou de sensações deliciosas somente até despertar. A morena mal conseguiu abrir os olhos na manhã seguinte devido ao incômodo que se dava em sua cabeça por conta de uma enxaqueca forte. Com esforço, levantou-se, banhou-se, vestiu o primeiro conjunto de roupas que encontrou em seu closet, e nem sequer ateve-se à maquiagem para disfarçar seu semblante abatido, uma vez que de nada adiantaria.

Seus pais já estavam degustando o desjejum, entreolhando-se quando miraram a aparência horrível da herdeira.

- Mas o que houve, querida? - O Sr. Presidente indagou, preocupado.

- Onde você esteve ontem que ficou destruída dessa maneira? Nem um batonzinho, filha? - Lucia ergueu o braço para tocar no rosto da morena, que esquivou-se, balbuciando uma reclamação em seguida.

- Ai, Deus! Estou com aquela crise terrível de enxaqueca. Eu ia pedir para subirem com o meu café, mas... Ah, mamãe, pode me dar um antialérgico daquele mais forte que você tem? O meu acabou.

- Coma primeiro, minha filha. Não pode ingeri-lo de estômago vazio.

- Sim, papai. - A mulher encheu a xícara de café que, ao reverso do que muitos médicos contra- indicam, fazia bem em suas crises.

- Querida, sabe o que ocasionou essa dor? Geralmente você a tem por causa da alergia, mas desencadeada por um alimento. - A matriarca da família questionava enquanto degustava sua torrada com cream cheese.

- Eu fui à Baltimore dar uma volta e acho que comi amendoim.

- Acha? - Vincenzo franziu o cenho.

- O gosto parecia de alguma essência, algo artificial, então não me preocupei. Mas pelo visto era amendoim mesmo. De artificial não tinha nada.

- Coma direito, Carina. Medicamentos fortes prejudicam o estômago. Aqui, o iogurte. - Lucia pegou a tigela, colocando em frente à filha.

- Tinha algum compromisso em Baltimore ontem do qual eu me esqueci? - O presidente questionou, erguendo o sobrolho direito como se estivesse buscando algo no fundo de sua memória.

- Não, papai. Fui mesmo para espairecer, somente.

- Não me admiraria se sua enxaqueca tiver um fundo emocional. Essa história da candidatura está lhe preocupando, não está? - A primeira-dama alisava o dorso da destra de Deluca.

A Filha do Presidente ( adaptação )Onde histórias criam vida. Descubra agora