Uma surpresa para Maya

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Depois de servir como sala de reuniões e até de sinuca, a sala de mapas da Casa Branca, recebeu esse nome por conta de Franklin D. Roosevelt durante a Segunda Guerra Mundial, onde o até então presidente, usou o cômodo como uma "sala de guerra", onde reunia mapas para planejar estratégias. Nos dias atuais servia para diversos propósitos, porém mantendo os antigos mapas nas paredes por lembrança histórica.

Vincenzo estava nessa sala observando Carina e Megan caminhando pelos jardins em direção à parte interna da residência. O homem fechou os olhos por alguns segundos, sorrindo, apesar da tristeza que carregava dentro de si. O Sr. Deluca teve a sua família desmantelada de uma forma dolorosa, mas, em contrapartida, ganhou  uma porção extra de aprendizado e sabedoria. Resiliência agora era a sua palavra-chave. Complacência também, talvez.

Lidar com a presença de Meg - fruto de uma traição que sofrera pela mulher que amou por tantos anos, e ainda amava - dentro de seu lar, era, no mínimo, difícil e confuso. Mas a pobre não tinha culpa dos erros alheios, menos ainda podia sofrer com o amargor de uma dor que não a pertencia.

Vincenzo sorriu pensando em tudo aquilo. Ele não sabia qual era a decisão certa a se tomar, ele não sabia o que fazer, porém tentaria seguir pelo caminho menos óbvio, mas o que lhe parecia mais assertivo.

À passos lentos, o homem dirigiu-se até a ala leste da Casa Branca, onde ficavam os quartos. Ao passar por um dos agentes, se informou de que Carina e Lee haviam seguido para os seus aposentos. O presidente resolveu ir atrás delas no intuito de verificar se estava tudo bem, e para conversar um pouco, o que para ele era o mais importante.

- Posso entrar? - Vincenzo colocou parte da cabeça para dentro do quarto onde a ruiva estava hospedada, através da porta entreaberta.

- Pai! Claro que pode entrar! - A herdeira abriu um sorriso genuíno ao ver o seu progenitor adentrando no cômodo.

- Eu vim ver se está tudo tranqüilo por aqui. Melhorou, Megan?

- Estou melhorando, aos poucos. Não é uma coisa que se diga "nossa, como ela está melhorando", mas pelo menos não morri, não é? - Meg fez todos rirem, com a sua irmã meneando a cabeça em negativa.

- Fico feliz em ouvir isso. Estar viva é um ponto muito admirável mesmo. - O presidente suspirou profundamente, intercalando o olhar entre uma mulher e outra.

Foi uma questão de segundos para que pairasse uma nuvem acinzentada sobre os três. Carina engolia em seco de um lado, Vincenzo pigarreava de outro. Lee direcionava a sua atenção para os seus dedos que enrolavam a ponta do lençol em nervonismo. Ninguém sabia como agir e nem quem tomaria a iniciativa para quebrar aquela corrente de estranheza. A morena - corajosa como havia ficado - foi quem o fez.

- Pai, nós temos que te contar uma coisa.

- Que coisa?

- Lucia foi ao hospital antes da minha alta e me deu... - A ruiva abriu o livro que estava sobre o criado mudo ao lado esquerdo da cama, retirando dentre as páginas, os escritos de desabafo da primeira-dama - ...essa carta. Leia. - Megan caminhou até o homem, estendendo-lhe o papel.

O presidente leu parágrafo por parágrafo, linha por linha, fazendo um esforço sobrenatural para conter a emoção, bem como as lágrimas. Ao término, ele dobrou a carta onde já estava marcado, colocando-a sobre o colchão, perto da ruiva.

- Como disse Platão: "Não existem verdades absolutas". O único fato fixo desse mundo, invariável e inalterável que não existe, em nenhuma hipótese, é círculo quadrado ou um quadrado redondo. De resto, tudo é possível. Eu não posso ter certeza se Lucia diz ou não a verdade. Eu não tenho certeza nem do que estou sentindo nesse momento. E apesar de tudo o que ela fez, de toda a dor que me causou, que causou a vocês duas, prefiro não julgá-la. Na verdade, prefiro nem pensar nesse assunto por ora. É impossível não lembrar de Lucia , mas é possível não ficar divagando sobre as suas atitudes, e é exatamente o que farei. O tempo cura tudo

A Filha do Presidente ( adaptação )Onde histórias criam vida. Descubra agora