Novos sentimentos, quase um confronto

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Por que será que é tão difícil reconhecer os nossos erros quando errar faz parte da natureza humana? Talvez fosse mais importante e coerente nos atermos à forma como nos posicionamos diante do que foi cometido, do que no ato em si.
Maya sabia que Carina havia a dispensado somente de suas atividades laborais, e não de sua vida. Contudo, isso não a eximia do direito de sentir um aperto no peito ao lembrar-se do rosto da amada quando se despediram. Foi difícil obedecer, mas era mesmo preciso. O primeiro passo para reconquistar a confiança da filha do presidente seria não retrucar, identificando o que de mal tinha feito.

Ela poderia enganar as outras pessoas, mostrando-lhes que era perfeita, assim como a morena fez durante toda a sua vida, mas não poderia enganar à sua namorada, nem enganar à si mesma. Deluca tinha razão, assim como Andy, quando diziam que não reconhecer o erro a impediria de crescer e amadurecer. Seus atos dali em diante seriam essenciais para tornar-se forte e fazer diferente da próxima vez.

Ali, parada diante de um dos motivos de seu descontrole emocional, disposta a voltar atrás no que fez e pedir desculpas, a comandante estava demonstrando mais um sinal da coragem que lhe era peculiar, além de trazer a paz de espírito para si.

- Entra. - Megan abriu mais a porta, fazendo um gesto com a mão esquerda indicando que a loira passasse.

- Desculpa vir sem avisar, mas...eu precisava falar com você. - Maya, um tanto quanto constrangida, suspirou ao circundar o local com o olhar rapidamente.

A repetição de cores no ambiente reforçava a integração e dava a sensação de maior amplitude à casa. O ladrilho hidráulico próximo à pia, protegia o piso em madeira do restante do espaço. O balcão, que separava a cozinha da sala, servia como área de refeições, dando a sensação de simplicidade, de intimidade. Nada ali denotava ostentação, pelo contrário. Estranho seria se fosse diferente, dadas às condições financeiras da ruiva, mas em contrapartida, tudo parecia elegante e charmoso de certa forma.

- Não quer se sentar, comandante?

- Obrigada. - Deu-se um sorriso amarelo no rosto de ambas, e nada além disso.
Bishop sentou-se na pequena poltrona em suede bege, respirando o ar de estranheza que se dava entre elas. Aquela seria uma conversa difícil, deveras, mas um erro não poderia diminuir a loira, e sim, a humildade a engrandeceria.

- Então? A que devo a honra de sua ilustríssima visita? - A ruiva indagava, desdenhosa.

- Sem sarcasmo, por favor. - A agente federal bufou baixo - Eu serei breve. Estou aqui para... para...

- Para?

- Para te pedir desculpas. - Bishop "despejou" as palavras o quão rápido pôde.

- Desculpas?

- É. Eu exagerei. Não devia ter lhe dado aquele tapa, nem ter sido tão rude. Não te conheço direito, não sei direito o que a levou a fazer tudo o que fez. - A loira estava sendo sincera, mas aproveitava a deixa para observar as feições da outra com calma e imparcialidade, longe do estresse da situação que culminou na "briga" de ambas.

Maya precisava entender o que aquela mulher queria de fato, quem ela era realmente. Precisava descobrir se tudo o que Meg dizia era verdade, e nada melhor e mais eficaz do que usar os métodos usados na USSE para reconhecimento de mentirosos: a observância das reações corporais e das micro expressões faciais.

- E o que te fez vir aqui? Por que o pouco que lhe conheço me faz crer que não foi por iniciativa própria.

- Foi sim. - Lee estreitou os olhos para a comandante, que bufou imediatamente - Ok! Estou aqui por...por Carina e por mim também. Além disso, conversei bastante com uma amiga. Ela é uma das poucas pessoas que sabe de tudo o que acontece comigo.

A Filha do Presidente ( adaptação )Onde histórias criam vida. Descubra agora