Acordando do Pesadelo

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Quando abriu os olhos, Maya ficou surpresa ao descobrir que não tinha acordado em sua cama, nem que estava iniciando um novo dia de trabalho. Sua rotina se dava em levantar um pouco preguiçosa, fazer suas necessidades fisiológicas, bem como sua higiene matinal, tomar um café da manhã reforçado com seus suplementos alimentares de acompanhamento, executar quatro séries de cinqüenta abdominais cada e, por fim, duas séries de vinte e cinco flexões. Às vezes arriscava mais algum outro exercício para a perna, o que dependeria do horário estando avançado ou não. No entanto, naquele momento, nada era como deveria ser. O certo seria Bishop acordar e as lembranças dos tiroteios, das explosões e de todo o furdúncio causado pela invasão, não passarem de mero pesadelo, apagando-se de sua mente conforme ela despertava.

A loira acordou no hospital. Havia um policial no quarto de costas para ela, assistindo ao noticiário que passava na televisão. Imagens da Casa Branca antes e depois da destruição, as fotos de algumas vítimas, gráficos do poder bélico dos bandidos versus dos armamentos disponíveis pelas tropas americanas, desfilavam na tela como se fosse algo corriqueiro. A agente fechou seus olhos novamente. Estavam secos, arenosos. Suas pernas doíam e seus braços latejavam, principalmente o direito, que estava com a tipóia. Aos poucos as lembranças foram tornando-se mais nítidas, os borrões foram tomando formas e cores, e tudo o que a mulher quis foi ter uma amnésia recorrente.

- Ela acordou. - A voz fora reconhecida como sendo a do comandante e fazia-se ouvida bem perto dela.

Não o tinha visto quando abrira os olhos e parecia mais fácil apenas imaginá-lo, tamanho o seu desânimo.

- Oi. - Apesar de todo o tormento pelo qual passou, o tom de Maya ainda mantinha-se firme.

- Vou chamar um médico. - O policial saiu tão logo da afirmativa de Sullivan.

- Você está bem? - O homem parecia tenso, agitado. Havia cortes e escoriações pelo seu rosto e pescoço, nada relativamente sério diante do julgamento comprometido da paciente ali deitada.

- Na medida do possível. - A loira forçou um sorriso, pondo-se a ajeitar o seu corpo na tentativa de sentar na cama. Robert prontamente foi auxiliá-la, recebendo um par de olhos esverdeados a revirar para ele - Está bom assim. Obrigada. - A agente tentava retribuir a gentileza não sendo grosseira.

- É surreal estarmos aqui. - O comandante falava mirando um ponto qualquer abaixo da linha de sua cintura - Se não fosse por você...

- Eu não fiz mais do que a minha obrigação.

- Sabemos que não é bem por aí. Não precisa de falsa modéstia, Bishop. - Sorriram.

- O que aquele policial faz aqui? Sou suspeita de algum crime? - Maya brincou para aliviar a tensão que já se fazia notada no ambiente.

- Sempre com o seu humor ácido. Isso não mudará nunca.

- Espero que não. - Uma careta de dor fez o homem ficar sobressaltado.

- Teve sorte com seus ferimentos. Todas as balas passaram de raspão. Contundiu o ombro, por isso o imobilizaram. Acredito que o mais grave de tudo foi o corte na perna. Cinco pontos e você nem chorou. É uma guerreira. - Gargalharam.

- Talvez eu seja uma super-heroína com poderes sobrenaturais, ou talvez eu tenha sorte mesmo. - Ela retrucava, ao mesmo tempo em que bocejava. De repente, um lampejo deu-se em sua mente, fazendo-a recordar-se do motivo principal pelo qual estava ali – E Deluca? O que houve?

- Agora está tudo ótimo, apesar dos pesares. Ele teve um corte profundo no pé esquerdo. Perdeu o sapato, acredita? Algumas escoriações e hematomas espalhados pelo corpo, nada preocupante. - Enquanto Sullivan ia falando, o rosto da loira apresentava um rubor indiscreto. Ela sorriu constrangida, fingindo alívio pela resposta errônea de sua pergunta. Não era bem do pai que Bishop gostaria de ter notícias, mas sentia-se contente em saber que o presidente não sofrera maiores danos.

A Filha do Presidente ( adaptação )Onde histórias criam vida. Descubra agora